Mais de um ano antes, eleição do Flamengo volta à tona cercada de polêmicas

Rio - Mesmo com as eleições presidenciais marcadas para o fim de 2024, a política no Flamengo vem agitando a sede da Gávea nas últimas semanas por conta de polêmicas quanto à possível mudança no estatuto do clube. A reportagem do O DIA detalha os bastidores do Rubro-Negro sobre o assunto.

Eleito presidente do Flamengo em 2018, e reeleito em 2021, Rodolfo Landim teve sua gestão no futebol profissional marcada por conquistas de grandes títulos e quebras de jejum. Assim, apoiadores do atual mandatário, representados por José Carlos Peruano, conselheiro, sinalizaram a intenção de alteração no estatuto do clube, o que possibilitaria um terceiro mandato.

Para defender o pedido, Peruano utiliza o título da Libertadores de 2022, que deu vaga no Mundial de Clubes de 2025 (o primeiro no formato de 32 equipes), como base para indicar que Rodolfo Landim merece comandar o Flamengo por ter conseguido proporcionar, com grande elenco e investimento, novamente o caminho de protagonismo.

Membros da situação, no entanto, defendem que a emenda seja feita para prorrogar o mandato do atual presidente para quatro anos. Assim, Landim não precisaria de uma nova reeleição para fazer parte da disputa do novo Mundial de Clubes, pois, caso a alteração ocorra, seu mandato seria válido até o fim de 2025.

Em entrevista recente ao jornalista Mauro Cezar Pereira, o gestor rubro-negro disse estar ciente da proposta, mas descartou estar envolvido no pedido do aumento de seu mandato

"Só para deixar claro, não estou tentando nada. De fato, alguns conselheiros já comentaram superficialmente comigo sobre essa ideia, mas desconheço se tomaram alguma iniciativa no sentido de propor a mudança à comissão de estatuto do Conselho Deliberativo. Ouvi as ponderações deles. São pessoas queridas e que fazem parte do grupo que me apoia politicamente. Apenas isso", destacou.

Para a próxima eleição, portanto, a expectativa da atual gestão é de que o candidato seja o atual vice-presidente Geral e Jurídico, Rodrigo Dunshee. No entanto, o atual presidente do Conselho de Administração do clube, Luis Eduardo Baptista, o BAP, tem a pretensão de concorrer ao cargo nas próximas eleições, especialmente após romper com Landim em relação ao futebol. Caso BAP e Dunshee apareçam como candidatos, o receio da divisão de forças da atuão gestão e, consequentemente, um fortalecimento de uma possível terceira via, existe.

Procurados pela reportagem do DIA, Rodolfo Landim não quis falar sobre as eleições, destacando estar "muito cedo para tratar do assunto". Por outro lado, Luiz Eduardo Baptista não respondeu a reportagem.

A discussão sobre o tempo previsto no mandato dos presidentes rubro-negros não é recente. Em entrevista à ESPN Brasil, o presidente Rodolfo Landim falou sobre o assunto, e destacou que, a mudança, caso aprovada, impactaria todos os poderes internos do clube.

"É uma discussão antiga dentro do Flamengo se as pessoas deveriam ter mandato de três anos com reeleição ou se seria melhor mandato com quatro anos sem reeleição. Talvez, (a mudança seria) para que o mandatário trabalhasse para o clube e não para sua reeleição. Veio outra discussão se uma vez aprovada seria válida para essa eleição, falaram que o presidente seria beneficiado. É um assunto complexo", disse o atual presidente, antes de completar:

"O foco se dá sempre em cima do Conselho Diretor (presidente do clube). Se analisar o estatuto, se essa modificação fosse feita, deveria impactar todos os demais poderes, Conselho de Administração, Deliberativo, Fiscal, Assembleia Geral... tudo também seria ampliado por mais um ano", finalizou Landim.

O conselheiro Marco Aurélio Assef concorreu às eleições presidenciais do clube em 2021, mas ficou na segunda colocação. Recentemente, ele foi punido pelo Conselho Deliberativo e não poderá participar do próximo pleito. Ele fazia parte da defesa do ex-presidente Kleber Leite no julgamento sobre a anulação, ou não, do título do ex-mandatário e, antes do início da sessão em questão, divulgou registros do presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Alcides, em um bar horas antes da reunião.

Na reunião organizada pelo conselho do clube, no dia 20 de março, foi votada a pena de suspensão de Assef por 120 dias, além da inelegibilidade e perda do direito do voto nas próximas eleições do clube. O placar foi de 143 a 97 a favor da pena para o conselheiro. A punição foi criticada por membros de grupos políticos da oposição, que veem como uma movimentação da atual gestão.

Presidente do Flamengo entre 2013 e 2018, Eduardo Bandeira de Mello pode ser uma peça chave no resultado das eleições do clube. Atual deputado pelo PSB-RJ, o ex-presidente já deixou claro que voltará ao Flamengo para apoiar um candidato do seu grupo político, o "SóFLA".

"Como já disse, não tenho essa intenção (candidatura à presidência), embora possa apoiar uma que resgate os princípios de profissionalismo, impessoalidade, transparência e boa governança que marcaram a nossa administração", destacou Bandeira, em entrevista ao site "Coluna do Fla".