Copa Graffiti pede passagem MH

Se engana quem pensa que a Copa ficou pra trás em julho. Desta vez, as chuteiras foram substituídas por sprays e os jogadores deram lugar a artistas. Foi assim que entrou em campo a Copa Graffiti, disputada em quatro bairros do Rio. O objetivo era transformar o entorno de algumas estações da Linha 2 do metrô, criando galerias de arte ao ar livre.

Divididos em quatro equipes de seis pessoas, 24 artistas tiveram a oportunidade de mostrar seus trabalhos ao pintar murais com a cidadania como temática. Cada grupo foi responsável por grafitar uma estação: Maracanã, Engenho da Rainha, Irajá e Acari/Fazenda Botafogo.

"Escolho os grafiteiros a partir de quem tem mais influência na cena. Nessa competição, tem um de cada região (Zona Norte, Zona Sul, Zona Oeste e Centro) e cada um monta sua equipe. A partir do tema cidadania, eles incorporaram a história local para criar o mural", explica o curador da Copa Grafitti, Airá O’ Crespo.

A iniciativa social da Copa foi além: encontros foram realizados pelo próprio Airá, com oficinas de desenho e pintura para alunos de escolas públicas municipais e comunidades. Essas aulas ofereceram às crianças e aos jovens a oportunidade de movimentar a cena local do grafite, além de despertar o interesse em quem tem o contato diário com o mural desenhado na sua região.

"Optamos por ter cada turma com um perfil diferente. Em Acari, a oficina aconteceu na escola onde Maria Eduarda, de 13 anos, foi assassinada no ano passado; no Maracanã, fizemos em uma escola só com alunos especiais; em Irajá, em uma escola para jovens do ensino médio; e, no Engenho da Rainha, foi aberto aos moradores em um centro comunitário. Foi super legal. Vários alunos já tinham facilidade com o desenho e podem se tornar multiplicadores. A ideia é deixar o legado para quem está passando pelo mural todos os dias", conta Airá.

As equipes participantes tiveram 15 dias para desenvolver os murais. O vencedor será escolhido por um júri técnico e também através de votação popular por aqui. O prêmio é de R$ 20 mil. As votações se encerram no dia 27 de novembro. Para Airá, a terceira edição do Copa Graffiti foi ainda mais especial do que as anteriores:

"Achei essa edição ótima porque a gente está fazendo a Copa quatro anos depois da anterior. Contamos com equipes e artistas mais maduros, mais capazes de interpretar o tema e a realidade. Nesse ano, os trabalhos tiveram uma conotação política, sem deixar de prezar o lado artístico. Temos obras belíssimas".