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Vans param de circular nesta semana, na transição para novo sistema de transporte

Novos permissionários deverão levar de 15 a 30 dias para preparar veículos e retornarem às ruas, atendendo aos distritos e regiões afastados do centro da cidade. Mais ônibus entrarão em circulação

No novo sistema de transporte coletivo de Campos, os ônibus vão circular na área mais central, levando os passageiros de bairros e distritos mais distantes até terminais nos arredores da cidade, onde serão servidos pelas vans e micro-ônibus
No novo sistema de transporte coletivo de Campos, os ônibus vão circular na área mais central, levando os passageiros de bairros e distritos mais distantes até terminais nos arredores da cidade, onde serão servidos pelas vans e micro-ônibus -
Campos — A partir de sexta-feira, todas as vans e veículos que fazem o transporte alternativo de Campos param de circular. No maior município do Estado, o sexto maior do país, com área territorial de 4000km2, e séria escassez de ônibus que atendam às regiões mais distantes do centro da cidade, vácuo ocupado pelos autônomos, é mais do que previsível a grita generalizada, dos antigos permissionários à população que contava com as vans para cobrir os muitos quilômetros da planície goytacaz. Uma “briga" considerável que a gestão Rafael Diniz comprou, convencida de que a implantação do novo sistema de transporte coletivo é fundamental para o desenvolvimento de Campos e a melhora da qualidade de vida da população.
“Sabemos que teremos problemas, que haverá muitas reclamações, que muita gente está insatisfeita agora, mas confiamos que a população vai reconhecer a melhora mais à frente”, aposta Felipe Quintanilha, presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT).
Felipe Quintanilha, presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes de Campos, apresenta o novo sistema de mobilidade urbana da cidade, e revela ter recebido ameaças de morte - Divulgação/Prefeitura de Campos
A retirada completa do transporte alternativo é provisória, início do período de transição para o novo projeto de mobilidade urbana, um dos principais projetos e grande aposta da prefeitura. Nele, os ônibus estarão dedicados a um raio mais central, reforçando a disponibilidade e a periodicidade de circulação na área mais urbana do município (hoje também deficitária e ineficiente), e vans e micro-ônibus farão os trajetos mais longos, de áreas de menor densidade populacional até terminais nos acessos à região metropolitana, no que foi batizado de sistema tronco-alimentador.
“Reconhecemos a importância dos transporte alternativo, até porque é inviável economicamente manter uma linha de ônibus que percorra 80km com baixa ocupação, sem contar as gratuidades”, argumenta Quintanilha. “Mas no modelo atual vans e ônibus competem entre si. No novo sistema, eles vão trabalhar em conjunto, um ajudando a alimentar o outro”.
Quintanilha pede aos campistas paciência para suportar um período de 15 a 30 dias até que os novos permissionários das linhas periféricas voltem a circular. Tempo necessário para regularização de documentos e preparação dos veículos, com adesivação e equipamentos como GPS. Enquanto isso, a prefeitura espera mitigar os transtornos com o aumento da frota de ônibus, dos atuais 180 para 260.
E onde estavam esses coletivos? Nas garagens, estacionados. E por que não rodavam antes? Pelas razões acima: distância demais, passageiro de menos.
“Empresário não joga dinheiro fora. Se colocarem mais veículos nas ruas, tomam prejuízo”, diz Quintanilha.
Foi justamente para atacar essa complexidade geográfica e populacional (72% dos moradores limitados a um raio de 60km do centro; o resto espalhado por 3600km2) que o novo sistema de transporte foi pensado.
Uma mudança tão radical, e que altera relações de força nesse mercado, certamente haveria de suscitar insatisfação, questionamentos e até ameaças. Mas Quintanilha garante que tudo foi feito com transparência e um ouvido atento às demandas de todos os envolvidos.
“Todos os atores puderam apresentar suas questões. Ouvimos a população em 10 audiências públicas. O projeto de lei foi apresentado e discutido na Câmara (de vereadores) e aprovado por unanimidade”, aponta o presidente do IMTT, alvo de ameaças de morte desde o ano passado.
Depois do mês previsto para a adequação dos 235 permissionários de vans e sua volta às ruas, os tais 260 ônibus permanecerão em utilização, mas, espera-se, atendendo de forma mais eficiente e permanente à região metropolitana. Os horários também serão ampliados. A promessa é por linhas operando regularmente até à meia-noite, com a implantação futura de linhas-corujão, que sirvam aos núcleos gastronômicos e de lazer noturno de Campos.
O novo sistema vai trabalhar a partir de seis grandes regiões distritais: Baixada Campista, Barretos (no limite com São João da Barra), Norte (BR-101 rumo ao Espírito Santo), Sapucaia e Três Vendas (BR-356, Itaperuna), Rio Preto (RJ-158, São Fidélis), e Serrinha e Dores de Macabu (BR-101, Niterói). Elas serão alimentadas pelas novas vans.
Aplicativo - No anúncio oficial do novo sistema, também foi apresentado o Mobi Campos, sistema informatizado de monitoramento em tempo real de todas as linhas. Com ele, o usuário poderá observar por GPS todos os ônibus e vans em circulação e saber, por exemplo, quando seu ônibus passará por seu ponto, poupando tempo de espera e aumentando a segurança e o conforto do passageiro. A princípio, o aplicativo estará disponível apenas para Android. Quem usa o iPhone poderá acessar o Mobi pelo navegador de internet.
No novo sistema de transporte coletivo de Campos, os ônibus vão circular na área mais central, levando os passageiros de bairros e distritos mais distantes até terminais nos arredores da cidade, onde serão servidos pelas vans e micro-ônibus Divulgação/Prefeitura de Campos
Felipe Quintanilha, presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes de Campos, apresenta o novo sistema de mobilidade urbana da cidade, e revela ter recebido ameaças de morte Divulgação/Prefeitura de Campos