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Com festival próprio e shows no exterior, Lagum fala sobre volta aos palcos

Embalada por um novo álbum, banda comenta primeira turnê após a pandemia: 'Oportunidade de expandir nosso universo'

Em turnê internacional, Lagum fala sobre desafios da pandemia e volta aos palcos
Em turnê internacional, Lagum fala sobre desafios da pandemia e volta aos palcos -
Após dois anos de pandemia e muitas mudanças, a banda Lagum está de volta aos palcos com toda a energia e disposição que sempre teve. Ao som das músicas do novo álbum, "Memórias (de onde eu nunca fui)", lançado em dezembro de 2021, o grupo vem levantando o público e o astral das cidades por onde passa. Com uma pegada mineira inconfundível, Pedro, Jorge, Chico e Zani encerram sua segunda turnê pela Europa e se preparam para mais um grande passo na carreira: o festival próprio da banda, chamado "A Ilha".
Primeiro, vamos falar um pouco sobre o festival "A Ilha". O que levou vocês a criar um evento próprio, reunindo vários artistas?
Pedro: Criar um festival próprio é uma oportunidade de expandir nosso universo no olhar dos nossos fãs. Já usamos a ilha como um símbolo da banda, no logo, e fazer um festival com esse conceito é uma maneira de abrir a porta desse universo para os fãs. Só fortalece nossa identidade, mostrando quem a gente é, o que a gente ouve e consome.
Vocês pretendem levar o evento para outros estados do Brasil? 
Jorge: Antes de pensar o festival em outros lugares, queremos fazer ele acontecer da melhor forma possível em Belo Horizonte. Depois vamos sentar e pensar em expandir ele para outras cidades, mas, com certeza, é um sonho que a gente tem.
Vocês estão na Europa pra uma turnê internacional. Quais são as expectativas para os shows no exterior?
Jorge: A expectativa é sempre altíssima. Tocar em outro país é um momento muito grande da carreira, que precisa de um grande planejamento. Finalmente estar aqui com tudo isso acontecendo, para a gente, é a realização de um sonho. Tivemos uma excelente primeira passagem pela Europa, com shows esgotados e a galera cantando. A gente espera isso de novo, que o público aumente e que possamos entregar um show ainda melhor. Não vou esconder que sempre dá um frio na barriga de pensar se vai estar cheio, se a galera vai cantar, mas as expectativas são altíssimas e estamos muito felizes em estar aqui pela segunda vez. É sempre a realização de um sonho.
Vocês são uma banda que transmite uma energia muito positiva, especialmente ao vivo. Como é a preparação, antes dos shows, para trazer essa alegria e animação toda para o palco?
Pedro: Antes de entrarmos no palco, nós entoamos um mantra de positividade e fazemos uma oração clássica do teatro, que diz: "Eu seguro sua mão na minha, você segura minha mão na sua, para que juntos possamos fazer aquilo que eu não posso, aquilo que eu não quero e aquilo que eu não vou fazer sozinho".
Qual momento dos shows é o favorito de cada um de vocês?
Zani: Cada show é um show, mas a maioria dos meus momentos favoritos são quando chega na parte de "Eu e minhas paranoias". Nessa hora o pau começa a quebrar mesmo, a turma pula sem parar, a energia fica mais agitada. É quando eu mais me divirto no palco.
Pedro: Meu momento preferido do show é quando a gente toca "Eu e minhas paranoias". No final da música, a gente faz uma parte "hard core", a galera grita, depois a gente espera um tempo, em um silêncio constrangedor, e aí eu grito de novo e vira tudo uma loucura.
Jorge: Com certeza meu momento preferido do show é aquele instante antes de entrar no palco. A gente começa a escutar o que está passando no telão, o grave batendo, as luzes piscando. Aquilo ali, para mim, é o ápice, é uma descarga de energia muito grande quando a gente entra correndo e já começa a tocar "Ninguém me ensinou". Esse pra mim é o momento mais especial.
É linda a forma como vocês trazem e honram o Tio Wilson nas apresentações, nas músicas e na arte de vocês. Como está sendo fazer a primeira turnê sem ele presente fisicamente?
Jorge: Por incrível que pareça, está sendo mais fácil do que eu imaginava. A gente teve um tempo para cada um, internamente e em conjunto, viver isso e absorver. A gente recebe tanto carinho, lembramos de coisas positivas, memórias dele com a gente. A todo momento celebramos ele nas músicas, nos vídeos, nas falas do Pedro. Acho que tudo que poderia vir na forma de saudade, de um peso ou de uma dor, se transforma em uma presença positiva. Não de uma maneira física, mas uma presença espiritual e musical, que só a música consegue trazer.
O álbum "MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)" fala da juventude, de ser você mesmo enquanto descobre seu lugar no mundo. Alguma das músicas foi inspirada em uma história, um momento, uma época específica da vida de vocês?
Pedro: A música "Festa Jovem" é inspirada em um momento clássico da nossa jovem vida adulta. Hoje em dia fazemos menos porque passamos muito tempo na estrada, mas a gente, de fato, fazia uma festa. Cada um convidava amigos de fora, colocávamos músicas aleatórias e nos divertíamos. É uma festa tradicional dos nossos amigos.
Como foi o processo de produzir um álbum durante a pandemia? Quais foram as principais dificuldades e diferenças em relação à produção dos CDs anteriores?
Jorge: O processo de produzir na pandemia é uma coisa que a gente só vai ter noção daqui a alguns anos, quando a gente puder se desvincular um pouco e olhar para trás, sem nenhuma carga. Grande parte das músicas já estavam prontas antes da gente entrar nessa loucura, e outras tantas, o Tio deixou a bateria gravada, tivemos essa sorte e esse presente. Mas com certeza foi muito difícil, muitas vezes tínhamos que nos comunicar à distância com os produtores e, por ser uma banda que depende muito do ao vivo, nossos lançamentos estão muito vinculados à estrada. Quando a gente lança uma música, gostamos de sentir a resposta dela com o público. Gostamos de gerar conteúdo em cima das viagens, dos shows, e ficar desfalcado nessa parte foi muito difícil. A gente lançava uma música e não tinha um parâmetro real de qual era a resposta do público, se ela estava dando certo ou não. Ao mesmo tempo, nunca sabíamos a hora certa de soltar um álbum, quando os shows iriam voltar ou não. Foi um momento muito difícil de produção, mas acho que só vamos ter a dimensão mesmo daqui a alguns anos.
Vocês disseram que várias músicas do "MEMÓRIAS" estavam guardadas há algum tempo. Por que elas vieram para o álbum agora? Qual critério vocês usaram para selecionar o que deveria ou não entrar no CD?
Pedro: Música a gente está sempre fazendo, independente da demanda. Estamos sempre fazendo músicas de acordo com o que a gente está vivendo no momento. No processo de construção do álbum, colocamos todas elas juntas, vimos se fazia sentido, se elas estavam conversando e se dialogavam entre si. 
Por fim, qual música do álbum é a mais especial pra cada um de vocês? Por quê?
Pedro: "NINGUÉM ME ENSINOU". Pelo significado que ela carrega para nós como grupo e pela baita "somzera" que a gente conseguiu arrancar dos nossos instrumentos. Rock n' roll, com guitarras, baixo e bateria.
Jorge: "NÃO VOU FALAR DE AMOR", para mim, é a musica mais especial. Na época, eu estava fazendo aula de guitarra, estudando Jimmy Hendrix e eu consegui aplicar um pouco desses estudos nela. Deu uma sinergia muito legal com o produtor, o Dan Valbuza. Ele pegou uns trechos das guitarras e picotou, montou um solo no final que deu uma coisa bem "Disney", bem trilha sonora. Eu tenho um carinho muito especial por essa música e por essa construção.