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Agente penitenciário que atirou em carro diz que se confundiu e pediu desculpas às vítimas

Cristóvão da Silva Nunes foi preso em flagrante por ter disparado contra veículo em Realengo, Zona Norte do Rio

Carro foi atingido por vários tiros dados por agente penitenciário
Carro foi atingido por vários tiros dados por agente penitenciário -
O agente penitenciário que atirou contra um carro, que transportava uma família, na noite de domingo em Realengo, disse que se confundiu. Cristóvão da Silva Nunes confessou que pensou se tratar do seu próprio veículo, que havia sido roubado. O agente foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, mas já foi liberado em audiência de custódia. O motorista do veículo baleado ficou ferido de raspão durante a ação.
O delegado titular da 35ª DP (Campo Grande), Luis Mauricio Armond, disse que o agente permaneceu no local do crime e pediu desculpas às vítimas. "Ele foi preso em flagrante por tentativa de homicídio. Fizemos a prisão, ele falou que se confundiu e um pouco depois pediu desculpas às vítimas", explica Armond.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o carro onde estava uma família que foi alvo de vários disparos dados por um agente penitenciário, no último domingo. O registro foi feito por uma mulher que estava no banco traseiro e diz ter escapado da morte. 
Ela conta pelo menos nove marcas de tiros no veículo e aponta para um, no banco traseiro, onde a mulher disse que estava sentada. "O pior de todos: está vendo o tiro no banco? Exatamente onde eu estava. Se eu não tivesse abaixado, tinha tomado um tiro no meio dos meus peitos", narra a mulher.
O homem que estava no veículo foi atingido de raspão no braço e socorrido ao Hospital Municipal Albert Schweitzer. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que "foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o caso".
80 tiros em Guadalupe
O caso lembra a ação militar que matou o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo no dia 7 de abril, no bairro de Guadalupe, na Vila Militar, Zona Norte. Os militares abriram fogo contra o veículo e disseram ter confundido a família com criminosos. Evaldo estava com a família, indo para um chá de bebê, quando se deparou, por volta das 14h30, com uma patrulha do Exército. Em seguida, o veículo foi atingido por tiros. O músico morreu e o sogro dele, Sérgio Gonçalves, ficou ferido. Os demais ocupantes, a esposa de Evaldo, Luciana dos Santos, o filho de 7 anos e a amiga do casal, Michele da Silva Leite, não foram atingidos. O catador Luciano foi baleado quando tentava ajudar Evaldo e sua família. Ele faleceu no hospital. 
A Justiça Militar terminou de ouvir em junho testemunhas de defesa dos militares do Exército envolvidos no caso. Foram ouvidas 11 testemunhas, quase todas militares. As testemunhas de acusação, incluindo a família alvejada, foram ouvidas em maio. A próxima fase do inquérito será em agosto, quando novas testemunhas de defesa serão ouvidas. A expectativa da promotoria é encerrar o caso ainda este ano.