Mais Lidas

Protesto contra mortes

Mães de vítimas da violência criticam política de segurança e uso do 'caveirão voador'

Sede do governo estadual, o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, foi cenário de um protesto de mães de vítimas da violência, ontem. Manifestantes penduraram 16 uniformes escolares com manchas vermelhas, numa alusão ao número de crianças feridas por balas perdidas este ano, incluindo Ágatha Félix, de 8 anos, morta há uma semana no Complexo do Alemão. Há uma 17ª criança ferida: Vitória Ferreira da Costa, de 11 anos, baleada no Catumbi, na terça-feira.

O grupo criticou a política de segurança do governador Wilson Witzel (PSC). Mãe de um jovem executado aos 19 anos, em 2003, no Morro do Borel, Maria Dalva da Costa, de 65 anos, cobrou o fim do 'caveirão voador' (helicóptero blindado da polícia).

"É nas favelas que a polícia vai para matar. As nossas vidas negras e do povo favelado não valem nada. A gente tem nossas rotinas interrompidas todos os dias quando tem o caveirão aéreo sobrevoando nossas casas e efetuando disparos", reclamou.

Relatos parecidos foram dados na Assembleia Legislativa. Em audiência pública, Katia Cilene Gomes, mãe de Jenifer Cilene, de 11 anos (primeira criança morta durante ação policial este ano), declarou que não recebeu nenhuma assistência do governo. "Comecei a pedir socorro e demorou até que os policiais à paisana parassem de atirar. Eles alegaram que estava tendo confronto, mas a rua estava vazia", relembrou. "Não tive nenhuma ajuda. Meu filho está tendo que tomar um medicamento forte e caro e até isso eu estou tendo que pagar", acrescentou.