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Gari encontra R$ 700 e devolve à idosa que pagaria aluguel em Realengo

Leandro de Carvalho Silva, 31 anos, trabalha há 10 anos na Comlurb e diz que a idosa é conhecida no bairro, onde ele mora e também trabalha. Gesto do gari repercutiu nas redes sociais:

Gari Leandro de Carvalho Silva achou R$ 700 de idosa em Realengo e devolveu dinheiro, que seria usado para pagar aluguel
Gari Leandro de Carvalho Silva achou R$ 700 de idosa em Realengo e devolveu dinheiro, que seria usado para pagar aluguel -
Um gari que fazia coleta de lixo achou R$ 700 de uma idosa que saía para pagar o aluguel da filha em Realengo, na Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira. O funcionário da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) devolveu o dinheiro da senhora e seu gesto repercutiu nas redes sociais.

Leandro de Carvalho Silva, 31 anos, trabalha há 10 anos na Comlurb e diz que a idosa é conhecida no bairro, onde ele também mora e trabalha. Ela saía para pagar o aluguel da filha e foi colocar o dinheiro no bolso, mas a blusa estava por cima e o bolo de cédulas dobradas caíram no chão. Instantes depois o gari passou recolhendo o lixo, por volta das 9h, e achou o dinheiro na Travessa Piraquara com Rua D, mas ficou sem saber de quem seria.

"Eu não sei quem tinha deixado cair e tinha muita gente ao redor. Não tinha como perguntar para qualquer um, pois alguém poderia dizer que era o dono e não ser. Perguntei para duas pessoas se tinham 'algum dinheiro no bolso', um disse que não e outro falou que estava com R$ 20 e questionou a pergunta, aí mostrei que tinha achado R$ 700", conta Leandro. Ambos lembraram que a idosa tinha subido a rua, mas retornado pouco tempo depois para casa.

"Eu fui na casa da 'vó', como costumamos chamá-la aqui na rua, e perguntei: 'vó, a senhora perdeu algo?'. Ela disse: 'meu filho, perdi R$ 700'. Falei que ela não tinha perdido e sim encontrado. Ela estava nervosa, quase chorou quando contei que tinha achado", narra o gari, dizendo que a idosa já estava com a pressão arterial alterada por conta do incidente.

"Ela ficou muito agradecida, disse que 'Deus me colocou ali'. Nunca pensei que acharia tão rapidamente o dono do dinheiro. Como trabalhamos diariamente nessa região, ela sempre está dando um cafezinho para a gente, um pão, um bolo".

Leandro vive de aluguel e disse saber da dificuldade que é quitar mensalmente o dinheiro do imóvel onde mora no mesmo bairro com a mulher e duas filhas, uma de cinco anos e outra de quatro meses. "Também pago aluguel, não gostaria de perder esse dinheiro. Você dorme pensando no aluguel, paga e mês que vem já está devendo novamente", explicou, dizendo que luta para comprar uma casa própria.

O funcionário da Comlurb falou que é comum achar coisas perdidas nas ruas. Ele reforça que nunca fica com o que não é seu e faz de tudo para achar o dono. "O que é meu, é meu, o que não é tenho que entregar. Gosto de conquistar minhas coisas com suor, com fruto do meu trabalho. E a vida está muito difícil, imagina se não devolvem o dinheiro dela? Quem tem R$ 700 em pleno dia 27? Deus vai agradecer isso que eu fiz, pois foi de bom coração. Ficou feliz de fazer o bem", disse.

O laço de amizade com os moradores da região onde trabalha também faz parte da rotina dos trabalhadores da Comlurb, conforme conta Leandro. "Procuro sempre fazer amizade com os moradores onde trabalho. Nunca sabemos o dia de amanhã, posso passar mal, precisar ser socorrido, e eles podem ajudar. Isso que aconteceu só fortalece, onde eu passava falavam comigo, me parabenizavam", falou.

Leandro tenta transmitir gestos como este com a idosa para a filha mais velha, de 5 anos. "Eu quero que ela cresça e se espelhe nisso, no que eu faço de bom. Seja uma pessoa responsável, trabalhadora, que respeite as pessoas. Sempre transmitir o bem, pois você recebe de volta", concluiu. A postagem da página Padre Miguel News, que divulgou a história, teve mais de 10 mil curtidas, dois mil comentários e 1,4 mil compartilhamentos.