Vídeo! Humoristas defendem Leo Lins após condenação por piadas contra minorias

Comediantes dizem que sentença fere liberdade artística

Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses
Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses -
Humoristas saíram em defesa de Leo Lins, condenado a oito anos e três meses de prisão por falas consideradas preconceituosas em um show publicado no YouTube. Os comediantes opinaram que a sentença um "absurdo" e avaliaram que ela fere as liberdades de expressão e artística.
Maurício Meirelles publicou uma reflexão afirmando que "ninguém deve ser preso pela sua arte" e opinou que "estão prendendo comediantes por contar piada". "Quer saber? Vou parar de fazer piada e entrar pro Comando Vermelho", ironizou, em publicação no X, antigo Twitter.
O comediante Antonio Tabet, um dos criadores do canal Porta dos Fundos, também se posicionou a favor de Leo. "Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida", escreveu.
Já o apresentador Danilo Gentili reservou um tempo do seu programa, "The Noite", do SBT, para comentar a decisão da Justiça. "Qual foi o crime do comediante Leo Lins? Contar piadas em um show de humor. Esse show foi posteriormente postado no YouTube e, ao que tudo indica, isso foi um crime. Em um país em que o INSS é usado para fraudar velhinhos à força, a Justiça puniu um comediante por contar piadas em um ambiente criado para isso, soa uma piada de mau gosto."
"Todos que expressam uma opinião, seja no teatro, na poesia, na música, na ficção, em um livro, ou em forma de uma piada, todos podem ser criticados, questionados e até acionados em processos civis. Agora, o que não podem em hipótese alguma é serem presos ou alvo de censura", ponderou.
Quem também criticou a sentença foi o humorista Renato Albani. "É um absurdo a gente estar aqui falando sobre isso, principalmente em um país como o Brasil, onde tem todos os problemas do mundo acontecendo. Nisso aqui, está sendo julgado um comediante por fazer piada no palco, que é o trabalho dele. 'Ah, não concordo com as piadas', 'acho elas pesadas', tudo bem, é um direito seu. Mas você proibir que elas sejam feitas? É um julgamento muito raso. Quem pode dizer o que é arte ou não?", opinou.
O ator e apresentador de stand-up Fábio Rabin tentou mandar uma mensagem às pessoas que foram favoráveis à decisão. "No ano 2000, eu lembro que um amigo meu me mandou uma piada nazista. Eu nem sonhava em ser comediante, fiquei p*** e xinguei o cara de tudo quanto é nome. Aquilo abalou nossa amizade. Até hoje, não temos a mesma coisa porque realmente brigamos. Hoje, eu jamais faria o que eu fiz no passado porque eu analiso a piada, a técnica", explicou.
Por outro lado, a comediante Bruna Braga, que atua no seriado "No Corre", do Multishow, foi favorável à condenação. "Racismo é crime. Comediante foi racista, vai ser preso, a gente tem que ser contra?", opinou.
Condenação
O motivo da condenação, divulgada na última sexta-feira (30), foi a publicação, no canal do YouTube do Leo Lins, de um vídeo contendo discursos considerados de ódio contra várias minorias.
No vídeo, que alcançou mais de 3 milhões de visualizações e foi gravado durante um show de stand-up, o humorista fez comentários que foram classificados como ofensivos e preconceituosos contra negros, pessoas com deficiência, soropositivos, homossexuais, nordestinos, judeus, indígenas, idosos, evangélicos, obesos, entre outros grupos.
Além da prisão, Lins ainda terá que pagar uma multa correspondente ao valor de 1.170 salários mínimos, referentes ao ano de 2022, cerca de R$ 1,4 milhão, e ainda danos morais coletivos de R$ 303,6 mil.
A sentença destaca que o teor discriminatório das falas foi agravado pelo cenário em que foram feitas: um show de comédia no qual o humorista ignorou as possíveis repercussões. Inclusive, durante o próprio show, ele reconheceu que suas piadas poderiam resultar em processos judiciais.
"O humor não pode ser usado como escudo para disseminar preconceito", disse o juiz responsável pelo caso em um trecho da sentença. "O exercício da liberdade de expressão não é ilimitado e deve respeitar os princípios da dignidade humana e da igualdade."
Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses
Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses Reprodução / YouTube
Maurício Meirelles, em show publicado em 2023
Maurício Meirelles, em show publicado em 2023 Reprodução / YouTube
Renato Albani é comediante
Renato Albani é comediante Reprodução / Instagram
Danilo Gentili é apresentador do programa 'The Noite', do SBT
Danilo Gentili é apresentador do programa 'The Noite', do SBT Reprodução / Internet