Enquanto o governador Wilson Witzel era atendido no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul, na manhã de quinta-feira, contrariando promessa de campanha de que somente usaria a saúde pública estadual, dezenas de pessoas aguardavam por horas para serem atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do mesmo bairro, que, por sinal, fica a cerca de 550 metros de distância da unidade particular. Na manhã de ontem, a situação era exatamente a mesma, com diversos cidadãos em longa fila de espera.
“Se temos que enfrentar uma peregrinação, o governador também deveria ser atendido em uma unidade do sistema público, como havia prometido na campanha, para ver o que passamos. Pago meus impostos para chegar em um local e não ser atendido. São uma vergonha as promessas desses políticos”, reclamou o aposentado Flaviano Campos, de 73 anos. Com fortes dores no estômago e diarreia, ele esperou muito tempo para ser medicado. “Tem muito idoso e criança. Está demorando muito. Acho que está faltando médico”, observou.
Segundo pacientes e acompanhantes que estiveram ontem na UPA Botafogo, a espera para atendimento tem levado de três a quatro horas. Eles reclamaram também da falta de medicamentos. “Na última semana estive aqui com minha filha e não tinha dipirona e e paracetamol”, contou a autônoma Evelaine Silva, 36 anos, que criticou também a ida do governador ao Hospital Samaritano. “Vi na televisão que ele tinha ido para um hospital particular. A promessa não vale mais? Mas imagina um governador esperando quatro horas para ser atendido. Jamais irá acontecer”, questionou.
Funcionários da UPA Botafogo, que pediram anonimato, denunciam as condições da unidade. Segundo eles, há falta profissionais, o que ocasiona a demora no atendimento, e de medicamentos. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), não houve fiscalização recente no órgão, porém, não informou se fará ou não uma inspeção no local.
Recomendação médica
Em nota, a assessoria informou que “o governador foi submetido, na quinta-feira, dia 2, aos exames de eletrocardiograma e ecocardiograma no Hospital Samaritano, em Botafogo, por ser próximo ao Palácio Laranjeiras e por recomendação médica. O ecocardiograma, exame feito para detectar insuficiência cardíaca, não está disponível em Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Cabe ressaltar que o atendimento foi emergencial e não houve uso de dinheiro público. O governador mantém o seu plano de saúde para casos de emergência ou de atendimento fora do estado do Rio ou no Exterior”.
Também em nota, a coordenação da UPA de Botafogo informou que “está com sua equipe completa de médicos, o que inclui quatro clínicos e dois pediatras. Até o momento (ontem), a unidade já realizou cerca de 300 atendimentos e a fila de espera está em torno de uma hora. A unidade informa também que possui em estoque medicação básica e de alto custo, como trombolíticos, usada em AVC”.