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'Toda mulher se identifica com Eva', acredita Juliana Boller

Atriz viverá a esposa de Adão, em Gênesis, da Record, que estreia dia 19 de janeiro

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Juliana Boller vai pintar na telinha da Record TV, a partir do dia 19 de janeiro. É que ela dará vida a Eva, em Gênesis. À coluna, ela fala sobre a preparação para a personagem, conta como foi usar pouca roupa na gravação e adianta seus planos para este ano. Confira a entrevista!  
- Como foi sua preparação para interpretar a Eva, Juliana?
Foi a preparação mais intensa que eu vivi, sem sombra de dúvidas. Eu e o Carlo (Porto) fizemos uma preparação com a Fernanda Guimarães, durante dois meses. Nosso cronograma era bem puxado. Então, foi uma vivência bem profunda. A gente pode vivenciar todas as cenas antes de entrar no set pra gravação. E isso foi muito útil porque agilizou o tempo de gravação. Porque a gente já estava familiarizado com as cenas, emissões, com o desenho da cena.

- Vi que vocês vivenciaram coisas do tipo: fazer fogueira, cozinhar e manusear o barro. Como foi? Se saiu bem?
Foi muito interessante. A direção de arte possibilitou que a gente tivesse contato com esses objetos de arte antes do set de gravação. O que também foi muito útil, pra gente criar familiaridade com os objetos, poder criar sons pra cena. Aprendemos  muitas coisas. Desde comida: como fazer pão, assar os legumes sem queimá-los. Como fazer utensílios: lanças, facas. Quais eram os materiais que eles usavam, como ossos, madeira, couro... não tinha o metal ainda. Foi muito importante também esse contato. 
Juliana Boller -


- Qual a expectativa para a estreia da novela?
Vai ser uma super produção. A expectativa vai ser grande, até porque teve uma pandemia nesse meio tempo. O que a gente até conseguiu aproveitar bem para os recursos de pós-produção. Ela é grande, porque foi um trabalho muito intenso. Muita entrega da parte de todo mundo. A gente criou uma família mesmo durante as gravações. E quando a gente viaja trabalhando parece que a equipe se une mais. Tem todas as questões da gente gravar a maior parte das cenas em externas, em parques ecológicos, no meio da floresta. A gente foi muito feliz e se divertiu muito. Espero que o público consiga sentir toda essa força de união para fazer um lindo trabalho para todo mundo. Acho que vai chegar em todo mundo, sim.

- A Eva é a primeira mulher. Tem um peso diferente pra você interpretar esse papel?
Com certeza. É uma responsabilidade muito grande. Primeiro, que a gente se uniu muito, estudou muito, para abolir um pouco essa culpa da Eva. Fazer com que a culpa fosse do casal em si, das escolhas daqueles seres humanos. Isso foi muito importante. Tirar das costas do feminino a responsabilidade pela dor do mundo, pela maldade do mundo. Isso é muito legal da empresa, de querer transformar essa visão. Fora isso, a outra responsabilidade é que a gente não tinha nenhuma referência do pós-Éden, de Adão e Eva. A gente não conseguiu encontrar nada em audiovisual que a gente pudesse ter alguma referência. É uma responsabilidade grande mostrar o que ainda não foi filmado. Apesar de que, isso também dá uma liberdade enorme. Eu espero que seja muito produtivo, que as pessoas sejam felizes assistindo.

- Você se identifica com a personagem?
Acho que toda mulher se identifica com Eva em algum lugar. Acho que realmente essa responsabilidade que colocaram em cima da mulher, de ter trazido as maldades pro mundo, não só nesse mito de Adão e Eva, mas também em vários outros que a mulher carrega isso. Acho que a gente sempre se identifica com esse arquétipo feminino que sofreu penalidades por causa de suas escolhas humanas, talvez não tão benéficas, mas de suma importância pra um aprendizado e evolução humana. Então, todo mundo se identifica. Todo mundo vai se identificar um pouquinho com Adão, com Eva. Espero que transforme as pessoas de alguma forma essa história.

- E como tem sido a questão do figurino, Juliana? Imagino que você tenha precisado gravar com pouca roupa ou sem nenhuma.
Do meio para o final da preparação a gente (ela e o Carlo) começou a usar um shortinho cor da pele e um top, no meu caso. Até para se familiarizar com essa ausência de figurino. O que foi muito legal porque quando a gente chegou no set, a gente já não tinha mais aquela vergonha de estar vestido daquele jeito, né? Tirando o frio, que muitas vezes eram em cenas que tinham água (de chuva, cachoeira), e alguns insetos em alguns momentos por estar no meio do mato. Mas nada que um repelente não desse conta, né? (risos). Então, foi bem tranquilo assim na maior parte do tempo, tirando essas partes de natureza (risos).

- O que faz depois das gravações para conseguir sair da personagem?
É um trabalho realmente de foco. A gente nem sempre consegue ter esse distanciamento. As vezes, a gente se mistura, se embola. As vezes a gente esquece da gente e só pensa na personagem. O que também não é saudável. Confesso que eu me entreguei tanto para essa personagem que eu em alguns momentos deixava de me dar atenção. Mas faz parte do processo, do aprendizado. Acho que a meditação ajuda muito, fazer uma atividade física também é uma boa saída. Ou se distrair com algo que você goste, assistir um filme, fazer alguma atividade prazerosa. Acho que tudo isso ajuda a gente a esquecer um pouco a personagem e voltar a si.
Juliana Boller como Eva, em Gênesis - EDU MORAES/ RECORD TV


- As primeiras cenas da novela foram gravadas no Rio Grande do Sul. Como foram? 
Umas foram no Rio Grande do Sul e a outras no Paraná. Lugares lindos. A gente pode conhecer parques municipais, lugares onde a natureza é bem gritante. Então, foi um privilégio estar nesses lugares, onde a natureza era selvagem e bem presente. A conexão foi muito forte devido esses cenários.

- A Eva traz uma bandeira do feminismo.  Ela é uma mulher bem forte. Você também se considera feminista?
Sim, ela traz uma bandeira do feminismo. Através de cada situação machista e opressora que ela vai passar na trama vai estar ali implícita uma bandeira bem grande do feminismo. Acho que é muito importante o espectador assistir esse tipo de cena. É muito comum ainda, infelizmente, hoje em dia, muitas mulheres passarem por situações agressivas, opressoras e machistas. Acho que foi uma escolha também da emissora mostrar esse tipo de atitudes que não cabem na nossa sociedade e que através de um olhar empático e uma aproximação daquela personagem, o espectador possa se transformar e refletir sobre seus atos. E, sim, sou feminista. Acho que nós ainda temos que lutar pela igualdade, pelo direito de escolha. Os espectadores vão ver que bons ares estão vindo e que essa nossa voz está cada vez mais forte pra gente conseguir finalmente um equilíbrio social.

- Como está sendo contracenar com o Carlo Porto?
O Carlo é uma pessoa muito querida, doce, pró- feminista. Inclusive, eu e a Fernanda (preparadora deles)  tínhamos que puxar dele muitas vezes atitudes agressivas que o Adão precisava. Uma raiva e sentimentos de agressão, que ele tinha uma dificuldade enorme de lidar. A gente ensaiava algumas cenas e ele no final dizia: 'porque ele faz isso com ela?', 'não é justo'. Ele é realmente uma pessoa muito doce. A gente trocou muito. Foi muito importante pra gente ter esse contato antes de gravar e foi muito enriquecedora essa troca.

- A estreia de uma novela bíblica em meio à pandemia acaba sendo um afago no coração. É uma forma de pensar na própria vida, nas escolhas que fazemos... Acha que esse vai ser um dos motivos para ela agradar?
Acho que além das pessoas estarem mais ávidas a um novo conteúdo na televisão, acho que a história que a gente conta é uma história de amor,  de família, de superação, de união. Traz realmente muitas lições inspiradoras pras pessoas. Eu espero realmente que esse trabalho venha a transformar muita gente.
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- Pelo visto, 2021 começou muito bem pra você. Quais são seus planos pessoais e profissionais para esse ano?
Falando de um momento presente, meu plano é divulgação da novela, esperar por essa estreia tão linda e poder ver o trabalho no ar. Eu estou muito curiosa pra ver como vai ficar. Fora isso, a gente está vivendo um momento de muita incerteza, né? A gente não pode afirmar nada, se vai voltar a trabalhar, se não vai. O nível de contágio está subindo, infelizmente. A gente tem que ficar muito alerta. Desejo trabalhar em breve, mas com certeza com muita segurança. A vida é muito preciosa.
Juliana Boller
Juliana Boller como Eva, em Gênesis EDU MORAES/ RECORD TV