Duílio é denunciado pelo MP por apropriação indébita em caso dos cartões do Corinthians

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians entre 2021 e 2023, pelo crime de apropriação indébita no caso envolvendo o uso indevido de cartões corporativos do clube. Roberto Gavioli, ex-diretor financeiro, também foi denunciado no mesmo pedido, por omissão. O Estadão busca contato com a defesa do dirigente.

Segundo o promotor Cássio Roberto Conserino, Duílio gastou R$ 41.822,62 em estabelecimentos sem relação com as atividades relacionadas ao Corinthians. Despesas custeadas pelo clube incluem restaurantes, freeshops e cabeleireiro. O MP-SP solicitou que o ex-presidente indenize o clube em aproximadamente R$ 31 mil por danos materiais.

O MP-SP também solicitou à Justiça que Duílio seja proibido de acessar as dependências do clube, não mantenha contato com testemunhas e dirigentes, deixe de exercer funções associativas, além de não poder deixar o País sem autorização judicial. O órgão também pediu a quebra do sigilo bancário do ex-dirigente.

Além de Duílio, o MP já ofereceu denúncia contra o ex-presidente Andrés Sánchez, por apropriação indébita e lavagem de dinheiro, também no caso envolvendo o uso indevido de cartões corporativos do Corinthians. Gavioli também foi denunciado no mesmo pedido, também por omissão.

ENTENDA O CASO

A investigação do MP-SP sobre gastos indevidos no Corinthians teve início em agosto deste ano após reportagem do GE indicar movimentações suspeitas na gestão de Duílio Monteiro Alves. Apenas na última semana de outubro de 2023, o Corinthians gastou R$ 32,5 mil no Oliveira Minimercado, cujo endereço, segundo apurou a promotoria, não consta "qualquer comércio ou resquício de comércio".

Outras despesas constatadas foram com cerveja, picanha, sorvete, frutas, legumes, água sanitária, amaciante de roupas, detergentes, pizzas, peixes, doces, isqueiros, flores, ração animal, bijuteria feminina e cachorro de pelúcia. À época, o presidente se defendeu. "Supostas planilhas e faturas da minha gestão, divulgadas em perfis anônimos com objetivo político de assassinar reputações nas redes sociais, requeri ao clube acesso a tais documentos, a fim de que pudesse checar sua veracidade."

A polêmica sobre uso indevido dos cartões corporativos veio à tona semanas antes, em junho, com faturas do cartão corporativo do clube vazadas nas redes sociais. O ex-presidente Andrés Sanchez admitiu ter feito uso, mas por engano, ao confundir seu cartão pessoal com o do clube durante uma viagem de Réveillon entre o final de 2020 e o início de 2021. O gasto foi de R$ 9.416 e, em contato com o Estadão, ele afirmou ter ressarcido o clube em R$ 15 mil.

Em 19 de julho, o Corinthians registrou boletim de ocorrência após ser constatado o sumiço de registros sobre controle de despesas. A ausência dos documentos foi percebida após Romeu Tuma Jr, presidente do Conselho Deliberativo, ordenar a preservação de todos os documentos correspondentes e de suporte dos últimos sete anos.

A diretoria acredita que os papéis foram subtraídos durante os incidentes de 31 de maio, quando o presidente afastado Augusto Melo apareceu no Parque São Jorge reivindicando o cargo com base em uma decisão tomada pela 1ª Secretária do Conselho Deliberativo, Maria Angela de Sousa Ocampos, que cancelou a reunião que deu andamento ao processo de impeachment contra o dirigente.

Uma grande confusão tomou conta da sede naquele dia e o Batalhão de Choque da Polícia Militar precisou ser acionado ao local. Apesar do tumulto, os argumentos de Augusto foram considerados sem base estatutária e Osmar Stabile se manteve na função de presidente interino.

Augusto Melo foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem dinheiro, furto qualificado pelo abuso de confiança e organização criminosa, crimes aos quais é associado no inquérito policial sobre o Caso Vai de Bet. Ele nega todas as acusações, e sua defesa entrou com com pedido de rejeição sumária da denúncia do MP, "em razão das nulidades processuais, direcionamento indevido da investigação e incompetência material".