Rio - Regina Casé, Babu Santana e MC Doca celebraram o legado deixado por MC Marcinho, que morreu no último sábado, aos 45 anos, em decorrência da falência múltipla de órgãos. Neste domingo, os artistas participaram de uma homenagem do "Fantástico", na TV Globo, ao funkeiro. A atriz relembrou como conheceu o cantor e falou sobre o sucesso das músicas românticas do Príncipe do Funk.
"Eu acho que eu conheci o Marcinho já de baile mesmo, aquelas caravanas de baile com o Marlboro. Quantas pessoas casaram por causa de uma música do Marcinho? Quantas pessoas se separaram com uma música e ficaram chorando? E quantas pessoas voltaram num namoro, um casamento com as músicas do Marcinho? Então, esses filhos e esses netos, de todo esse amor e esse romance que ele espalhou. É uma herança gigantesca", afirmou a apresentadora.
Tido como inspiração por Marcinho, MC Doca enfatizou as contribuições do dono de hits como "Glamourosa" e "Solitário" para o funk carioca. "O Marcinho, para mim, assim, era uma referência muito grande no mundo do funk. E a gente era amigo, de verdade", contou o artista. Recentemente, a faixa "Garota Nota 100" ganhou ainda mais destaque ao ser incluída na trilha sonora da novela "Vai na Fé", chegando a ganhar uma versão cantada por Ludmilla.
Em junho do ano passado, o cantor se juntou ao ator e ex-BBB Babu Santana no single "Salve Favela" e o famoso contou como surgiu a parceria com o "Roberto Carlos do Funk", como definia Marcinho. "Pra mim ele é rei. Eu fiquei sem voz quando encontrei o Marcinho. E a gente começou a conversar e trocar ideia. Ele tinha acabado de sair de uma internação. E ele veio, foi lá em casa, comemos um churrasco, trocamos ideia. E logo em seguida nós fomos gravar", disse.
"Sabe o que me chama a atenção com o Marcinho? Numa época que a gente queria dançar, pular, ele vinha falar de amor. Eu acho que isso é o que destaca o Marcinho dentro do gênero, né, cara? Sempre, ele nunca abandonou", completou Babu.
O programa ainda relembrou as mortes precoces de MC Kátia, no último dia 13, MC Sapão, em 2019, e MC Catra, em 2018, todos antes de chegar aos 50 anos. Babu chamou a atenção para o papel do governo em prevenir as mortes de jovens negros: "Você vai chegar em jovem periférico e, às vezes, ele não vai nem se preocupar em ver como está a saúde dele. Eu lembro que a gente se machucava e passava qualquer coisa. Então, a ausência do Estado implica muito nisso", declarou o ator de "Amor Perfeito".
Regina e Doca também fizeram questão de criticar a desvalorização do funk como cultura nacional e de artistas como MC Marcinho. "O que eu acho importante é não prender o Marcinho só no funk. O Marcinho carrega com ele toda uma produção da cultura da gente como ele, da gente preta, de favela, que está sempre no outro lugar da 'cultura popular'. Acho isso mais uma injustiça que a desigualdade desse país provoca", comentou Casé.
"O funk tá em todo lugar, as pessoas usam as nossas batidas, cantam nossas músicas, mas por que o MC não pode estar nos lugares?", questionou Doca. "Nas festas de prefeitura, nos melhores eventos, a nossas músicas tocas, mas as pessoas não convidam a gente. Parece que a gente tem que tirar o rótulo de 'MC' pra poder ser artista", lamentou o funkeiro.
Portador de cardiopatia e doença renal crônica, MC Marcinho estava internado desde o dia 27 de junho e sofreu uma parada cardiorrespiratória em 11 de julho. O funkeiro foi diagnosticado com uma infecção generalizada e teve uma piora em seu quadro de saúde desde a última segunda-feira. O artista havia passado por uma cirurgia para implante de um coração artificial e aguardava pelo transplante do órgão real, mas foi retirado da fila por não ter condições de ser submetido ao procedimento.
Amigos, familiares e fãs deram o último adeus ao cantor em velório no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio, neste domingo (27). A cerimônia de despedida do MC foi aberta ao público 10h às 13h, mas depois se tornou reservada aos familiares e amigos e, em seguida, o corpo do artista foi cremado.
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