Rio - Amigos e familiares prestaram suas últimas homenagens às cantoras Leny Andrade e Doris Monteiro, nesta terça-feira, no Theatro Municipal do Rio. O velório das duas, que morreram na segunda, começou às 10h e terminou no início da tarde, às 13h30. Os corpos das cantoras deixaram o local sob aplausos. Entre os amigos das artistas, Eliana Pittman e Lucinha Lins estiveram na cerimônia.
Conhecida como diva do jazz brasileiro, Leny morreu aos 80 anos, vítima de uma pneumonia e broncopatia inflamatória. Após a cerimônia, o corpo da artista, que estava internada no Hospital de Clínicas de Jacarepaguá desde junho, seguirá para o Memorial do Carmo, no Caju, onde será velado das 14h às 16h.
Já Doris Monteiro, considerada uma das percursoras da Bossa Nova, morreu em casa, aos 88 anos, de causas naturais. Após o velório no Theatro Municipal, o corpo da cantora será cremado no Crematório do Catumbi, em um cerimonial fechado para os familiares.
Diva do Jazz Brasileiro
A carioca Leny Andrade foi um dos grandes nomes da música brasileira e tem 34 álbuns lançados entre 1961 e 2018, entre eles "A Sensação", de 1961, e "Estamos aí", de 1965. Sua última música foi gravada em 2022, em parceria com o pianista Gilson Peranzzetta, para festejar seus 80 anos.
A artista era amiga de Tony Bennet, que morreu na última sexta-feira. Leny se orgulhava de ser a intérprete de canções de compositores como Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), Djavan, Ivan Lins e Roberto Menescal, entre outros.
A veterana ganhou o Grammy Latino em 2007 juntamente com Cesár Camargo Mariano e foi considerada pelo jornal New York Times como “um misto de Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald da bossa nova”.
Precursora da Bossa Nova
Contratada pela Rádio Tupi, aos 16 anos a artista se apresentava no Copacabana Palace, com a mãe ao lado, por ainda ser menor de idade. Em 1951, foi convidada para gravar seu primeiro disco.
O jornalista e pesquisador da Música Popular Brasileira, Ricardo Cravo Albin, lamentou a morte da cantora. "A perda de Doris é lamentável para a música brasileira, ela era uma grande artista. Ela fazia parte de uma leva de cantoras que faziam sucesso no disco, na rádio e na televisão", disse ele ao DIA.
Durante sua carreira, Doris gravou canções de grandes compositores, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dolores Duran, Billy Blanco, Chico Buarque, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Entre seus sucessos, estão as faixas "Mocinho Bonito", "Dó-Ré-Mi" e "É Isso Aí".
A artista também se aventurou na carreira de atriz, e consolidou seu trabalho em atuações no cinema, em filmes como "Agulha no Palheiro", "A Carrocinha" e "De Vento em Popa".
O jornalista e escritor Rodrigo Faour também lamentou a perda, e fez publicação uma publicação no Instagram para Doris e Leny Andrade, cantora que também veio a falecer nesta segunda-feira. "Duas cantoras modernas, duas estilistas da canção, duas amigas que se vão. Carreiras longevas. Ambas começaram adolescentes e renovaram a música moderna brasileira. Até um dia!", escreveu ele.
Com mais de 15 discos gravados, Doris Monteiro se tornou uma das vozes femininas mais consolidadas no Brasil. Em 2020, a cantora chegou a se encontrar com Claudette Soares e a Eliana Pittman para gravar em estúdio um disco com o registro do show "As divas do sambalanço", apresentado pelo trio ao longo de 2019.