Prestes a completar 60 anos, Xuxa comenta: 'Estou aproveitando todas as fases'

Apresentadora fala sobre seus novos projetos, revela como lida com as críticas e assume que quer ser vovó em breve; confira!

Xuxa Meneghel completa 60 anos nesta segunda-feira
Xuxa Meneghel completa 60 anos nesta segunda-feira -
Rio - Amanhã vai ser uma festa! Xuxa Meneghel completa 60 anos e celebra o novo ciclo com direito a muitas novidades profissionais: tem o documentário sobre sua vida e carreira, o navio temático, a série "Tarã", em que contracena com Angélica, o retorno às telonas e mais. Em entrevista ao Meia Hora, a apresentadora fala sobre seus novos projetos, relembra o encontro com Marlene Mattos após 19 anos, comenta as críticas em relação a sua aparência e admite que está cheia de vontade de ser vovó. Confira!  
- Só se fala nas comemorações dos seus 60 anos. É sua melhor fase, Xuxa?
Não dá pra dizer que é a melhor fase, porque passei por fases maravilhosas na minha vida também, em todos os sentidos. Quando era pequena, eu era feliz e sabia que estava feliz. Quando entrei na Manchete sabia que era feliz, como modelo.. Passei uma fase ótima na televisão, depois quando fui pra Globo, falei: 'pronto, melhor fase'. Depois, veio a Sasha, reencontrei o Ju (Junno) com 50 anos, saí da Globo e fui para Record; tive a oportunidade de fazer um programa que vou guardar no coração, que é o 'Dancing Brasil'. Depois, sai da Record, (agora) estou aprendendo pra caramba com o streaming - Globoplay Disney +, Amazon-, voltando pro cinema. Posso dizer que estou aproveitando todas as fases. Não estou querendo deixar de aproveitar, não. O que tiver de coisa boa pra vir, quero fazer muito.


- Muitos famosos tem falado o quanto você representa pra eles. Você se surpreendeu com o depoimento de alguns deles?
Me surpreendi e me surpreendo diariamente, porque sabia que eu falava as coisas de coração através das minhas músicas, dos filmes, das minhas mensagens, mas eu não sabia que eu conseguia chegar, a ponto de deixar as pessoas mais livres, sonhadoras, decididas. Não tinha e não tenho essa certeza. É, realmente, muito gratificante. É uma honra do tamanho do meu mundo.

- Você faria algo diferente nesses 60 anos ou faria tudo igual?
Claro que faria diferente. Acredito menos em algumas pessoas, que passaram pela minha vida. Algumas pessoas com nome e sobrenome eu gostaria que não estivessem passado pela minha vida. Falaria menos, acreditaria menos. Mandaria essas pessoas embora da minha vida mais rápido, deixaria de falar com elas mais rápido. Elas não mereceram ficar ao lado da minha energia, nem de mim, de terem sugado minha energia de mim, de terem tirado o que tiraram de mim, ter abusado de mim do jeito que abusaram. Abuso de confiança, de poder. Sofri vários tipos de abusos, com várias pessoas diferentes. Claro que eu mudaria.

- Entre as comemorações dos seus 60 anos está o documentário, dirigido por Pedro Bial para o Globoplay, que reúne os fatos mais marcantes de sua vida e carreira. Como foi relembrar todos esses momentos?
Primeiro, sabia que se fosse o Pedro a fazer junto com a equipe dele eu estaria protegida. Não é um documentário feito pra que as pessoas falem: 'vou amar ela daquele jeito'. Ele mostra coisas boas, coisas ruins, coisa que eu fiz de errado, coisas que eu acertei, coisas que as pessoas fizeram de errado comigo, coisas que não sabia e deveria ter sabido. Mostra que fui muito ingênua, boba, burra. Isso é muito bacana. Não é um documentário só: 'Xuxa, eu te amo', 'Você me ama? Também te amo'. É um documentário que mostra que tive muitas falhas e falharam muito comigo. Eu sabia que o Pedro tinha a capacidade de fazer isso e ficar bacana. E está muito bacana. Tem coisas que não sabia, que ouvi pela primeira vez. Tem caixas que foram abertas, que eu não queria que tivessem sido abertas, mas foi importante e está sendo. Ainda não vi o último episódio, mas imagino que vão fechar com chave de ouro. Acredito que vai ser bem legal.

- Foi difícil de certa forma assistir sua história nesses episódios, com a maturidade que você tem hoje? Acha que foi ingênua em muitos momentos?
Fui, não só ingênua. Mas burra. É ingenuidade, misturada com burrice, com falta de maturidade, sensibilidade de outras pessoas, e talvez até da minha, de sentir que as pessoas estavam me enganando. Eu acreditei muito. Não foi fácil, como não é fácil ter que assumir isso pra mim, mas é verdade.

- Nesse documentário, você reencontrou a Marlene após 19 anos e o Boni. O que você sentiu ao vê-los, Xuxa?
A Marlene foram 19 anos trabalhando e 19 anos separadas. Eu gostaria de deixar pras pessoas verem o que senti, porque vai estar na minha cara. E o Boni, puxa vida, sempre me tratou com muito carinho e respeito e continua me tratando assim. As falas dele são cirúrgicas. O que ele fala cabe perfeitamente nas coisas. Parece que ele me faz ver coisas que eu não via. Eu falava: 'será que isso aconteceu comigo?'. E ele me dá certeza que as coisas aconteceram na hora certa, me dá certeza que eu era aquilo, de que a Globo tinha muita força, sempre disse que a Globo me mimou muito, me deu muita força, mas ele assume também que tudo foi tudo uma troca muito bacana. Foi muito incrível.

- O seu navio finalmente vai acontecer após algumas remarcações devido à pandemia. Acaba sendo mais um motivo de festa por isso?
A pandemia, que ainda não terminou 100%, é uma coisa que preocupa algumas pessoas. Tanto é que a gente quer que todos estejam vacinados, para que não aconteça nada de errado com ninguém lá dentro. É, claro, que é um grande motivo pra gente ficar feliz, porque é o primeiro navio temático no Brasil. Existem navios que as pessoas fazem seus shows, tem totens, mas um navio temático, com 60 roupas, com filmes, fotos, exposições de roupas, de prêmios, cantinhos pras pessoas fotografarem e o que eu acho mais bacana é esse cuidado com as pessoas que são veganas. Eles vão fazer opções veganas nos sete restaurantes. Fora os convidados que estão indo, todos eles tem uma história comigo. Está sendo muito bacana. Pra mim, acredito que vai ser um ponto muito diferente. Eles fizeram um trabalho grande, pra eu ficar feliz, bem, sabendo que eu não canto. Não é botar lá um banquinho e eu sento com meu violão e canto. Fizeram um showzaço, a nave está lá. Foi içada pra estar lá. A nave de verdade pousou no navio. Acho que a gente vai conseguir coisas únicas em alto mar.

- Você receberá no navio famosos como Gloria Groove, Daniela Mercury, Claudia Leitte, Junno Andrade, KLB, Sérgio Mallandro, Ana Carolina e Eri Johnson... Como chegou nesses nomes, Xuxa? Foi difícil selecionar esses convidados?
Não. A primeira vez que a Gloria se apresentou foi no Mundo da Imaginação. Daniela a gente tem uma história que ela estourou no Brasil e eu estava na Argentina. Comecei a tocar demais a música dela na Argentina e ela estourou lá. Levei ela pra lá. A Claudinha Leitte, a vontade dela de ser eu abrindo a janela, saindo da nave, se junta com a história dela comigo. O Ju não preciso nem dizer, dava em cima dele desde meus 26 anos de idade e aos 49, 50 anos, a gente se reencontra. É meu companheiro, meu marido, meu namorado, meu amante e não tinha como não estar lá. O KLB carinhosamente me chama de irmãzinha. Minha mãe era apaixonada pelos meninos, principalmente, pelo Leandro. Passávamos férias juntos e tal. Sérgio Mallandro, todo mundo já sabe, cresci com ele. Não tem como não ter stand-up do Sérgio. Eri participou comigo do "Mundo da Imaginação", "TV Xuxa", fez uma série de coisas comigo. Também não teria como não ter o stand-up dele. Ana Carlina, a primeira vez que ela cantou a música "Garganta" foi no "Planeta (Xuxa)". Então, também tem história pra contar comigo. São pessoas que não tem como não estar no navio.
- Além do documentário e do navio, você estrela “Tarã”, uma ficção para o Disney+. Você esteve no Acre para gravar a série, que trará uma história fantasiosa sobre a lenda de um povo que vive na Floresta Amazônica, e que alerta sobre o cuidado com a natureza. Você sempre foi muito engajada com a causa animal e do meio ambiente. Acabou aprendendo muito com esse trabalho?
Muito. Na realidade, a gente ouve muita coisa, vejo através dos documentários, mas ver ali os indígenas falando, que tinham mais ou menos seis aldeias que iriam ser destruídas porque uma estrada ia passar por ali, porque nosso desgoverno aprovou, é dose você ouvir. Saber que nossa Amazônia está sendo destruída por causa da ganância dos homens, saber dos animais mortos, dos pastos que estão sendo feitos para mais animais serem sacrificados, ver o minério sendo explorado, os indígenas não recebendo cuidado nenhum... Esse desgoverno foi a pior coisa que aconteceu pra natureza. E acho que Tarã vem num momento certo. Uma pena que a gente não pode colocar os políticos falando ou estando ali, porque seria muito verdade e nem fantasioso. Mas dá pra entender que a ganância do homem destrói a natureza em grau, número e gênero. Acho que Tarã vai fazer as pessoas refletirem um pouco, mesmo sendo ficção, tem muita verdade.

- Em Tarã, você gravou com a Angélica. É uma delícia pra você poder conciliar a amizade com o trabalho?
A minha vontade era ter trabalhado com a Angélica e a Eliana, nós três juntas. Mas a Eliana pela agenda dela não pode, mesmo a gente diminuindo o papel dela. Então, chamamos outra pessoa pra fazer e guardamos a possibilidade de um dia fazer um trabalho de nós três juntas ainda, porque é a nossa vontade. E eu qualquer coisa que eu tenha que fazer com a Angélica, seja uma foto, jogar um buraco, bater um papo pelo telefone, eu adoro. A gente troca figurinhas do que é bom uma pra outra, uma ajuda a outra, torce pela outra. A Eliana é um pouco afastada dessa nossa conexão, talvez, porque mora em São Paulo. Mas se morasse no Rio talvez estaria mais junto, porque a gente também se gosta um bocado. Agora, estar junto com a Angélica, trabalhar com ela, bater um papo é sempre muito bom.

- Neste ano, você também comanda o reality "Caravana das drags" para o Prime Video, da Amazon, que estreia em abril. O que fez você aceitar esse convite, Xuxa, porque no ano passado você chegou a ser alvo de críticas por parte da comunidade LGBTQIA+ quando seu nome foi citado para comandar a versão brasileira do RuPaul’s Drag Race. 
Quando o Drage Race, do RuPaul's, estava entrando no terceiro episódio eu fui na Globo levar o projeto para o Schroder, que era o diretor geral, artístico, porque estava querendo fazer. Ele achou que não tinha a minha cara e nem a cara da televisão. Aí, eu guardei essa minha vontade, meu desejo, até chegar a Tatiana Issa e a Amanzon com o projeto de conhecer o Brasil, de levar a arte da drag junto com o Brasil com a "Caravana das Drags". E quando me propuseram isso, eu falei: 'vocês estão brincando, né? Eu já tinha vontade de fazer isso lá atrás'. E que bom que eu fiz, que deu pra fazer. 
Agora, há alguns meses as pessoas que queriam fazer o "Drage Race" no Brasil me perguntaram se eu realmente eu já tinha feito a Amazon, porque eles já tinham pensado de novo em mim. Algumas pessoas comunidade LGBTQIA+ não gostaram da ideia, mas é porque as pessoas estão muito fixas na ideia de ter que ser um homem que se transforma em drag. Só que as pessoas não sabem que qualquer um pode ser drag. Acho que isso que a gente tem que aprender, que eu tampouco sabia. Acho que é isso que a gente vai ensinar com a "Caravana das Drags".

- E como é retornar às telonas em "Uma Fada Veio Me Visitar" — adaptação do livro de mesmo nome de Thalita Rebouças. Estava com saudade de fazer filme?
Aceitei fazer o filme primeiro porque é da Thalita, adoro ela, e já quis fazer esse filme lá atrás quando ela me propôs. Eu só teria que me vestir como uma fada, com roupas dos anos 60. Eu falei: 'Ah, não. Tem que ser dos anos 80, com ombreira, bota'. Ela adorou a ideia, mas resolveram fazer com outra pessoa e de outro jeito, porque o diretor quis dessa maneira.
Agora, voltando a possibilidade de fazer um remake, ela me chamou e eu estava no meio dessa confusão de fazer Amazon, Tarã... Demorou duas semanas e eu entrei no filme. Então, esses foram os motivos: primeiro porque eu adoro a Thalita, segundo porque eu adoro a história, terceiro porque é muito bom voltar a fazer qualquer coisa pra criança. É muito bom.

- A gente tem falado muito sobre etarismo e você acaba sendo vítima de comentários em relação à sua aparência. Isso ainda te chateia, Xuxa? É difícil para as pessoas lidarem com seu envelhecimento? E pra você, como tem sido lidar com isso?
Acho que as pessoas tem todo o direito de não gostar de me ver sem maquiagem ou com rugas, mas elas tem que guardar pra elas. Agora, escrever, passar adiante, já é uma falta de respeito. Ninguém tem esse direito. Isso vale pra mim ou pra qualquer outra pessoa, que faz ou não procedimentos no rosto, no corpo, que agrada ou não as pessoas.
Em relação a como eu lido com isso, 60 anos é um número grande. É óbvio que me olho no espelho e não gosto de muita coisa, mas eu me cerco de dermatologistas que gostam de mim, tento fazer coisas que me sinto bem. O fato de eu não fumar, beber, me drogar, comer comida vegana me ajuda bastante. O melhor disso tudo é ter alguém perto de mim, que mesmo eu me olhando no espelho e dizendo que não gosto disso ou aquilo, ele (Junno) olha pra mim e fala: 'para de falar isso, você está uma gostosa'.
Aqui no nosso país dizer que fulano é velho, é como ser descartável. É ser uma pessoa que não vale ou que não pode fazer muita coisa porque envelheceu. Aprendi que existe uma coisa além da palavra velho. Posso me sentir velha com 26 anos, como já me senti, posso estar velha com 60 anos e me sentir com a cabeça de 26 anos, que também já me senti. Posso estar também com meu corpo de 60 anos e a minha maturidade de 60, que também já me senti. E isso é tão bacana e tão importante que nada que venham falar vai tirar a importância disso tudo.
O que eu poderia apenas dizer é que tem muita gente que acha que falando mal de alguém ganha espaço com isso. Tem gente que está no ostracismo, aquele cara que fez sucesso em algum momento da vida e que agora não tem, estou falando isso porque eu conheço algumas pessoas assim: 'Quer ver, vou falar mal da Xuxa que vão dar espaço'. E as pessoas dão. Então, pra essas pessoas, seja falando mal da minha aparência, idade, atos meus, coisas que eu fiz ou deixei de fazer, a única coisa que faço é o seguinte: 'cara, a tua vida não me interessa'. Os problemas dessas pessoas, as mágoas não me interessa. Tenho tanta coisa pra fazer, não tenho mais tempo de ficar lendo, rebatendo, nem dizer: 'tadinha dessa pessoa'.

- Você tem 44 anos de carreira, Xuxa. Esse ano você fez muita coisa profissionalmente. Pensa em se aposentar?
Não. Essa palavra não quero mais usar. Penso em diminuir o meu trabalho. Ao invés de fazer muita coisa, fazer as coisas muito bacanas. Agora, aposentar não. Talvez, com 70 anos, você venha me entrevistar dizendo 'nossa, que bacana esse projeto que você fez'. Vou falar: 'pois é, saí do meu sítio, da minha fazenda, do meu mundinho, e vim fazer esse projeto muito bacana, porque acho que valeu a pena'. Assim me vejo com 70, 80, até o momento em que eu e as pessoas vamos dizer: 'Chega, né? Vou ficar agora mais no meu cantinho, recebendo os louros de tudo o que vivi, curtir mais sendo avó e mais outras coisas'. Mas tenha certeza que mesmo sendo avó, no meu cantinho, se tiver uma coisa bacana pra eu fazer, vou fazer.
- Para brindar essa fase dos 60 anos, seria maravilhoso você ser vovó?
Maravilhoso seria eu já com 50 anos, já com 55, com 60. Mas eu vou deixar a Sasha dizer com que idade ela quer que eu seja avó. Eu já queria ser avó com desde meus 50 anos. Acho que é um número bacana.  Vou deixar a Sasha escolher, mas que eu tenho pressionado ela um pouquinho, eu tenho, porque tenho muita vontade. Ela também tem, mas vai ser no momento certo dos dois. Tanto o João quanto a Sasha falam muito sobre isso e sabem que quero muito isso.