Ele tem apenas 25 anos e já é considerado uma grande aposta da música pop no país. Com letras que quebram tabus sobre a sexualidade masculina e uma potência vocal que impressiona, além de uma verdadeira performance no palco, Thiago Pantaleão tem conquistado uma legião de admiradores. Natural de Vassouras, no interior do Rio, o cantor iniciou a trajetória na igreja, tendo na mãe a principal referência musical. Em entrevista ao Meia Hora, o jovem fala sobre os desafios da carreira e o lançamento de uma versão deluxe de seu álbum, "Fim do Mundo". Confira!
- Thiago, conta para a gente quais as principais novidades desse trabalho e as suas diferenças em relação a primeira versão do álbum?
Sim, a gente vai trazer agora quatro músicas em versões diferentes, para comemorar várias coisas que a gente passou após esse álbum, que falou muito sobre as minhas experiências, é um diário. E acho que nada melhor que comemorar o fim dessa era de um jeito especial e acredito muito que a galera vai curtir, pois faço algo pensando em mim e na galera que me segue, já que conquistei tantas pessoas iguais a mim, com esse trabalho.
- Quando as pessoas, principalmente os LGBTQIA+, veem o teu trabalho existe uma identificação imediata. Como é para você lidar com toda essa admiração dos fãs?
Durante muito tempo eu reprimi várias coisas dentro de mim. Esse álbum foi um processo de autodescoberta e aceitação. Eu cresci numa infância evangélica e, durante muito tempo, pude refletir, mas não exteriorizar isso. Foi um período em que eu não gritava tudo aquilo que eu era, pois esperei ter muito entendimento. E depois que comecei a produção desse álbum, foi um processo de expansão e de conhecer outras versões de mim mesmo. É o que eu sou, várias pessoas são e é normal. Existia uma vontade de ocupar esse espaço, de falar do meu jeitinho, da minha maneira. E isso é o que as pessoas mais elogiam.
- Você considera o álbum uma quebra de tabus?
O que eu percebo é que existe uma série de cantores e artistas que falam abertamente sobre as questões sexuais, mas num relacionamento hétero, de uma forma muito tranquila. E eu trazer isso num relacionamento homoafetivo, trazer a possibilidade da bissexualidade também, é um diferencial que se conecta com as pessoas que estavam carentes por isso. E como para mim é natural, faço de uma forma que essa seja a minha verdade.
- E como é para você o peso dessa responsabilidade?
Para mim é importante que eu cada vez mais conheça, busque e estude, para falar tudo com maior propriedade. Mas é muito natural para mim, pois é a minha vida isso.
- Tem um álbum novo chegando. Quais as novidades que você pode adiantar pra gente?
Eu acho que hoje os artistas estão muito mais versáteis. Eu por agora pretendo expandir, sabe? Ir curtindo e indo em outros lugares que a galera pode pensar que eu não estaria. Quero experimentar algumas coisas e depois disso, já tem um álbum encaminhado, com algumas músicas, algumas coisas em composição. Mas antes pretendo dar um respiro, até para gerar mais expectativa. Assim dá tempo de construir algo mais sólido e pensado. Tenho uma ideia de fazer esse lançamento no fim do ano ou até no início do ano que vem. Estamos amadurecendo a turnê e vamos trabalhar bastante nisso...
- Você tem feito shows e participado de eventos representativos como o Prêmio Multishow. Como está sendo isso para você?
É um misto de medo, ansiedade e alegria todos os dias. Tem coisa que acontece e a gente precisa estar pronto, eu estudo bastante para estar pronto sempre. Sempre fui um entusiasta da música pop e ficava atrás do computador comentando, curtindo, vendo e almejando. Estar agora nesse lugar que consegui, são experiências muito gratificantes enquanto artista. Ver meus pais e minha família orgulhosos é uma conquista que representa muito.
- Você está recebendo muito carinho nas redes sociais. Como está sendo lidar com tudo isso?
Eu tenho aprendido a lidar, mas ao mesmo tempo onde tem muito carinho, tem muita coisa que assusta, sabe? Um lado tenebroso. Hoje o que mais me apego é que a minha música muda a vida de outras pessoas, que faz parte de eventos, casamentos, momentos íntimos da vida de alguém. Recebo mensagens inclusive de gente que saiu de relacionamento tóxico, de depressão... Minha mãe também recebe muita coisa e traz para mim. Esses dias recebemos informações de uma moça que estava muito triste, ouviu a minha música e mandou uma mensagem muito carinhosa falando que a minha arte ajudaram demais no processo dela.
- Quais são os teus sonhos daqui para frente?
Viver de música é um sonho. O principal é conseguir fazer isso através da minha arte, mas também tenho sonhos como o de comprar uma fazendinha para os meus pais, sabe? A gente é muito humilde, gosta de bichos. Eu nasci em Vassouras, no Sul do Rio, e depois me mudei, fui para Paracambi, até chegar ao Rio... E eu sou muito dessa vibe de montanha, natureza, galinhas, tomar um cafézinho com cheiro de grama. Mas também quero conhecer a Rihanna, nem que seja só para dar um 'Hello, i love you'. Ela é minha inspiração de vida!
- Como foi sair do interior e viver uma vida de artista realmente?
É uma virada de chave! Uma mudança muito brusca de realidade, a vida acontece, milhares de pessoas passam, eu estava acostumado com poucas pessoas, capivaras passando pela rua, mais tranquilidade. Mas me ajudou muito vir para o Rio a ter mais foco, viver e aprender muita coisa. Isso para mim é muito importante. Até comer o que se gosta fica mais fácil, na capital tem ifood (risos).
- Qual o recado para seus fãs?
Queria agradecer a todos que estiveram comigo nesse processo inicial. Ainda vão ver meu rostinho em muitos lugares daqui para frente. Amo tudo o que estou fazendo e cada um que esteve perto, foi muito importante para mim! Amo estar perto dos meus fãs e isso é muito gratificante. Posso prometer muita coisa boa e quero que quem esteve comigo até aqui continue. E que eu possa agregar muito na vida de cada um.
