Clayton Nascimento festeja estreia na TV em 'Fuzuê': 'Fruto de muito estudo e esforço familiar'

Revelação do teatro, intérprete do personagem Caíto na novela das 19h reflete sobre novo desafio depois de ser chamado de 'fenômeno' por Fernanda Montenegro

Clayton Nascimento dá vida ao Caíto da novela 'Fuzuê', após sucesso com monólogo sobre racismo
Clayton Nascimento dá vida ao Caíto da novela 'Fuzuê', após sucesso com monólogo sobre racismo -
Rio - Clayton Nascimento, de 35 anos, é um "fenômeno", como bem definiu ninguém menos que Fernanda Montenegro, depois de assistir ao monólogo "Macacos", escrito, dirigido e estrelado pelo ator. Criado na comunidade de Divinéia, na Zona Norte de São Paulo, o artista vive um novo desafio ao estrear na TV com o papel de Caíto, em "Fuzuê", da TV Globo, prestando homenagem a personagens marcantes das novelas, como as gêmeas Ruth e Raquel, de "Mulheres de Areia" (1993). Após vencer o troféu da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e o Prêmio Shell, dois dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro, com um espetáculo que escancara o racismo estrutural no país, Clayton relembra a jornada, fala da atual conquista e exalta o apoio da família. Confira!   
Como está sendo se ver na TV após a estreia de "Fuzuê"?
Poxa, minha primeira novela, né? É tão diferente se ver na TV, eu adorei! Me senti mais jovem (risos). Gostei de estar ao lado de atores muito bacanas, um texto bom, podendo me divertir com personagens de novelas que já passaram pela TV, que estão no imaginário do povo brasileiro. É bom demais.
Como foi a resposta da sua família depois que recebeu o convite da Globo?
É fruto de muito estudo e de todo um esforço familiar para que um filho pudesse ter a chance de estudar o que gostasse. Então, eu estou recebendo mensagens dos familiares do sertão do Piauí, do interior de São Paulo, dos grandes centros de São Paulo... É o poder da TV, que, de uma vez só, eu estou na casa do povo brasileiro. Isso é muito bonito e muito significante. E o que eu acho mais marcante, também, é a possibilidade do povo brasileiro poder ver pessoas parecidas com eles na TV. Que alegria que seja eu e muitos outros colegas de elenco.
Fale mais sobre o seu personagem. Quem é o Caíto?
Caíto Figueroa Roitman é um jovem costureiro da Lapa que só tem o sonho de poder expressar suas identidades. E ele faz isso a partir das personagens da novela que ele sempre assistiu. O que a gente encontra agora não é exatamente a Ruth e a Raquel da Gloria Pires. A gente encontra a Ruth e a Raquel de um jovem garoto periférico, que assistiu isso na TV e que transformou em drag o que ele entendeu disso. É muito divertido poder homenagear tantos personagens que eu mesmo assisti na TV. Isso é muito honroso, é muito bonito. Eu estou bem grato por isso.
Como é a sua relação com as novelas? Guarda algum personagem com carinho?
Eu sou criança periférica e, na periferia, o que a gente tem é a TV. E minha mãe foi uma mulher noveleira. Eu vi muita novela e eu lembro sempre da minha mãe dizendo 'Ó, essa é a Neusa Borges, uma grande atriz brasileira'. Eu cresci com a minha mãe dizendo o nome e sobrenome das atrizes. Ela gostava que eu soubesse disso. E tem muitos personagens que eu guardo no coração. Eu lembro até hoje quando eu vi, pela primeira vez, 'Mulheres de Areia', na primeira reprise, há alguns anos. E eu me apaixonei pela narrativa e pela Gloria Pires, antes de ser Caíto. Eu tenho pra mim, que as maiores que temos estão entre Gloria Pires, Lilia Cabral, Neusa Borges, Zezé Motta e Adriana Esteves.
Você vem de São Paulo. O tem achado de interpretar um carioca? Foi fácil pegar o sotaque e trejeitos?
Eu gosto muito do povo carioca. Aliás, o Rio de Janeiro acolheu muito o meu trabalho, desde o teatro e agora na TV. O Caíto realmente é carioquíssimo, ele é do centro do Rio. Eu fui considerado pela fonoaudióloga aqui do canal como 'sotaque neutro', porque eu consigo dar uma transitada. E eu adoro a Lapa, vejo vários 'Caítos' andando por lá.
É um lugar que você costuma frequentar?
Toda vez que eu acabava uma apresentação de 'Macacos', a gente ia jantar na Lapa. E eu já aproveitava, quando a novela estava prestes a começar, e ficava olhando onde é que tinha um Caíto. O que eu acho mais legal da Lapa é a grande diversidade que tem. Tem jovens gays, como o Caíto, pessoas trans, pessoas hétero, tá todo mundo junto ali. O que eu mais gosto é a liberdade daquele lugar. Você entra num bar, está tendo um show com as drag queens. Você entra no outro, tem sertanejo; no outro, techno. Eu acho isso muito legal, é uma grande celebração à diversidade.
Após o sucesso nos palcos, como você lida com a repercussão de "Fuzuê"?
Eu não sabia que nada disso ia acontecer. Eu só queria ter feito teatro, não sabia que a Fernanda Montenegro ia me assistir. Ter feito o monólogo me ensinou uma coisa: a fracassar como ator. Fazer monólogo te ensina a aceitar o seu pequeno grande estado de ser humano. Porque vai ter dia que você está bom, tem dia que você está fraco. Acho que isso me deu tutano pra chegar aqui pra trabalhar. É claro que eu (penso): 'Será que eu vou conseguir fazer dar certo como eu consegui no teatro?' Mas, na TV, não está tanto nas minhas mãos. É claro que me gera uma expectativa por ser a minha primeira novela, mas eu fico muito tranquilo porque eu aprendi que vão ter projetos que a gente vai dar certo, e projetos que a gente não vai. Isso é uma maturidade que o monólogo te dá: tudo bem, a gente vai acertar, a gente vai errar e a vida segue.
Clayton Nascimento recebeu Fernanda Montenegro em uma das sessões do monólogo 'Macacos'
Clayton Nascimento recebeu Fernanda Montenegro em uma das sessões do monólogo 'Macacos' Reprodução/Instagram
Clayton Nascimento recebeu Fernanda Montenegro em uma das sessões do monólogo 'Macacos'
Clayton Nascimento recebeu Fernanda Montenegro em uma das sessões do monólogo 'Macacos' Reprodução/Instagram
Luna (Giovana Cordeiro), Lampião (Ary Fontoura), Caíto (Clayton Nascimento) e Soraya (Heslaine Vieira)
Luna (Giovana Cordeiro), Lampião (Ary Fontoura), Caíto (Clayton Nascimento) e Soraya (Heslaine Vieira) fotos Globo/Fábio Rocha
Clayton Nascimento dá vida ao Caíto da novela 'Fuzuê', após sucesso com monólogo sobre racismo
Clayton Nascimento dá vida ao Caíto da novela 'Fuzuê', após sucesso com monólogo sobre racismo Globo/João Miguel Júnior
Clayton Nascimento estreou na TV aberta como o Caíto da novela 'Fuzuê'
Clayton Nascimento estreou na TV aberta como o Caíto da novela 'Fuzuê' Globo/Manoella Mello
Clayton Nascimento estreou na TV aberta como o Caíto da novela 'Fuzuê'
Clayton Nascimento estreou na TV aberta como o Caíto da novela 'Fuzuê' Globo/Manoella Mello
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro Divulgação/Mariana Ricci
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro Divulgação/Mariana Ricci
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro Divulgação/Mariana Ricci
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro
Clayton Nascimento em cena do monólogo 'Macacos', sucesso no teatro brasileiro Divulgação/Bob Sousa

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