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'Sensação de vazio avassaladora', diz Raissa de Oliveira sobre o cancelamento do Carnaval

Rainha de bateria da Beija-Flor de Nilópolis, ela desfila pela agremiação há 18 anos

Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor -
Rainha de bateria da Beija-Flor de Nilópolis, Raissa de Oliveira não vai pisar na Marquês de Sapucaí após 18 anos. Com o cancelamento do Carnaval, devido a pandemia do novo coronavírus, ela vai curtir a festa de outra maneira: com um churrasquinho em casa. À coluna, a jornalista ainda fala sobre sua relação com os integrantes da escola, revela suas expectativas para o Carnaval do ano que vem e abre o jogo sobre casamento e maternidade. Confira!
 Após 18 anos desfilando na Sapucaí, como está sendo pra você não poder pisar na Avenida este ano?
É estranho! Uma sensação de vazio avassaladora. Eu nunca imaginei que um vírus pudesse parar o mundo e causar tantos danos, perdas, sofrimentos. Tenho orado bastante para me manter em equilíbrio espiritual e mental, não foi só os profissionais do Carnaval que perderam, o mundo parou. E toda esta situação me fez rever um monte de coisas na minha vida pessoal e profissional.

O que mais você vai sentir falta neste carnaval já que não tem desfile, bloco, festa...?
Eu sinto falta do calor humano, de abraçar as pessoas, sambar junto. Eu gosto de gente. E carnaval é sempre momento de alegria, de esquecer as dores, os problemas e brincar.

Tem algo que você nunca pode fazer no carnaval, por causa de sua agenda de ensaios, desfiles, e que vai conseguir fazer este ano? Dentro das limitações da pandemia, claro.
Carnaval eu paro muito pouco em casa, não consigo dormir cedo e nem por muitas horas, não consigo fazer viagem em família. A rotina é bem puxada e eu tento sempre conciliar tudo com os horários da minha filha, cuido da casa, do marido, sou proprietária de uma academia, tenho a ONG Raydi onde assisto crianças, jovens e idosos, por tudo isto eu não paro. Este Carnaval eu vou ficar em casa, em Nilópolis mesmo. Vou curtir a minha filha, meu marido, nossa diversão será em casa em total segurança, acho que ainda não é o momento de exposição.

Você sempre teve um contato muito direto com todos da Beija-Flor, né? Como está sua relação com os integrantes? Vocês tem se falado, se aconselhado e se consolando, né?
Sempre digo que a Beija- Flor é a extensão da minha casa, minha família. Tudo que eu tenho e sou eu devo ao seu Anízio Abrahao David, eu devo a Beija-Flor. Minha relação com todos ali é de respeito, de carinho e amor, eles me viram criança, então eu sinto que eles estão sempre ali cuidando de mim e me protegendo de alguma forma. É estranho não estarmos juntos, mas a comunicação com todos eles segue firme. Ou falamos pelo celular ou pelas redes sociais ou nos encontramos pelas ruas de Nilópolis, na feira de domingo na Mirandela (mesmo que rápido, damos um oi). Cada um reagiu de uma forma a esta pandemia, e claro precisamos conversar, explicar, interagir com algumas pessoas, justamente para não permitir que as mesmas tivessem depressão, síndrome do pânico, crise de ansiedade. A Escola de uma maneira geral não nos desamparou e o nosso presidente conselheiro, Gabriel David tem sido a voz do povo do samba. Ele vem buscando junto as autoridades trazer soluções que beneficiam os profissionais que dependem do Carnaval para viver. Tal atitude nos deixa mais aliviados.

Você tem esperança que todos sejam vacinados e que o Carnaval ano que vem seja ainda mais lindo que o dos outros anos? Porque imagino que vocês do Carnaval vão desfilar com sangue nos olhos depois de toda essa pausa por conta da pandemia...
O próximo carnaval será muito emocionante, eu não tenho dúvidas. A Beija-Flor vai apresentar um grande espetáculo na Sapucaí com o enredo "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija_Flor”. Um enredo rico, cultural, atual e que nos fará refletir bastante sobre o nosso povo. Nosso vice-presidente, o Almir, a direção da Escola, demais segmentos e a comunidade estão empenhados em trazer o título para Nilópolis. Queremos repetir o carnaval histórico de 2018, onde todo mundo cantou o samba e ficou arrepiado com um enredo tão forte,atual e reflexivo. 
Como pretende curtir o Carnaval este ano, já que o feriado existe? Vai rolar bailinho de carnaval na sua casa para você, seu marido e sua filha? 
Vai rolar um churrasquinho em casa, minha filha fantasiada, maridão curtindo cada momento em família conosco. Mas nada de aglomeração, é só a gente mesmo.

Você se reinventou na pandemia. Fez várias lives super legais, colocou sua experiência como jornalista 'pra jogo'. Não pensa em voltar a fazer mais conteúdos parecidos ou até mesmo criar um canal no Youtube?
Eu amei fazer o Papo de Rainha. Foi a forma que eu encontrei de me manter conectada com as pessoas, de levar informação e alegria para todos neste momento tão delicado. Muita gente me pede para dar continuidade ao Papo de Rainha, eu amei fazer, fomos pautas de diversões veículos de comunicação, todos os convidados eram especiais demais. Agora estou totalmente focada na política, estou estudando sobre, lendo, assistindo documentários, meu marido tem sido fundamental neste processo por já ter sido secretário de governo por duas vezes, ele tem experiência e as divide comigo. O desejo de ajudar mais e mais pessoas ainda está muito latente em mim.

Quem você mais curtiu entrevistar? E quem você ainda tem vontade de bater um papo bacana?
Seria injusto demais eu falar quem eu mais curti. Todos, sem demagogia, deixou um ensinamento bacana para quem assistia. Fosse um político ou um artista da TV. Gostaria de entrevistar tantas pessoas: Lázaro Ramos, Thais Araujo, Silvio Santos, Fernanda Montenegro, tenho uma lista enorme de políticos aqui...

A pandemia aproximou muitas famílias assim como a convivência também afastou muita gente. Como foi pra você e o seu marido, Drigão Henriques, essa convivência intensa?
Aqui em casa o amor só aumentou. Eu e o meu marido já estamos juntos há 8 anos, nem passamos pela crise dos 7 anos. Somos amigos, cúmplices, parceiros, a gente conversa muito sobre tudo, então prevalece sempre o que é bom para todos nós. A pandemia nos uniu ainda mais. Escolhemos um ao outro, estamos juntos por amor e deste amor nasceu um fruto lindo que é a nossa filha Rhayalla, somos focados na nossa família, é o nosso bem maior. Drigão é um excelente marido, um grande chefe de família, um pai maravilhoso, minha admiração por ele só cresce, eu me apaixono por ele todos os dias. Eu não poderia ter feito escolha melhor. Drigão é um presente na minha vida, aqui em casa é só amor. A pandemia nos uniu ainda mais, não existe dúvidas que somos um do outro.

Por outro lado, deve ter sido muito bom você ter ficado mais tempo com sua filha, a Rhayalla. Como está sendo essa sua fase mãe? Tem aprendido muito?
Ser mãe é lindo, é incrível... mas dá muito medo. Tem dias que eu acho que o meu coração vai sair do peito. É um mix de sentimento, eu me cobro muito e tenho medo de errar. Eu leio muito sobre maternidade, converso com outras mães, minha mãe me ajuda muito também. Tudo que eu mais desejo é que a minha filha seja sempre feliz, tenha sempre saúde e seja uma menina do bem. Eu ensino para ela que Deus é maravilhoso e que devemos ajudar as pessoas, independente de quem seja, se ela aprender isto já serei muito feliz. Rhayalla sem saber me ensina um monte coisas e desperta em mim bons sentimentos, todo dia eu descubro que sou capaz de ir além. É tudo por ela, para ela, pela nossa família.
Em primeira mão já vou contar para coluna: Rhayalla é sambista, ela samba! Ela já toca instrumentos! Eu fico babando! Ela adora dançar, é observadora, inteligente como o pai. Rhayalla é a alegria da casa, a luz da minha vida.

Você tem investido mais na carreira de digital influencer, Raissa? A gente já pode te ver em inauguração de lojas, posando para fotos incríveis...
Eu comecei como rainha de bateria muito cedo e foi por amor, é por amor até hoje. Eu não tinha muita noção da força da minha imagem, nunca me preocupei com redes sociais, em aparecer, as coisas sempre fluíram naturalmente, acredito que Deus foi muito bom para mim. Mas depois da minha campanha política eu comecei a me enxergar de uma forma diferente, muitas coisas mudaram dentro de mim. Posso não ter ganho a eleição, mas fui a mulher mais votada do meu Município, fiquei na frente de ex-políticos, recebi mensagens de carinho e apoio de toda parte do Brasil e isto foi um despertador para mim. As pessoas conheciam a Raissa rainha de bateria, sabiam pouco sobre mim e na campanha elas viram que eu era mulher como todas: estudo, cuido da casa, cuido do marido, cuido da filha, cuido da empresa, não tenho auxiliar doméstica, corro atrás dos meus sonhos com honestidade, tenho meu posicionamento político (estudo muito sobre) e ajudo as pessoas através da minha ONG, há mais de uma década. Então, a partir daí eu resolvi compartilhar um pouco da minha vida, dos meus desejos e pensamentos com as pessoas. Tem sido fabulosa esta troca com os meus seguidores. Por consequência surgiram mais campanhas e eu como não fujo de trabalho estou abraçando tudo, mas só vendo e falo daquilo que eu realmente uso e acredito, jamais vou enganar o meu público.  Conto com uma equipe de profissionais de ponta (fotógrafo, cabeleireira, maquiadora, produtora de moda) para fazer as coisas acontecerem. Estou feliz com os resultados. Mas eu não nego que o meu objetivo maior é ajudar as pessoas através da minha ONG. Meu foco sempre foi o segmento cultural (o que já faço há muitos anos), agora estou abrindo frente para atuar na proteção e defesa dos animais e e em movimentos sociais relacionados as mulheres, não é só feminicídio, nós mulheres sofremos violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial, violência moral, entre outras. Quero abrir um diálogo com as mulheres nilopolitanas, é dolorido ver a classe feminina sendo tratada com desrespeito. Vou usar a minha ONG para abrir outras frentes além das que já tenho, quero ajudar mais e mais pessoas, estou me colocando à disposição para ajudar o meu povo nilopolitano, sigo em busca de parcerias para realizar todos os projetos (a ONG não conta com ajuda governamental).
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos / Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação
Raissa de Oliveira, Rainha de Bateria da Beija-Flor Everton Ramos/ Divulgação