Abel Braga deixou o Beira-Rio visivelmente tomado pelo peso do momento após a vitória por 3 a 1 sobre o Red Bull Bragantino. O treinador não suavizou a dimensão do resultado e afirmou que a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro superou até o título mais emblemático de sua carreira. "É maior que ter ganho o Mundial", disse, destacando que, desta vez, havia uma obrigação que não existia em 2006.
Ele explicou que a comparação não foi feita por efeito dramático, mas por contexto. No Japão, o Inter dividia responsabilidades com um gigante europeu. Agora, a queda era um risco real que carregava outro significado.
"Se eu fosse vice, seria o segundo maior time do mundo. Só que a obrigação era do outro. Hoje foi muito mais importante", reforçou, dando dimensão à pressão que viveu desde que aceitou o chamado da diretoria do clube gaúcho.
Abel também resgatou um incômodo antigo ao falar sobre o retorno ao clube. Em 2016, recusou assumir a equipe durante o processo que culminou no rebaixamento, algo que nunca deixou de incomodá-lo. Por isso, garantiu que não poderia repetir aquela decisão. "Eu ajudei a salvar o Inter do rebaixamento", afirmou, ressaltando o caráter emocional de ter assumido o cargo sem salário.
O treinador ainda fez questão de valorizar o ambiente que encontrou. Mesmo chegando para apenas duas rodadas e estreando com derrota por 3 a 0 para o São Paulo, viu no grupo e na arquibancada a força necessária para manter o Inter vivo. "Eles (torcida) ajudaram muito", afirmou, apontando a mobilização coletiva como peça determinante num jogo de sobrevivência.
O desfecho da rodada ampliou o impacto do feito. O Inter saiu da 18ª posição para fechar o campeonato em 16º lugar, beneficiado pelas derrotas de Ceará e Fortaleza.
Ao deixar o campo, Abel resumiu tudo o que viveu nesses dias com uma frase que ecoou no Beira-Rio. "Isso é o coloradismo, é o vermelho", declarou, ainda emocionado.

