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Morto em barbearia no Para-Pedro, jovem faria 18 anos em duas semanas

Pai do rapaz lamentou a morte do filho e disse que, segundo a vizinhança, Kelvin foi morto por ocupantes de uma moto

O PM flagrado atirando após o enterro do corpo de Kelvin (detalhe)
O PM flagrado atirando após o enterro do corpo de Kelvin (detalhe) -
Rio - Faltando apenas duas semanas para completar 18 anos, Kelvin Gomes Cavalcante foi morto a tiros enquanto cortava o cabelo numa barbearia, na comunidade Para Pedro, em Irajá, Zona Norte do Rio, na tarde de quinta-feira. A Polícia Militar informou que o confronto entre agentes do 41º BPM (Irajá) e criminosos aconteceu em outro ponto da comunidade de onde o jovem foi baleado e que apura o momento exato da troca de tiros para saber se aconteceu antes, durante ou depois que Kelvin foi morto e seus três colegas baleados.
Familiares de Kelvin estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de São Cristóvão durante a manhã desta sexta-feira e aguardam a liberação do corpo para o enterro, que deve acontecer nesta tarde, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte. O pai do rapaz, o serralheiro Ezequiel Correa Cavalcante, lamentou a morte do filho e disse que, segundo a vizinhança, Kelvin foi morto por ocupantes de uma moto.
"Segundo relato, dois caras numa moto atiraram no meu filho. Os homens teriam matado meu filho primeiro. Falar que foi bala perdida não foi, porque, segundo o que estão me contando, meu filho levou seis tiros e isso é uma execução, e outros colegas do meu filho também foram alvejados, mas graças a Deus estão bem", contou.
Segundo Ezequiel, Kelvin tinha parado de estudar para poder trabalhar numa caixotaria, no Ceasa. No entanto, um dos planos do rapaz para o próximo ano era retomar os estudos.
"Meu filho largou os estudos para trabalhar, porque nem sempre a gente tem dinheiro para comprar uma roupa para os nossos filhos e eles optam por trabalhar. Mas meu filho disse que ano que vem ia voltar a estudar de novo, porque queria o melhor para ele e eu estava incentivando. Mas ceifaram a vida do meu filho, agora só tem a tristeza neste momento”, disse. “Meu filho não era bandido, meu filho era trabalhador e muito querido. Tinham falado que meu filho era um traficante, mas isso é completamente mentira. Se ele fosse bandido eu já estaria esperando por esse fim, mas não. Eu esperava que meu filho crescesse e me desse netos”, declarou o serralheiro, emocionado.
Sobre a informação inicial de que havia um confronto armado na hora em que Kelvin e os outros três rapazes foram baleados, o pai negou. Entretanto, Ezequiel também não descarta a possibilidade de policiais terem sido os responsáveis pela morte de seu filho.
"Eu não tenho como afirmar se foi isso ou se foi a polícia que matou meu filho. Eu não posso condenar a polícia, mas também não posso descartar a possibilidade. Confronto não existia na comunidade naquele momento. Até porque se tivesse, ele não iria ficar na rua no meio do fogo cruzado. Meu filho estava cortando o cabelo, tinha acabado de mandar mensagem para a mãe dele, dizendo que depois ia almoçar com ela. Meu filho ia fazer aniversário no próximo dia 26 e aconteceu essa tragédia", finalizou.

Além de Kelvin, outros três colegas dele, que também estavam na barbearia, foram baleados.

CONFRONTO ENTRE POLICIAIS E CRIMINOSOS

A Polícia Militar informou que equipes do 41º BPM (Irajá) foram até a comunidade para checar uma denúncia sobre a localização de traficantes e chegando no local houve confronto armado. Um suspeito foi baleado e com ele os militares apreenderam um fuzil e uma granada.

A PM apura se essa troca de tiros foi antes, durante ou depois do momento em que os adolescentes foram atacados a tiros.
O PM flagrado atirando após o enterro do corpo de Kelvin (detalhe) Reprodução de vídeo
Kelvin Gomes Cavalcante, de 17 anos, aguardava para ser atendido em barbearia quando foi baleado no Para-Pedro Reprodução Facebook
Kelvin Gomes Cavalcante, de 17 anos, aguardava para ser atendido em barbearia quando foi baleado no Para-Pedro Reprodução Facebook