"A Presidência informa que nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, Campeã Mundial e Bicampeã Americana, ou a qualquer outro cidadão. Por isso, Julio Garro deixa de ser Subsecretário de Esportes da Nação", comunicou o governo argentino no X, o antigo Twitter.
Em entrevista ao jornal Corta, o político intimou Lionel Messi e Claudio Tapia, o presidente da AFA. "O capitão da seleção nacional deve pedir desculpas. O mesmo que o Presidente da AFA. Isso nos deixa, como país, em uma situação ruim depois de tantas glórias", disse o subsecretário de Esportes.
Em seu X, o ex-subsecretário também se manifestou. Ele agradeceu a Milei por escolhê-lo para compor seu governo e lamentou a demissão. "Lamento muito se o meu comentário ofendeu alguém, essa nunca foi a minha intenção. Por isso, coloquei meu cargo à disposição, mesmo estando sempre do outro lado da discriminação em todas as suas formas", afirmou Julio Garro.
ENTENDA O CASO
Na madrugada da última segunda-feira, um vídeo viralizou onde jogadores da seleção argentina cantam uma música racista e transfóbica contra a seleção francesa. O momento foi capturado pelo jogador Enzo Fernández, que fazia uma live no Instagram no ônibus do time nacional após a conquista da Copa América 2024.
"Eles jogam pela França/mas são de Angola/que bom que eles vão correr/se relacionam com travestis/a mãe deles é nigeriana/o pai deles cambojano/mas no passaporte: francês", afirma a música. Ao perceber o que estava sendo cantado, o jogador do Chelsea alertou os colegas de que estava ao vivo e fechou a live na rede social.
O grito faz referência a ancestralidade dos jogadores franceses, visto que muitos são filhos de imigrantes, e ao boato de que o atacante Kylian Mbappé já se relacionou amorosamente com uma mulher trans, a modelo Inès Rau.
Enzo Fernández se pronunciou na noite desta terça-feira, dia 16, e pediu desculpas pelo ocorrido. Em seus stories, Fernández reconheceu que a canção transmitida "contém linguagem ofensiva" e que não há justificativa para a cantoria argentina.
"Eu sou contra a descriminação em todas as formas e peço perdão por ter me entregado a euforia da nossa comemoração da Copa América. O vídeo, o momento e as palavras não refletem meus valores e meu caráter. Eu estou verdadeiramente arrependido", disse o volante.
Também na terça-feira, a Federação Francesa de Futebol anunciou que entrará com uma ação na Fifa contra os jogadores da Argentina. Amélie Oudea-Castera, ministra francesa de esportes, repudiou o ocorrido. "Patético. Um comportamento ainda mais inaceitável se for repetido. Fifa, alguma reação?", indagou a política.