O vilão das fake news
Notícias falsas se espalham devido à dificuldade de rastreamento no WhatsApp
Com a aproximação das eleições e o acirramento do debate político, é cada vez mais comum o compartilhamento de notícias falsas nas redes sociais. Segundo dados do Relatório de Segurança Digital no Brasil, divulgados pela empresa de aplicativos PSafe, apenas no primeiro trimestre deste ano foram detectadas cerca de 2,9 milhões de fake news no país, a maioria delas compartilhadas pelo WhatsApp. No segundo trimestre, o número cresceu 51,7% e alcançou 4,4 milhões. A região Sudeste foi a mais afetada com a disseminação de informações manipuladas, com cerca de 48% do total.
"O grande problema é que a gente está criando uma democracia baseada em trolls. O troll é aquele indivíduo que busca desestabilizar o outro através da humilhação. O outro, quando é visto como adversário político, é alvo de aniquilação a qualquer custo, o que é muito perigoso", diz Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Internet e Cultura.
A dificuldade de rastreamento da origem da mensagem do WhatsApp permite a disseminação de notícias falsas. Por isso o aplicativo é o preferido daqueles que desejam disseminar fake news. "O WhatsApp também passa a ideia de inimigo da democracia porque a informação compartilhada é como uma fraude que ninguém sabe de onde veio. Outra questão é que a pessoa que compartilhou pela primeira vez não necessariamente é autora do conteúdo; ela está apenas recebendo e replicando. O aplicativo também contribui para disseminar informações inverídicas por ser a principal plataforma online de muitas pessoas", afirma Malini.