Copa de clubes da Fifa ameaça atual ordem do futebol mundial

Copa de clubes da Fifa ameaça atual ordem do futebol mundial
Copa de clubes da Fifa ameaça atual ordem do futebol mundial -

A Europa não poupa críticas ao Mundial de Clubes da Fifa, mas não se engane: o motivo vai além do forte calor nos Estados Unidos. Embora as declarações recentes de alguns técnicos justifiquem a alta temperatura como o fator preponderante para o baixo rendimento de suas equipes no torneio, há uma disputa ainda maior.

A oposição ao Mundial, aliás, se dá em três frentes: ligas nacionais, classe de jogadores e uma parcela revelante da imprensa do Velho Continente.

Premier League e La Liga, por exemplo, travam longa batalha com a Fifa em relação ao calendário mundial. Já houve até mesmo processo por parte destas ligas em face da federação internacional com questionamentos sobre a autoridade para firmar o cronograma de partidas.

Prova disso é que Javier Tebas, presidente de La Liga e principal opositor do Mundial, se articula para o novo torneio não ter vida longa. Apesar do discurso voltado para o desgaste excessivo dos atletas ao fim da temporada europeia, ele admite o receio por conta dos efeitos econômicos em seu campeonato.

Afinal, o objetivo é comprar a baixo custo e, após a “industrialização” (com a formação de campeonatos nacionais de alta qualidade, além da continental Champions), vender por muito mais caro para outros centros. Inclusive o dos Estados Unidos.

Não esqueçamos, ainda, das altas cifras recebidas com a comercialização de torneios para o mundo árabe. Foi o caso da Supercopa da Espanha entre Barcelona e Real Madrid. Este é um claro exemplo do mecanismo de funcionamento da ordem atual do futebol mundial.

Diante desse cenário, contudo, aparece um concorrente que dá notável visibilidade aos mercados habitualmente explorados. Soma-se a isso os maus resultados dos europeus contra os sul-americanos, líderes de suas chaves, na primeira fase do Mundial. A saída, assim, era clara e altamente previsível: criticar para desvalorizar o produto.

Sistema europeu não vai ruir, apesar da ‘ameaça’ da Fifa

Logo, basta uma reflexão pontual: como os europeus irão manter o status quo de “colonizador” e explorar com o mesmo afinco o mercado sul-americano e parte do africano com a grande exposição destes clubes em um novo torneio? Fora outro elemento importante: o aumento da receita destes representantes não-europeus.

Além disso, é preciso ressaltar que o mercado é limitado para compra de direitos. Assim, a entrada de novos torneios resulta em prejuízos para as ligas nacionais.

A ameaça não vai chegar a ruir o sistema europeu, com uma nova realidade financeira. Entretanto, se o planeta passar a observar com olhos mais apurados diante do sucesso parcial dos sul-americanos no Mundial, a possibilidade de novos acordos para rivalizar com o Velho Continente se tornaria altamente possível.

Quem sabe assim os nossos clubes, além dos argentinos, conseguirão segurar por mais tempo suas joias e, consequentemente, proporcionar as ferramentas necessárias para a criação de competições fortes. Ainda que o patamar europeu, embora não se demonstre mais inalcançável, ainda seja mais elevado.

É verdade, porém, que o Mundial de Clubes apresenta falhas e ainda não se sustenta em receitas orgânicas. Mas, apesar da necessidade da injeção de fundos da Arábia Saudita para firmar o torneio, o mandatário da Fifa Gianni Infantino sabe movimentar as peças, levando a Uefa à loucura.

Os tempos, de fato, são outros. Fica a torcida e a expectativa para que este torneio da Fifa produza os frutos necessários a fim de movimentar a tão famigerada roda da fortuna.

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