Mais Lidas

'Estou provocando mudanças', acredita Marvvila

Cantora fala sobre sua nova música 'A Cada Beijo', o dia internacional da mulher e assédio. Confira!

Marvvila
Marvvila -
Marvvila é a grande voz feminina no pagode em meio a de tantos homens. A cantora, que conquistou os dos técnicos do “The Voice Brasil”, em 2016, lançou sua nova música 'A Cada Beijo' recentemente. À coluna, ela que nasceu e foi criada em Bento Ribeiro, fala sobre o novo trabalho, deixa um recado para a mulherada, já que amanhã é Dia Internacional da Mulher, e ainda revela que já sofreu preconceito. Confira a entrevista! 
Você é uma das poucas mulheres no cenário do pagode. Como você enxerga isso? A que se deve esse fato?
Eu me sinto muito honrada quando recebo mensagens de meninas que estão começando suas carreiras no pagode, que estão se sentindo mais à vontade para cantar esse gênero. Agradeço muito por estar nesse lugar de poder influenciar pessoas. Mas não quero ser uma representante. Porque, geralmente, representante é só um. Eu quero olhar para o lado e ver que tem mais gente comigo, na luta. Quero descer do palco sabendo que, depois de mim, vai subir outra mulher para cantar.

Você já enfrentou alguma dificuldade por ser mulher e cantar o gênero?
Acho que os olhares dizem tudo, né? Nos palcos, já recebi muitos do tipo “você canta pagode mesmo?”, como se eu não fosse capaz de estar ali. Acho que essa é a maior dificuldade de todas nós, mulheres. Duvidam da gente o tempo inteiro.

Como foi que o pagode entrou na sua vida? Quando você decidiu que era esse caminho que queria seguir?
O pagode entrou na minha vida aos 13 anos de idade, na escola. Eu tinha dois amigos que levavam o cavaquinho para tocar nas aulas de música e, como não tinha ninguém para cantar, eu comecei a aprender mais sobre o gênero. Eu cresci na igreja, canto desde que tenho 5 anos. Mas sempre ouvi gospel. Então, foram eles dois que me apresentaram mais o pagode. Lembro como se fosse hoje de eles me mostrando a música “Climatizar”, do Ferrugem. Era muito diferente de tudo o que eu tinha escutado, fiquei apaixonada. E decidi mesmo que esse era o meu caminho depois que eu saí do The Voice Brasil, em 2016. Comecei a postar vídeos cantando pagode no YouTube e a classe me abraçou de uma forma que eu não esperava. Veio a parceria com a Ludmilla no álbum “Numanice” e as portas se abriram!

Recentemente você lançou o clipe de “A cada beijo”. Conta um pouco como foi esse processo. Como a música chegou até você?
“A Cada Beijo” é mais uma composição do meu irmão, BG, e com o Rodrigo Oliveira. O BG é um cantor talentosíssimo e um compositor de primeira. Então, ele sempre me mostra as letras que escreve. É dele também o meu primeiro pagode, a música “Dizendo por Dizer”. Fiquei apaixonada pela história de “A Cada Beijo”, de uma amizade que acaba se tornando um amor. Pedi para ele para gravar e a gravadora também adorou a ideia.

Pagodes são geralmente músicas com letras românticas. Você procura se identificar com as letras que canta?
Com certeza! “A Cada Beijo” tem tudo a ver comigo e com o meu namorado (risos). A gente já se conhecia e o amor foi tomando conta. Quando eu me identifico com a letra, canto com mais verdade.

Você é de Bento Ribeiro. Ainda frequenta o bairro? Tem amigos e familiares por lá?
Muito! Minha família toda está lá. Vou sempre que posso, com todo o cuidado agora da pandemia.

Amanhã, dia 8, é o dia internacional da mulher. O que essa data representa pra você? Você se considera feminista?
Falar com vocês neste Dia Internacional da Mulher é muito importante para mim. Eu tenho só 21 anos, mas já sou muito realizada com o que faço, sou muito grata a tudo que está acontecendo na minha vida. Estou na luta, provocando mudanças e levando a alegria para o público. E acredito que toda mulher que luta por respeito e se defende, diariamente, nesse mundo machista - já uma feminista. Canto o que tenho vontade, me visto como eu quero e me sinto no dever de aconselhar outras mulheres para que façam o mesmo.

A gente ainda vive em um mundo machista, onde mulheres são assediadas a todo o tempo. Você já sofreu algum tipo de assédio? Se sim, como foi essa experiência? Como você conseguiu lidar com isso?
Acho difícil existir uma mulher negra, no Brasil, que não tenha sofrido preconceito. Já sofri muitos, sejam aqueles velados ou os descarados. E só tenho uma coisa pra dizer: eu sinto pena dessas pessoas porque a gente só vai ocupar cada vez mais esses espaços.
Marvvila Guto Costa / Divulgação
Marvvila Guto Costa / Divulgação
Marvvila Bruno Fioravanti / Divulgação
Marvvila Bruno Fioravanti / Divulgação
Marvvila Bruno Fioravanti / Divulgação
Marvvila Bruno Fioravanti / Divulgação