Rio - A chegada do calor agrava um incômodo corriqueiro aos cariocas que dependem do transporte público nesta época do ano: a infestação de baratas nos ônibus que circulam no Rio e na Região Metropolitana. Um vídeo publicado pelo perfil Jacarepaguá Notícias RJ, do Facebook, é assustador. Na linha LECD23 (antiga 766), que liga a Freguesia, na Zona Oeste, a Madureira, na Zona Norte, as pragas andavam aos montes num assento.
"Essa linha tem muita barata, sim. Eu presenciei isso. As pessoas não sabem o que fazer", comentou uma seguidora da página.
Desde o dia 1º de novembro, o site Reclame Aqui registrou 17 denúncias sobre isso, envolvendo diferentes empresas. Na sexta-feira, uma internauta postou fotos de um ônibus da linha 433, que liga Vila Isabel, na Zona Norte, até a Avenida Prado Junior, em Copacabana, na Zona Sul, que também estava infestada pela praga. Já o MEIA HORA presenciou tal fato na 497, que liga a Penha, na Zona Norte, a Laranjeiras, na Zona Sul.
"A barata carrega as bactérias nas patas. E passa pelos ferros em que as pessoas seguram. Depois, as pessoas passam as mesmas mãos na boca e no olho. A barata pode ser vetor de uma série de doenças, especialmente viroses e as bacterianas", disse a professora e doutora Amélia dos Santos, do Instituto de Ciências biológicas da Universidade de São Paulo (USP).
Respostas das viações
As empresas responsáveis pelas linhas citadas disseram que estão com a dedetização em dia. O consórcio Transcarioca, que inclui a Transportes Futuro, responsável pela LECD23 (antiga 766), afirmou que reforçará a limpeza de seus coletivos. Já a Transportes Vila Isabel, do 433, prometeu recolher o veículo citado na reportagem (A27637) para nova fiscalização e lavagem. A Viação VG, do 497, disse que levará em conta a queixa dos passageiros e revisará a frota.
Limpeza é fundamental
A professora Amélia dos Santos também alertou sobre a limpeza dos veículos no combate às baratas. "A limpeza é fundamental, mas é preciso tomar certos cuidados. Há tempos, algumas empresas limpam os ônibus com óleo sujo dos carros, mas esses óleos são orgânicos e acabam servindo de alimento aos insetos, favorecendo a reprodução deles. Aí, o efeito é o contrário", afirmou a especialista.
Coletivos são hotéis 5 estrelas para os bichos
Segundo a especialista Amélia dos Santos, duas coisas atraem as baratas aos ônibus: "Tem o fator alimentação. As pessoas comem, derrubam coisas. Isso é um hotel cinco estrelas para as baratas. Infelizmente, a cidade, por maus costumes, abre espaço para isso. Barata come desde papel até material orgânico. E tem também a questão de os ônibus serem um bom abrigo para elas. Tem abrigo, alimentação, a barata se reproduz", diz a professora da USP.
O segredo para manter uma dedetização eficiente, segundo Amélia, é trocar o produto usado nesse procedimento. "Geralmente, é usado o veneno malation, que é antigo. Quando usamos muito um só produto, damos resistência aos bichos. Matamos os sensíveis e deixamos os resistentes, que ficam com mais espaço e comida. Há muito tempo, eu uso o K-Otrini. Não tem cheiro, não faz mal e é eficiente. É usado em fazendas, para não matar os animais", diz.

