Mais Lidas

Um romance que vem rompendo barreiras de qualquer tipo de preconceito!

"Ninguém fica junto, sem o propósito de permanecer juntos".

Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo -
Um jornalista com um influencer; Uma paixão em construção; um amor evoluído e sem rótulos...e assim eles vivem uma relação que ainda tem muito pra ser vivida!
Nossa entrevista do Dia dos Namorados é com o casal Fábio Ramalho e João Paulo.
 
A começar, queremos agradecer por aceitarem nosso convite. Como foi a relação familiar de vocês na infância?

Fábio: Eu tive uma educação muito rígida e disciplinada na infância. Filho de pais separados, minha mãe era pai e mãe dentro de casa, como ela mesma costumava dizer. E a exigência da minha mãe tinha a ver exatamente com isso: se os filhos dessem “certo” na vida, era obra dos pais. Se dessem “errado”, seria responsabilidade da mãe. E não era um devaneio dela pensar assim: era o preconceito que existia bem no meio da década de 80, quando eu tinha por volta dos 10 anos. E se havia preconceito com mulheres desquitadas do marido… imagine o contexto para questões de orientação sexual.

João: Eu tive uma relação familiar bem típica do interior, bem conservadora. Eu morava em uma cidade pequena, de 10 mil habitantes, no interior do Tocantins. Em Axixá, tudo sempre foi muito simples. Meu avô foi o primeiro prefeito da cidade, mas nem por isso eu tive mordomia. Minha mãe passou a cuidar de mim sozinha quando meu pai faleceu. Eu tinha 9 anos. Foi quando ela decidiu mudar para Brasília pouco tempo depois. Todos aprendemos a dar valor as coisas muito cedo e valorizar a única coisa que tínhamos de maior valor: nós mesmos. Pode até ter briga na família, qual não tem? Mas quando é pra defender um de nós, a família toda se une.

Tiveram uma adolescência com dúvidas em sua sexualidade?

João: Acho que dúvida eu nunca tive. Eu sabia exatamente para quem olhava quando via meninas ou meninos. A dúvida, na verdade, era outra: como assumir isso, para os outros, numa cidade do interior? Quando cheguei a adolescência, já morando em Brasília, aí a história foi outra. Eu tinha dentro da minha sala de aula outros quatro amigos gays, meninos e meninas. Não vivi, de verdade, preconceito no colégio. Não éramos tão “minoria”. Eu nasci em 2001, e acho que minha geração já veio com outro “software” pra administrar isso na cabeça. Talvez por isso eu não tenha vivido um drama tão macabro na hora de “sair do armário” para minha família.

Fábio: Eu tive muita dúvida sim, e por dois motivos básicos: primeiro porque entrei na adolescência antes da internet existir. Então, o sentimento de “será que sou o único assim?” era frequente. A única coisa que eu tinha pra buscar referências sobre o que sentia era Renato Russo cantando “Meninos e Meninas”. Em segundo lugar porque eu, de fato, me relacionava com meninas e gostava disso. Não se tinha uma definição precisa sobre bissexualidade, ou pansexualidade como se tem hoje. Era difícil me encontrar em algum suposto “rótulo”. Na dúvida, eu fui pelo meu instinto natural, me permiti namorar meninas e depois meninos.

Nessa fase, como lidavam com o cotidiano?

Fábio: A sexualidade da gente é algo que ninguém nunca pergunta se você é heterossexual. As pessoas perguntam se você é gay. E ainda assim, esse tipo de pergunta nunca acontecia pra mim: eu não “aparentava” também gostar de rapazes, nunca fui afeminado e sempre andava com as meninas mais bonitas da escola. Isso me garantia ser “invisível”, digamos assim, para os olhos preconceituosos. Mas com o tempo percebi que isso também era ruim. O maior preconceito que enfrento hoje, acredite se quiser, é por não parecer gay ou bi. No Brasil quem não é afeminado é quase que obrigatoriamente taxado como enrustido, mal resolvido ou “dentro do armário”. Eu odeio esta expressão. Ela é psicologicamente claustrofóbica. Eu sempre frequentei baladas LGBT’s no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília sem me esconder. O que na adolescência era dúvida, na idade adulta virou certeza. E aí foi quando sem precisar “me assumir” comecei a dividir esse aspecto da minha vida com a família, mãe e demais amigos.

João: A conversa de um adolescente com os pais sobre sexualidade não tende a ser uma conversa fácil. Mas no caso da minha mãe, foi surpreendente escutar ela dizer claramente um “eu já sabia meu filho” quando me assumi. Acho que depois disso não precisa dizer muita coisa sobre como somos parceiros e próximos. Conversamos sobre casamento, vida a dois, sexo e tudo mais.

E porque em alguns determinados contextos, as pessoas com orientação homossexual omitem a orientação? Passaram por isso?

João: Você só mente ou omite sua orientação sexual quando tem medo. Medo de violência, de discriminação, medo de não ser aceito no trabalho e sobretudo pela própria família. Essa última é a pior violência. Eu não vivi o preconceito das décadas passadas. Mas tenho certeza que muita gente sofreu antes de mim, muitos até perderam suas vidas, para que hoje eu possa colocar um anel de compromisso no dedo e viver junto com meu namorado.

Fábio: Com a maturidade você desencana sobre esconder ou não algo de alguém. As pessoas simplesmente são o que são. É ingenuidade achar que podemos mudar a sexualidade de alguém. É ingenuidade achar que podemos passar a vida toda escondidos, à sombra. Se alguém não aceita, o problema está nela e não em mim. E tudo bem, eu entendo que pessoas mais velhas, de outras gerações, podem até ter mais dificuldade mesmo. Mas é preciso ter o respeito. Respeito dos amigos, familiares, do público e até de quem me contrata. Eu consigo contemplar um leque tão variado de patrocinadores para meus quadros na TV, que faço comerciais até produtos de segmentos antes vistos como machistas, como o automotivo, por exemplo. E isso nunca foi problema.
Na opinião de vocês, existem diferenças significativas entre pessoas com orientação homossexual e heterossexual, para além da orientação sexual?

João: Nenhuma. As pessoas são absolutamente iguais sendo gays ou não. Somos seres humanos que amam outros seres humanos, independentemente da genitália que cada um tem. Nossa relação é como qualquer outra: é preciso ter amor, afeto, respeito como em qualquer relacionamento.

Fábio: Além de percebermos que somos iguais emocionalmente, a tendência é ter a consciência que podemos ser “diferentes” em outros aspectos como, por exemplo, o econômico. Os homossexuais são parte de uma população economicamente ativa, com hábitos diferenciados de consumo e na maioria das vezes sem filhos. Isso leva a um maior poder de consumo. O “pink money”, como já ouvir chamar, não pode ser esquecido. Restaurantes, lojas, hotéis e clubes que insistirem na segregação estarão perdendo dinheiro… e respeito.

Vamos falar de amor. Como se conheceram? O que sentiram no primeiro momento?

João: Nos conhecemos através de amigos em comum. Temos em nosso círculo social outros casais "intergeracionais", ou seja, de gerações, diferentes. O Fábio é amigo de um casal com diferença de idade ainda maior que a nossa. Eu comecei a observar postagens deles juntos, até que um dia puxei papo pelo Instagram. Foi pelas redes sociais que eu entendi que o Fábio era uma pessoa pública. Passei a seguir pelo trabalho dele, por curtir o conteúdo. Tanto que quando conversamos a primeira vez eu nem achava que o Fábio fosse interagir. E hoje sei que o que ele mais faz é m interagir em redes sociais.

Fábio: Mas partir para um encontro não era tão simples porque eu morava no Rio de Janeiro e ele havia mudado da casa da mãe para morar com o irmão, em Goiânia. Então combinamos um encontro em Brasília. Não era bem o “meio do caminho”, mas é pra onde vou com frequência por conta da família. Em uma destas idas para a capital federal, depois daquela fase mais severa da pandemia, finalmente nos conhecemos. Depois disso combinamos que o João viria para o Rio passar uns dias. Ele veio para passar uns dias… e nunca mais voltou.

Pensaram na diferença de idade antes de iniciarem a relação?

Fábio: Essa não foi minha primeira relação com pessoas mais novas. Tão pouco foi a primeira do João com pessoas mais velhas. Então a idade não foi um fator “determinante” para iniciarmos ou não uma relação. A idade não define caráter, intenções, nem mesmo é referencial infalível para amadurecimento. Já conheci pessoas absolutamente perdidas aos 40 anos; assim como outras já talhadas pela vida para amar, respeitar e se relacionar antes dos 20. Interesses convergentes, mesmo com idades diferentes, é algo real sim.

João: Acho que quando eu me assumi, para mim e para o mundo, foi pra ser feliz em plenitude. O que adiantaria romper o preconceito sobre minha sexualidade se eu não pudesse expressá-la por completo, inclusive assumindo o tipo de homem que eu gostava? Quando me assumi para minha mãe eu disse que seriam duas notícias: a primeira que eu era gay. A segunda que ela não esperasse me ver com novinhos ou com meninos da minha idade. Essa, sem duvidas, não é minha predileção, meu gosto.

O fato do Fábio ser conhecido pela mídia fez com que tivessem receio em assumir a relação publicamente?

João: Não, porque o Fábio sempre foi bem resolvido quanto a sexualidade. Pelo menos eu já o conheci assim. Eu conheci o Fábio em um lugar público, através de amigos que são pessoas públicas. Se ele não tinha medo de estar ali, conhecendo um rapaz, independentemente da idade, não teria porque ter medo de dar um nome a nossa relação, fosse ela qual fosse: namoro, ficada ou romance, como muita gente chamou.

Fábio: Nós combinamos não fazer do nosso relacionamento uma militância LGBTQI+. Mas é impossível não dizer que só vai ter mudança no pensamento da nossa sociedade se as pessoas não tiverem vergonha de ser quem elas são. Quanto mais casais de gerações diferentes aparecerem, menos preconceito vai existir. Muitos casais heterossexuais vieram ao meu Instagram dizer que sofriam o mesmo preconceito e abriram mão de história incríveis de amor pro puro preconceito. Eu e o João não estamos fazendo nada errado. Porque teria que ser escondido? Nem toda relação com idades diferentes é relação “sugar dady” ou um mais velho “abusando” de um mais novo. Eu nunca me relacionei com ninguém mais novo que não soubesse exatamente o que estava fazendo.

E a família, como reagiu? Já houve algum desentendimento por tornarem o relacionamento público?

Fábio: Eu já passei dos 40, não acredito que haja espaço para a família questionar isso a esta altura do campeonato. Tão pouco houve uma reunião familiar para dizer “gente, eu sou isso ou aquilo” ou “gente eu namoro pessoas mais novas”. Eu não me assumi pra minha família, apenas vivi e eles viram como as coisas eram, sem interferir, desde o começo da minha idade adulta. Tenho na família uma prima casada com outra mulher e temos muito orgulho disso.

João: Nós vivemos uma experiência incrível que foi viajar nas férias para os lençóis maranhenses e depois para Tocantins, para a cidade onde eu nasci. O Fábio queria conhecer minha família e eu queria que eles conhecem ele. A surpresa foi descobrir que em 1 semana em Axixá do Tocantins - esse é o nome da minha cidade - todos já estavam amando o Fábio. Ele hoje está no mesmo grupo da minha família de WhatasApp, planejam férias e viagens juntos. Um tio meu disse que antes tinha resistência em conhecê-lo. Não queria saber quem era o homem que estava “me levando para o mal caminho”. Quando ele conheceu melhor o Fábio viu que não era difícil eu o estar levando para o suposto “mal caminho”. Rimos muito. Subestimar as pessoas pela idade, pode ser um erro.

Fazem planos juntos? Digo de casamento, filhos...

João: Ninguém fica junto sem o propósito de permanecer junto, né? Então os planos são inevitáveis. Pensamos sim em fazer uma família do nosso jeito; pensamos em ter filhos, mas quando for o tempo certo.

Fábio: A vida trouxe tantas coisas boas neste 1 anos que estamos juntos que é impossível não acreditar que Deus também tem planos, e bons planos, para famílias diferentes… de pessoas que são iguais.

Temos visto através das redes sociais de vocês que gostam bastaste de viajar. Algum destino que ainda pretendem ir neste ano ou um que vocês já foram e se tornou inesquecível? Quais os planos para o final de semana do dia dos namorados?

Fábio: Neste fim de semana do dia dos namorados estamos fazendo exatamente isso: viajando. Estamos em Búzios. E não é só porque a cidade tem aquele charme que enche os olhos desde a época de Brigitte Bardot não. Amamos Búzios e fomos convidados para sermos embaixadores da diversidade no mês dos namorados. A cidade esta tendo o mesmo “Búzios Love”, que busca fazer da cidade da região dos lagos uma referência romântica, para todas as orientações sexuais sempre, não só no mês de junho.

João: A cidade está cheia de casais, toda enfeitada, e com pacotes mega convidativos para quem quer passar um fim de semana diferente, romântico, na cidade de praia mais charmosa do Brasil. Tudo sem preconceito… e focado no amor. Não tem como não ser inesquecível, tem?

E para encerrar, que tal uma declaração de como está sendo a vida ao lado de seu companheiro?

João: Está sendo um período de aprendizado, de carinho e de consolidação. Estamos vivendo tudo que nos é permitido e que nos convém. Acho que o pior sentimento do mundo é se arrepender por não ter vivido algo.

Fábio: Se este for o seu caso, exatamente hoje, minha dica é: liberte-se e VIVA. Se você não está fazendo mal a ninguém, nao está quebrando leis, quebre o que te amarra. No dia que tudo isso acabar, só levaremos o que vivemos e não o que julgaram. Como dizia o filósofo francês Sartre, “O Inferno são os outros”.

Galeria de Fotos

Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal
Em comemoração ao dia dos namorados, nossa entrevista é com o apresentador da Record Tv, Fábio Ramalho e seu namorado João Paulo Arquivo Pessoal

Comentários