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Supervia lança plataforma de encontros para passageiros de trem

Espécie de Tinder sobre trilhos, a plataforma 'Tô de Love no Trem' volta após o sucesso do ano passado

Celso Almeida (E) e Matheus Almeida se conheceram pela plataforma e se casaram
Celso Almeida (E) e Matheus Almeida se conheceram pela plataforma e se casaram -

A chapa é quente sobre os trilhos da Central do Brasil. Eleito o Santo Antônio do subúrbio carioca, pelo seu potencial para promover casamentos, o trem ganhou uma forcinha na sua vocação de cupido. Hoje, entra no ar um hotsite para ajudar os usuários das composições a encontrar a cara-metade, mozão, crush ou que o coração mandar. Espécie de Tinder sobre trilhos, a plataforma "Tô de Love no Trem" volta após o sucesso do ano passado: 11 mil passageiros inscritos e 4 mil combinações ("matchs").

Em 2018, a primeira versão da campanha atraiu a atenção do administrador Celso Almeida, de 33 anos. Ele se encantou por Mateus, de 23, e enviou mensagem em uma sexta-feira através da plataforma. Foi aceito sábado e segunda-feira estavam juntos. Hoje, casados e morando juntos na Pavuna, são o maior caso de sucesso da ação da Supervia para o mês dos namorados.

"Gostamos porque não havia espaço separado para a comunidade LGBT. Podíamos mandar mensagem para qualquer pessoa por quem nos atraíssemos. É aberto, não tem preconceito", elogia o rapaz.

Os ônibus convencionais e do BRT também dão uma forcinha para os apaixonados Declarações como "Leidiane, você mudou a minha vida. Quer casar comigo?" ou "Luiza, me perdoa. Nunca mais vou errar com você! Eu te amo", enviadas por WhatsApp, são veiculadas nas TVs instaladas nos coletivos, entre anúncios e notícias. "Já teve um homem que primeiro mandou uma mensagem pedindo desculpas, depois o mesmo enviou outra mensagem dizendo que estava com o coração partido e um tempo depois, já estava se declarando para outra pessoa", conta a responsável pela produção da MovTV Mariane de Souza Rodrigues.

A ação pode ajudar a driblar a timidez entre uma viagem e outra. Apesar de já ter tido uma paixão no trem, a hostess Rafaela Magalhães, de 19 anos, conta que não tem coragem de puxar assunto, mas usaria outros métodos de conquista.

"Já fiquei interessada em uma pessoa no trem, mas acabou só na troca de olhares. Faltou coragem. Não sei se chegar na pessoa é legal, eu tiraria uma foto do crush e postaria em uma rede social, perguntando se alguém conhece. Já vi muita gente fazendo isso no trem".

Gostou? É só marcar com um ‘coração’

Para participar do Tinder sobre trilhos é simples. É só acessar o endereço www.todelovenotrem.com.br e preencher um formulário. Através do cruzamento de dados, o sistema mostra candidatos pelos quais o usuário pode se interessar. Se a pessoa gostar, é só marcar com coração. Caso o interesse seja recíproco, é possível começar uma conversa privada. Ano passado, foram mais de 15 mil mensagens trocadas nos 3.800 acessos diários.

Já na Movtv, através do WhatsApp 98396-1154, os passageiros exibem mensagens em telas em 398 ônibus convencionais nas Zonas Norte, Sul, Centro e no BRT (são 310 veículos em 34 linhas). É possível pedir para veicular a declaração em trajeto e dia específicos em que o amado irá utilizar o transporte.

Trem herda do bonde função de cupido

É nas paisagens dos bairros cortados pelos trilhos da SuperVia que o historiador Phillipe Valentim encontra inspiração para as crônicas de sua página no Facebook, a Escritor Suburbano. Pudera: seus pais se conheceram no trem.

“O trem herda do bonde essa função de grande cupido do espaço urbano. É o Santo Antônio do subúrbio. Ele tem essa aura de magia e de afetividade”, define Philippe.

Para ele, a tradicional paquera do trem é sutil. “Começa com olhares, quando se observa a estação onde a pessoa pega o trem, seu cotidiano, o horário. Olhares se cruzam, aí vem um sorriso, um ‘bom dia’. A aproximação tem esse encantamento, de ceder o melhor lugar, se oferecer para botar a bolsa no bagageiro”, define ele.