Especialistas apontam razões para crescimento dos eSports no Brasil

Reportagem do Meia Hora conversou com representantes da LOUD, da Los Grandes e da Keyd Stars para ouvir explicações sobre o aumento dos esportes eletrônicos

Brasil recebeu diversos grandes eventos de esportes eletrônicos recentemente
Brasil recebeu diversos grandes eventos de esportes eletrônicos recentemente -
Rio - Os esportes eletrônicos estão ganhando cada vez mais espaço nas casas dos brasileiros. Segundo levantamento do Pesquisa Game Brasil, cerca de 74,5% da população nacional jogou algum game em 2022. Assim, o Jornal O Dia conversou com especialistas do assunto para entender mais sobre o crescimento deste fenômeno.
CEO e cofundador da LOUD, uma das maiores organizações de eSports do Brasil, Bruno "PlayHard" Bittencourt apontou que o fato da área ter ficado cada vez mais acessível contribuiu, ainda mais, para o aumento dos games no Brasil.
"O avanço do mercado tem tornado o setor cada vez mais acessível. Os games estão melhores e mais otimizados para dispositivos de entrada e a crescente das redes sociais e plataformas de streaming faz com que mais pessoas se interessem pelo assunto. A estimativa que temos no Brasil é de que três a cada quatro pessoas jogam algum game. Acredito que a missão de quem trabalha com eSports é construir um modelo de negócios que seja sustentável e escalável ao mesmo tempo, e que consiga inspirar a nova geração sobre a possibilidade de ingressar nesse meio via as chamadas "profissões do futuro", como jogador profissional, streamer e influenciador", disse Bruno "PlayHard", que já ultrapassa mais de 31 milhões de seguidores em suas redes sociais.
Influencer Bruno 'PlayHard' fundou a Loud em fevereiro de 2019 - Divulgação
Influencer Bruno 'PlayHard' fundou a Loud em fevereiro de 2019Divulgação
Embora o número de brasileiros que acompanham esportes eletrônicos aumente diariamente, uma grande parte da população não se aprofunda no assunto. Assim, "PlayHard" falou sobre os principais obstáculos dos eSports, em comparação com os esportes tradicionais, e as alternativas que sua equipe propõe para alcançar cada vez mais pessoas.
"Ainda existe uma barreira geracional para a democratização dos esports, além de no seu início ter sido um mercado direcionado majoritariamente à um público com uma renda mais alta. Isso vem diminuindo com o passar do tempo, com a acessibilidade dos jogos que podem ser jogados em um smartphone. A LOUD também se conecta a muita gente através do conteúdo. Nossos criadores falam uma linguagem que pode ser compreendida por milhões de pessoas com diferentes interesses, como futebol, música e humor. O objetivo é que nossos fãs sejam apaixonados pela nossa marca dentro das competições, mas que também consigamos crescer a audiência ao longo do tempo inserindo o público em geral nos esports", destacou.
Recentemente, o Brasil foi sede de diversos grandes campeonatos eletrônicos, como o IEM Rio 2023 de CS:GO, o Valorant Champions Tour, em São Paulo, e, em breve, sediará o Six Invitational, de Rainbow Six. Assim, o vice-presidente e cofundador da Vivo Keyd Stars, Eduardo Kim, comentou sobre as vantagens de se sediar grandes eventos de eSports em terras nacionais, onde a comunidade cresce dia após dia.
"Eu acho que o Brasil está em um momento muito legal dentro da indústria, acho que a gente conseguiu, por ter números muito expressivos e resultados muito grandes, chamar a atenção do mundo. É super legal ter os maiores torneios do mundo olhando pro Brasil, pra gente aqui eu acho que ajuda muito no sentido de sair um pouco do digital. Quando você traz um grande torneio assim, você vê as pessoas que não fazem ideia do que era o jogo, curiosas para no mínimo entender o que estava acontecendo ali. Então, pra gente, como organização, conseguimos tangibilizar muita coisa", disse, antes de completar:

"Você chama a atenção de todos os jogadores, e até mesmo de entidades governamentais. O Rio de Janeiro está fazendo todo um trabalho de se posicionar como um estado muito forte dentro do esporte eletrônico,
e isso vem muito desse resultado. Então, para entregar um campeonato internacional de altíssimo nível, você percebe que a estrutura que está por trás disso, que as organizações, que existe muito investimento, é de fato algo gigantesco. Então, quando você pensa em um cenário onde você só vê isso no online, é um pouco mais difícil de entender o tamanho, e aí o mundo físico ajuda nesse sentido", finalizou Eduardo Kim.
Eduardo Kim é o vice-presidente e cofundador da Vivo Keyd Stars - Divulgação
Eduardo Kim é o vice-presidente e cofundador da Vivo Keyd StarsDivulgação
Nos últimos anos, a comunidade dos eSports se impressionou com a torcida brasileira, que acompanha os principais times ao redor de todo o planeta. Assim, o conselheiro e sócio da Los Grandes, Rodrigo Terron, apontou que o crescimento digital, assim como a acessibilidade dos principais games, aliados ao espírito brasileiro de competitividade, fizeram com que o país fosse destaque ao redor do mundo.
"Eu acho que, de uma forma geral, o brasileiro é torcedor, independente se é um esporte tradicional, se é uma modalidade olímpica, se é até mesmo brincadeira. O brasileiro tem, acho que no DNA, essa coisa de torcer. É um movimento natural de acesso à tecnologia, nos últimos 10 anos a 15 anos, a quantidade de pessoas que têm acesso à internet, ou pelo menos um celular pra consumir esports, vem crescendo. Na pandemia, o consumo de conteúdo no digital aumentou muito, e deve ter acelerado o crescimento da indústria", disse, completando:
"Acho que talvez até mais pelo fenômeno do Free Fire, que foi o que fez sair da bolha dos eSports, porque o esporte eletrônico sempre foi muito elitizado, né? Então, quem sempre teve acesso aos esportes eletrônicos tinha um computador, que é um hardware caro para o Brasil. O Free Fire trouxe um público novo, que só tinha ali o celular, mas que passou a acompanhar e torcer. Só que a partir do momento que as pessoas começam a consumir uma modalidade, ela vai olhando pros eSports como um todo", finalizou Rodrigo Terron.
Rodrigo Terron é conselheiro e sócio da Los Grandes, uma das principais organizações de eSports do Brasil - Divulgação
Rodrigo Terron é conselheiro e sócio da Los Grandes, uma das principais organizações de eSports do BrasilDivulgação
*Reportagem do estagiário Gabriel Orphão sob supervisão de Pedro Logato
Influencer Bruno 'PlayHard' fundou a Loud em fevereiro de 2019
Influencer Bruno 'PlayHard' fundou a Loud em fevereiro de 2019 Divulgação
Eduardo Kim é o vice-presidente e cofundador da Vivo Keyd Stars
Eduardo Kim é o vice-presidente e cofundador da Vivo Keyd Stars Divulgação
Rodrigo Terron é conselheiro e sócio da Los Grandes, uma das principais organizações de eSports do Brasil
Rodrigo Terron é conselheiro e sócio da Los Grandes, uma das principais organizações de eSports do Brasil Divulgação