M�es revelam desafios da maternidade

A rotina de uma m�e � feita de muitos desafios, preocupa��es, suor e at� bullying

Por O Dia

A publicitária Marcelle Falbo contou o pior momento da maternidade
A publicitária Marcelle Falbo contou o pior momento da maternidade -

Por Aventuras Maternas

Imagine uma foto de uma mulher com um filho no colo. Aconchego, afeto e serenidade são as primeiras palavras para definir o que se vê na imagem, certo? Mas ao contrário do que muitos pensam, o dia a dia de uma mãe não se traduz apenas por essas palavras. A rotina é feita de muitos desafios, preocupações, suor e, acreditem, até bullying!

Sim, desde o momento em que recebem a notícia da gestação e que a divulgam para o mundo, as mães são também alvo preferido da análise alheia. Voluntária ou involuntariamente muitas pessoas se acham no direito de dizer o que querem e criticar com crueldade muitas grávidas e mamães recentes. A consequência para essas situações constrangedoras pode ser desde aumento da timidez, isolamento, falta de confiança pontual, até o desencadear de depressão, dentre tantos outros sentimentos negativos. E o mais assustador nesses casos é que o bullying parte de mulheres, que, muitas vezes, também são mães.

O médico clínico geral, especialista em Medicina Integrativa e psicólogo Roberto Debski conta que dúvidas e incertezas sobre se o bebê nascerá com saúde, como será o parto, e se vai ser possível amamentar, surgem já no processo da gestação. E o bullying acontece quando, além dessas cobranças internas, pessoas do convívio da grávida fazem questionamentos, e colocam “obrigações” que deveriam ser seguidas por serem “padrões” sociais. “Ela, então, se cobra, se culpa e se julga uma má mãe, por não sentir o que ditam os valores culturais, o que a sociedade impõe como 'verdade' e 'única possibilidade'", comenta o médico.

Não há como negar: por mais auto confiante que seja a mulher e que tenha todas as certezas que precisa, nesse período os hormônios a tornam mais sensível. E cada palavra dita de forma agressiva, especialmente em tom de crítica, acaba tendo um peso ainda maior. A fisioterapeuta Luiza, mãe de Laura* (os nomes foram trocados a pedido da entrevistada), passou por algumas situações bem incômodas durante a gravidez, inclusive com pessoas da própria família. “Eu sempre quis parto normal, então, o primeiro embate foi com a minha tia, ainda antes de engravidar. Ela me criticava, falava que cesárea era maravilhoso, dizia que eu não podia levantar a bandeira assim de algo. Simplesmente não respeitava o que eu pensava e me desencorajava. Quando engravidei, ela falou 'quero ver na hora que vier a primeira dor, vai esquecer rapidinho que quer normal'. Ela me ridicularizava, me achava fraca, dizia que eu só tinha discurso e que na hora H seria muito diferente”, comenta.

Já com a publicitária Marcelle Falbo, mãe de Amélie, o pior momento, aconteceu quando começou a amamentar. “Foi a primeira vez que me senti constrangida pelos olhares. Mas, mesmo assim, não deixei de fazer. Quando a Amélie estava com dois meses, eu tive a minha primeira mastite, com direito à febre, inflamação no seio, fraqueza e muita, muita dor mesmo. Tomei antibiótico, mesmo correndo o risco por ser alérgica, e continuei amamentando. Mas quando o ciclo do antibiótico acabava, a mastite voltava e assim aconteceu por três vezes. Após muita briga interna e culpa, decidi encerrar a lactação e introduzir o complemento. Munida de mamadeira, água e leite artificial, eu parava em qualquer lugar, oferecia à Amélie e escutava 'Ela é tão pequena e já toma mamadeira?', 'Seu leite é fraco?', 'Você não gosta de amamentar?', 'A OMS recomenda o aleitamento até os 6 meses, sua filha vai ficar com a imunidade baixa’. Comecei a ter vergonha de alimentá-la em público, me sentia culpada, me escondia para dar mamadeira e sofria sempre em silêncio, não comentava nem com meu marido. Chegava em casa e chorava muito trancada no banheiro, achando que minha filha, por minha culpa, poderia pegar uma doença grave por eu ter amamentado por apenas três meses. Minha filha tem dois anos, só pegou dois resfriados e febre só teve por conta da reação a algumas vacinas. E olha que ela entrou na creche com cinco meses e meio. A fase de mais julgamentos e instabilidade emocional já passou, mas sei que sempre vou encontrar pessoas dispostas a julgar”.

Tão ruim quanto lidar com a falta de empatia das pessoas, é criar os filhos sem ajuda. Segundo uma pesquisa divulgada em 2017 e realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, o país tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com filhos, morando ou não com outros parentes. Já os dados de 2015 mostram que os números subiram para 11,6 milhões. Ou seja, em 10 anos o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras. Uma dessas mães é a atriz Fran Freduzeski, mãe de Lucas. “Hoje, minha maior dificuldade é criar o Lucas sem apoio. O pai dele sempre foi muito ausente. Sempre tive que decidir tudo, absolutamente tudo, sozinha: escola, atividades escolares, amigos, passeios, saúde. Inclusive, agora, depois de três anos sem encontrar o pai, eu levei meu filho a Orlando para vê-lo. Criar e educar um filho sozinha é muito difícil. É muita responsabilidade. Tive que aprender a lidar com isso, mas hoje eu lido bem. Sou pai e mãe do meu filho”, comenta.

A atriz Fran Freduzeski contou que a maior dificuldade é criar seu filho Lucas sem apoio - Divulgação

Há, ainda, a eterna dúvida sobre como criar os filhos, como educá-los em um mundo com tanta tecnologia e informação, por exemplo. Se proibir o uso de tablets, celulares e afins, rende críticas sobre limitar o conhecimento deles, liberar o uso também pode afastar os pequenos da convivência familiar. A atriz Suzana Alves é do time que evita ao máximo. “Eu fico muito envolvida com a educação. Hoje em dia, tem a questão da internet, rede sociais etc. Vivi uma infância maravilhosa, sem essas informações todas e gostaria que meu filho tivesse uma infância assim, sem tanto tempo trancado em um quarto, em frente a um computador. Escondo o celular, não deixo a televisão ligada o tempo todo. As poucas vezes que meu filho vê desenhos no Youtube, eu percebo que ele fica paralisado e chora quando eu desligo. Então, resolvi evitar ao máximo. Sei que toda essa tecnologia faz parte da geração dele, mas quero cuidar da primeira infância com brincadeiras, livros, exercitando a imaginação. Não quero deixar meu filho o tempo todo no computador, celular e tablet. Educar dá trabalho. Quero tentar fazer com que ele cresça sendo criança, brincando, aprendendo, humanizando, para ter saúde emocional e crescer como uma criança segura”, explica.

Diante de tantos relatos e situações, duas coisas acabam ficando bastante claras. A primeira é que, ainda que tivesse alguma cartilha a ser seguida, sempre haverá alguém para julgar, alfinetar ou criticar as mães. E a segunda, felizmente, é que coração de mãe sempre fala mais alto, e, ainda que surjam erros no percurso, no final tudo vai dar certo.

 

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