Manipulação de apostas: jogador recebia mesada de R$ 5 mil para aliciar colegas

Mensagens obtidas pela Operação Penalidade Máxima mostram o atleta negando oferta de Bruno Lopez, chefe do esquema, alegando que já trabalhava de maneira fixa para outra pessoa

Denner Barbosa
Denner Barbosa -
Rio - Em mensagens obtidas pela Operação Penalidade Máxima, o lateral-esquerdo Denner Barbosa, do Operário de Várzea Grande-MT, afirmou que recebia uma mesada de R$ 5 mil para aliciar jogadores a participarem do esquema de manipulação de apostas. O atleta aparece conversando com Bruno Lopez, que está preso acusado pelo Ministério Público de Goiás de ser o chefe do esquema, e negando uma oferta, com a alegação de que já trabalhava com outro apostador. Os diálogos foram revelados pelo site "ge".
Veja o diálogo:
Denner Barbosa:
Irmão, eu sou fechado com um parceiro, mano. Nessa situação.

Bruno Lopez:
Arrumando jogador?

Denner Barbosa
Sim [...] Ele me dá uma quantia mensal, mas eu sempre arrumo para ele.

Bruno Lopez
Arruma só um para mim. Preciso só de UM.
Em seguida, os dois fizeram um acordo para manipular o número de escanteios na partida entre Luverdense e Operário de Várzea Grande, pelo estadual de Mato Grosso, e a derrota no primeiro tempo do Goiânia para o Goiás, pelo Campeonato Goiano. As manipulações fizeram parte de uma aposta múltipla envolvendo mais dois jogos: Bento Gonçalves x Novo Hamburgo e Caxias x São Luiz, ambos pelo Campeonato Gaúcho, que contaram com pênaltis manipulados. Com isso, uma aposta de R$ 500 renderia R$ 45 mil.
Posteriormente, Bruno tentou convencer novamente Denner Barbosa a entrar em seu esquema. No entanto, o lateral voltou a afirmar que trabalhava com outra pessoa.
Bruno Lopez
Comigo você vai fazer dinheiro de verdade.
Denner Barbosa
Ele me dá 5 conto mensal mesmo se for mês que não tem operação.
O advogado de Denner Barbosa nega que ele fizesse parte de qualquer esquema de apostas. Segundo ele, seu cliente apenas inventou a desculpa para poder cobrar uma dívida antiga de Bruno Lopez.
Nesta segunda fase da Operação Penalidade Máxima, o MP-GO denunciou 16 pessoas, entre atletas e apostadores que viraram réus no caso. Bruno Lopez, preso preventivamente, é considerado o líder da quadrilha.
Entre os jogadores, foram denunciados Eduardo Bauermann (Santos), Fernando Neto (Operário-PR hoje no São Bernardo), Gabriel Tota (do Juventude emprestado ao Ypiranga-RS), Igor Cariús (ex-Cuiabá e hoje no Sport), Matheus Gomes (Sergipe), Paulo Miranda (ex-Juventude e sem clube), Vitor Ramos (ex-Portuguesa e atualmente na Chapecoense).
Eles responderão por crimes definidos pelo Estatuto de Defesa do Torcedor, cujas penas podem variar de dois a seis anos de prisão.