Clara Moneke, a Kate de 'Vai na Fé', admite: 'Já curti muito o Baile da Gaiola'

Clara Moneke, de 23 anos, está brilhando em sua estreia em novelas. A atriz dá vida à Kate, em "Vai na Fé", uma jovem de personalidade forte e bem divertida. Ao Meia Hora, a artista, que nasceu em São Paulo, mas foi criada em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, comemora a repercussão de sua personagem, adianta uma reviravolta da filha de Bruna (Carla Cristina Cardoso) no folhetim de Rosane Svartman, conta que também gostava de frequentar baile funk e mais. Confira! 

- Como está sendo interpretar a Kate? Você tem algo em comum com ela? 
A Kate apareceu na minha vida num momento muito bom. Me identifiquei muito com a personagem desde o teste. Assim como eu, ela é extrovertida, positiva, quer o melhor pra vida dela. 

No início fiquei em êxtase, mas depois veio o sentimento de responsabilidade. Porque sei que existem milhares de meninas como a Kate espalhadas por aí. Mas agora estou muito feliz, em paz, relaxada. Acho que estou no caminho certo. As pessoas estão vendo, gostando, se identificando. 

- Kate ama um baile funk, você também? Já frequentou?
Já frequentei, sim. E gosto. Atualmente, não vou mais tanto devido a violência policial. Os bailes estão ficando mais perigosos. Estou namorando, trabalhando muito. Contudo, quando dá curto o baile do Santo Amaro (no Catete). Mas já curti muito o Baile da Gaiola, na Penha (risos). Meus amigos brincam que a Kate é a Clara do passado. 

Kate e Jenifer são como água e vinho, né? E, tenho amigas bem diferentes de mim, sim. Não de ser tão diferentes como as personagens, mas de personalidade mesmo. E hoje em dia sinto isso, porque sou uma mulher preta, era periférica, e atualmente vivo essa realidade de ser amiga de famosos, né? (risos). São realidades muito diferentes. E não imaginava que fosse ser tão bem acolhida. 

Não tenho. A Kate vem me libertando de muitas coisas nesse sentido. Ela não tem pudor com o corpo, ela usa a roupa que ela gosta, se sente bem. Eu, Clara, muitas vezes pensava se usaria o vestido tal preocupada de marcar muito meu corpo, que pode ser sexualizado, e deixava até de usá-lo. Hoje meu pensamento está mudando. A Kate não deixa de usar o short e cropped pra ir à padaria porque vão olhar  pra bunda dela. Brinco que ela é 'puro suco do amor próprio'. Ela não está nem um pouco preocupada com o que as pessoas vão falar e se vão olhar pra ela. Então, tenho aprendido com a Kate nesse sentido. 

A personagem vai ter uma grande virada. O spoiler é esse (risos). A Kate ainda tem muito a mostrar. Ela vai ter muito mais espaço na novela, ela vai mostrar que a vida dá voltas, que a gente cai, mas levanta. Outro aprendizado que tenho tido com a Kate é: ela sempre está sorrindo e tentando ver o lado bom da situação. Ela dá a volta por cima. E essa é muito uma característica das pessoas trabalhadoras, pobres, pretas: elas sempre acreditam no melhor. 

Então, esse que é o perigo dela. Ela tem personalidade, é imponente. Mas a Jenifer sempre lembra ela de como ela é uma manteiga derretida por trás dessa mulher potente. A Kate é sensível, ingênua, imatura, até mesmo pela idade, ela tem 18 anos. Ela acha que vai encontrar esse homem rico, mas o enredo vai mostrar que nem tudo o que tudo o que reluz é ouro.

Eu perdi minha mãe há dois anos, mas nunca fui respondona. A minha mãe nunca me bateu, assim como a Bruna não bate na Kate. Mas a 'língua a gente escuta' (risos). Fui criada pela minha avó, que tem uma vida admirável, trabalhou como empregada doméstica na casa de pessoas ricas... As mulheres ensinavam ela a comer, andar, sentar. Então, sempre tive os melhores ensinamentos. Agora, se Kate fala com a minha avó como fala pra Bruna, ela ia escutar muito. 

- Como está sendo contracenar com tanta gente bacana, Clara?

Um grande aprendizado. Estar na Globo, uma emissora de ponta e rodeada de pessoas talentosas é um privilégio. Sempre admirei a Carla (Cristina), Sheron (Menezzes), o (Luis) Lobianco, o Emilio (Dantas). Nossa, eu nunca pensei que fosse ser tão bem aceita. As pessoas sempre acreditaram muito em mim. 

Nossa, esse filme foi uma coisa muito louca, porque quase não consegui fazer. Não tinha tempo para gravar um teste. Mas consegui fazer. Fiz presencial e saí com a sensação muito boa. O diretor tinha me dito que eu tinha me saído muito bem. Eu interpreto nesse longa a mulher do Claudinho (Lucas Penteado). Essa produção está linda, traz a história real de um dos maiores fenômenos da música, da arte. Não conhecia tão de perto a história deles. E para essa personagem tive mais contato com a época, com a dança, tive preparação de corpo. 

Conheci o D2 quando trabalhava no marketing de uma marca de energético. Quando surgiu essa série ele lembrou de mim pela semelhança com a personagem e me indicou. Ele nem sabia que eu era atriz, que tinha trabalhado com isso, e eu estava trabalhando com marketing nessa época ainda. Mas acabei fazendo o teste e passei. Interpreto uma fotógrafa nesse trabalho. É uma série sobre violência social, mas que vai mostrar um lado muito bonito do jovem negro carioca.