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Neymar volta a falar sobre racismo: 'Percebi que responsáveis não fariam nada, me revoltei'

Atacante diz ter sido chamado de 'macaco' por zagueiro adversário

Paris Saint-Germain's Brazilian forward Neymar reacts during the UEFA Champions League final football match between Paris Saint-Germain and Bayern Munich at the Luz stadium in Lisbon on August 23, 2020. (Photo by David Ramos / POOL / AFP)
Paris Saint-Germain's Brazilian forward Neymar reacts during the UEFA Champions League final football match between Paris Saint-Germain and Bayern Munich at the Luz stadium in Lisbon on August 23, 2020. (Photo by David Ramos / POOL / AFP) -
Rio - Neymar voltou a falar, na tarde desta segunda-feira, sobre o episódio de racismo que sofreu no último domingo. Em publicação no Instagram, o jogador disse ter perdido a cabeça após perceber que a arbitragem não faria nada em relação ao zagueiro Álvaro González, que teria lhe chamado de "macaco".

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Leia, na íntegra, o comunicado de Neymar:
"Ontem me revoltei, fui punido com o vermelho porque quis dar um cascudo em quem me ofendeu. Achei que não poderia sair sem fazer nada porque percebi que os responsáveis não fariam nada. Não percebiam ou ignoravam. Durante o jogo queria dar a resposta como sempre, jogando futebol. Os fatos mostram que não consegui, me revoltei.
No nosso esporte, as agressões, insultos, palavrões, são do jogo, da disputa, não dá pra ser carinhoso. Entendo esse cara em parte, faz parte do jogo. Mas o preconceito e intolerância são inaceitáveis.
Eu sou negro, filho de negro, neto e bisneto de negro, tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém, ontem eu queria que os responsáveis pelo jogo, Árbitro, auxiliares) se posicionassem de modo imparcial e entendessem que não cabe tal atitude preconceituosa.
Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos. Deveria ter ignorado? Não sei ainda...hoje, com a cabeça fria, respondo que sim, mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros e fomos ignorados. Esse é o ponto.
Nós que estamos envolvidos no entretenimento precisamos refletir. Uma ação levou a uma reação e chegou onde chegou. Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o ofensor também seja punido.
O racismo existe, existe, mas temos que dar um basta. Não cabe mais, chega! O cara foi um tolo, eu também fui por me deixar ser atingido. Eu ainda hoje tenho o privilégio de me manter com a cabeça levantada, mas todos nós precisamos refletir que nem todos os pretos e brancos podem estar na mesma condição. O dano do confronto pode ser desastroso para ambos os lados, quer seja preto ou branco. Não quero e não podemos misturar assuntos. Cor de pele não há escolha. Perante Deus somos todos iguais.
Agora...ontem perdi no jogo e me faltou sabedoria...estar no centro dessa situação ou ignorar um ato racista não vai ajudar. Eu sei. Mas pacificar esse movimento 'anti racismo' é obrigação nossa para que o menos privilegiado receba naturalmente sua defesa. Vamos nos encontrar novamente e vai ser do meu jeito, jogando futebol. Fica na paz! Fica em paz! Você sabe o que falou, eu sei o que fiz! Mais amor no mundo."