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'Ele era o mais alegre de todos', conta filha de pintor vítima de chacina em bar de São Gonçalo

No vídeo que mostra o grupo alvo de um ataque a tiros em São Gonçalo, no fim da tarde deste domingo, o pintor Waldir Pinto Oliveira Sobrinho, 60 anos, aparece cantando e dançando com os amigos. Segundo a filha, o comportamento era a síntese de como o pai levava a vida

Pintor Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 60 anos, foi uma das vítimas da chacina em bar de São Gonçalo
Pintor Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 60 anos, foi uma das vítimas da chacina em bar de São Gonçalo -
No vídeo que mostra o grupo alvo de um ataque a tiros em São Gonçalo, no fim da tarde deste domingo, o pintor Waldir Pinto Oliveira Sobrinho, 60 anos, aparece cantando e dançando com os amigos. Segundo a filha, o comportamento era a síntese de como o pai levava a vida. Ele foi uma das quatro vítimas mortas na chacina ocorrida no bairro de Porto Velho, no fim da tarde de domingo. 
"O meu pai era pintor, trabalhava na Pavuna, gostava de samba e sempre estava muito alegre. Ele era o mais alegre de todos. Estamos todos arrasados com o que aconteceu, todos que estavam no bar eram conhecidos", disse a advogada Paola Vasconcellos de Oliveira, 28 anos.
A filha única de Waldir reforçou que o encontro acontecia há mais de 30 anos, com o futebol seguido da confraternização o bar da Janete, uma das mortas na chacina, que fica em frente ao campo. Segundo ela, com base em relatos, os homens teriam atirado em outros pontos da região, mas não tinham acertado ninguém.
"Quando eles passaram na confraternização, que já estava terminando, as pessoas que estavam lá foram baleadas. Eu fiquei sabendo o que tinha acontecido por volta de 19h e que o meu pai estava no Pronto Socorro de São Gonçalo. Eu fui até lá e ele já havia sido transferido para o Hospital Estadual Alberto Torres e lá estava passando por uma cirurgia. Momento depois, o médico veio e disse que ele não havia resistido a cirurgia", lamentou.
Paola conta que a região era muito tranquila, mas nos últimos 20 dias a violência tem aumentado. "Houve muitos tiros, muitos assaltos, e ali sempre foi uma região muito tranquila. Nunca tivemos algo assim lá na região. O meu pai começou a dizer nos últimos dias que estava ficando muito perigoso o bairro e que ele via muitas pessoas assaltando no mercado, voltando do trabalho e que era para eu ter cuidado", contou.
A filha de Valdir foi uma das que estiveram na manhã desta segunda-feira no Instituto Médico Legal Legal (IML) de Tribobó. Também foram até o IML os parentes de Fábio Rosa e do professor de espanhol José Luiz Caetano em busca da liberação dos corpos. 
Waldir Papel, como era conhecido, era compositor de samba da escola de samba Porto da Pedra. Em nota, a agremiação lamentou a morte do idoso. "O presidente Fábio Montibelo, e toda a família Porto da Pedra, se solidarizam com os familiares do compositor Waldir Papel, que faleceu na noite passada, depois de ser atingido por tiros, disparados por ocupantes de um veiculo, quando estava com amigos em um bar, no bairro Porto Novo. Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares ratificando nosso voto de pesar pela perda de um de nossos poetas".
A chacina que matou quatro pessoas e feriu outras sete teria sido uma represália do tráfico de drogas após perder o controle da região para a milícia. Segundo a polícia, nenhuma das 11 vítimas tinha passagem pela polícia.