Xavi diz estar em choque com prisão de Daniel Alves, acusado de agressão sexual

Técnico do Barcelona deseja que a Justiça tome a melhor decisão sobre o caso

Xavi comentou caso em coletiva neste sábado
Xavi comentou caso em coletiva neste sábado -
Xavi Hernández, técnico do Barcelona, comentou sobre a prisão de Daniel Alves, seu ex-companheiro de clube, que está preso preventivamente na Espanha e responde acusação de delito de agressão sexual. O ex-jogador espanhol revelou surpresa com o caso, afirmou estar em "estado de choque", mas foi breve ao desejar que a justiça espanhola tome a melhor decisão.

"É difícil comentar uma situação como essa. Como todo mundo, estou surpreso, chocado, em estado de choque. Conhecendo o Dani, é um assunto que me surpreendeu. É um assunto de Justiça, que ditará o que for. Não posso dizer nada a mais", disse Xavi durante entrevista coletiva que antecede o duelo contra o Getafe neste domingo, pelo Campeonato Espanhol.

Xavi e Daniel Alves foram companheiros no Barcelona como jogadores. Eles se conheceram em 2008, quando o brasileiro foi contratado junto ao Sevilla, e jogaram juntos até 2015. Eles voltaram a se encontrar em 2022, quando Xavi já era treinador e o lateral retornou ao time ainda como jogador.

CÓDIGO PENAL ESPANHOL

O Código Penal da Espanha foi alterado em outubro do ano passado com uma nova lei que se baseia na ideia de que crimes sexuais devem ser tipificados com base no consentimento da vítima. Dessa forma, todos os crimes de natureza sexual, independentemente de haver ou não violência, passaram a ser "agressões sexuais".

A lei, chamada de "Só sim é sim", foi criada para ampliar a abrangência de crime de violência sexual. Todos os atos sexuais não consensuais passaram a ser considerados violência. Contraditoriamente, porém, as penas para alguns crimes sexuais foram reduzidas.

O código penal da Espanha considera agressão sexual "os atos de caráter sexual que sejam realizados com recurso à violência, intimidação ou abuso de uma situação de superioridade ou vulnerabilidade da vítima". A pena prevista é de um a 15 anos por crimes de agressão sexual, dependendo da gravidade, mas também pode ser reduzida a multas.

Segundo o artigo 179 e 180 da lei de agressão sexual espanhola, a pena pode alcançar 15 anos quando "a agressão sexual consiste em acesso carnal por via vaginal, anal ou bucal, ou introdução de membros ou objetos corporais por qualquer uma das duas primeiras vias". O assédio sexual sem penetração pode se enquadrar em atentado contra a liberdade sexual, com previsão de uma pena menor, de até 4 anos.

O CASO

A juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão do jogador na última sexta-feira. Ele foi detido ao dar depoimento sobre o caso. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito a fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a prisão O Pumas, do México, anunciou na última sexta que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube será rompido por justa causa.

Daniel Alves é acusado de ter cometido agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona. O jogador, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria colocado a mão entre as roupas íntimas da mulher que fez a acusação. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido.

A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã, que colheu depoimento da vítima. Ela também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.

Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de Janeiro, o jogador deu entrevista ao programa "Y Ahora Sonsoles", da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.

No depoimento, porém, de acordo com os meios de comunicação da Espanha, o atleta afirmou ter tido relações consensuais com a mulher, cujo nome não foi revelado. O suposto crime sexual teria ocorrido num banheiro unissex da área vip da casa noturna.

Segundo o jornal espanhol El Periódico, o brasileiro trancou, agrediu e estuprou a mulher no banheiro da área VIP da casa noturna. Ele nega as acusações. A juíza argumentou na decisão de prender o jogador que existia o risco de fuga, uma vez que o atleta não mora mais na Espanha e tem recursos financeiros para sair do país a qualquer momento. Além disso, a Espanha não tem acordo de extradição com o Brasil. Daniel Alves deve ficar preso até o julgamento, ainda sem data marcada. Ele está no Centro Penitenciário Brians 1, nos arredores de Barcelona.