Roberto Assaf: Tite e a reinvenção da roda

Roberto Assaf: Tite e a reinvenção da roda
Roberto Assaf: Tite e a reinvenção da roda -

 

O que mais impressiona no futebol do Flamengo é que não há hoje no clube a ausência de recursos. A estrutura é elogiável. Os salários, altamente satisfatórios, estão em dia. O nível dos atletas está no primeiro plano da América do Sul. E seria um absurdo afirmar que o treinador não conhece nada do assunto. Logo, os problemas ficaram evidentes na ridícula derrota para o Palestino, quando os atletas erraram dezenas de passes de dois metros.

Pois vamos a eles. Não existe compreensão razoável entre Tite, e a sua CT, com os comandados. Afinal,  não há afinidade do cidadão, e seus colaboradores, com o mundo Flamengo. A necessidade de trocar as pilhas é imediata.

Tite, incompatível com o Flamengo

Não sou um entusiasta da demissão imediata de treinadores, afirmação que assustará quem está lendo, mas é fato que o clube só contrata personagens – desde Jorge Jesus – incompatíveis para o cargo, o que torna preciso recomendar demissões, como a do atual professor, caso contrário o desastre alcançará proporções idênticas às de seus antecessores.

Rogério Ceni foi uma continuação imediata de Jesus. Herdou-lhe os louros e teve o mérito de não cutucar os marimbondos. Mas Dorival Júnior foi exceção. Tanto que recompensou com sabedoria a freqüente e desprezível prática de poupar com os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores.

Muitos provavelmente tomarão um susto ao ver o ilustre português campeão de (quase) tudo entre os equívocos da diretoria. Assim, é importante ressaltar que o futebol não é matemática. Sim, Jesus também poderia fazer parte dessa turma de perdedores. Mas – quem sabe pelo nome que ostenta – soube driblar as adversidades, notadamente por três razões óbvias. Percebeu rapidamente – após utilizar um esquema lusitano, no qual Rafinha era apoiador, ou algo próximo – que a sua sobrevivência seria curta se não colocasse o óbvio em prática. Passou a escalar os titulares em todas as partidas, a solicitar que jogassem de forma ofensiva, e falou o idioma do futebol, que se aprende na rua e nos campinhos de terra, e que é quase sempre descartável quando a ciência é prioritariamente chamada a interferir.

Sete meses e…

Tite, pelo contrário, gastou em sete meses o próprio repertório, tentando reinventar a roda, pois, como outros, não consegue trabalhar de forma simples, como recomenda o secular esporte da bola nos pés. Jesus aprendeu rapidamente o que é Flamengo – força e alegria do povo – e como fazê-lo ganhar. Não mexeu no que funciona. Tite é um burocrata com dezenas de auxiliares, e a essa altura, como mostraram as imagens de Coquimbo, todos já visivelmente apavorados e conformados com o tamanho do problema que não souberam contornar.

Momento de decisão para a diretoria

A propósito, ao contrário do que aconteceu em diversas ocasiões anteriores, e em relação aos treinadores, é recomendável demitir o cara agora, antes de fazê-lo quando não existir mais chance alguma de conquistar nada. Outro detalhe: se a turma que manda no clube não tomar a providência, corre agora o risco de perder as eleições, ao fim de 2024. Só títulos no futebol salvam a continuidade. Enfim,  com o futebol que o Flamengo está jogando não ganha nem par ou ímpar.

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