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Empresários estão entre os mais de 15 presos em operação contra furto de combustíveis

Quadrilha desviava álcool, gasolina, óleo diesel, lubrificantes de refinarias usando caminhões-tanques legais

Presos na operação foram levados para a Cidade da Polícia
Presos na operação foram levados para a Cidade da Polícia -
Rio - A Polícia Civil faz, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, a Operação Saccularius, contra uma quadrilha de furto e adulteração de combustíveis, que age em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. São 17 mandados de prisão preventiva, 14 de busca e apreensão em empresas e residências dos investigados e outros 15 de busca e apreensão de caminhões-tanques utilizados no transporte de combustível.
Até o momento, 18 pessoas foram presas, dentre elas duas em flagrante. Dentre os capturados, estão três empresários, responsáveis pelo fretamento de combustíveis, através de empresas legais.
A ação conta com 120 policiais do Departamento Geral de Policia da Baixada (DGPB) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Também foi pedido o bloqueio dos bens adquiridos e utilizados pela quadrilha, avaliados em R$ 8 milhões.
ATUAÇÃO
De acordo com as investigações, que duraram oito meses, a organização criminosa usava as empresas para fazer o transporte dos combustíveis. No entanto, parte da carga era desviada para diversas garagens de Caxias. Esses locais são conhecidos como "'biqueiras" e são usados para comércio clandestino.

Os desvios eram feitos depois que os caminhões eram carregados na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). A quantidade furtada variava, desde as chamadas "cotinhas", de 60 a 120 litros, à grande carregamentos de mil litros. Nesses casos, o conteúdo do caminhões-tanques era diluído com solventes, fazendo assim a adulteração do combustível.
Ainda segundo a Polícia Civil, as carretas deixavam as distribuidoras e seguiam para a garagem das empresas e de terceiros, onde era feito o furto parcial da carga. De lá, o combustível seguia para a entrega final, geralmente em postos de combustíveis ou empresas que usam geradores, como hospitais.
Presos da operação foram levados para a Cidade da Polícia - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
CÂMERAS E MONITORAMENTO
A investigação comprovou que durante o carregamento dos caminhões, ainda nas distribuidoras, as câmeras e os equipamentos de rastreamento dos veículos eram desligados. Assim, eles seguiam para o local do furto e adulteração, tendo seu lacre rompido e depois recolocado. 
As carretas, então, retornavam às distribuidoras, onde os equipamentos eram religados para seguir normalmente para a entrega planejada.
Policiais encontraram local onde o combustível era furtado e adulterado - Divulgação / Polícia Civil
R$ 2 A R$ 3 O LITRO
A quadrilha desviava diariamente milhares de litros de álcool, gasolina, óleo diesel, lubrificantes e combustíveis para abastecimento de navios.
O material furtado era usado para abastecer os próprios caminhões-tanques, outros veículos das garagens usadas e revendidos a diversos receptadores. O preço do litro variava de R$ 2 a R$ 3, fazendo com que o faturamento mensal do bando chegasse a R$ 4 milhões.
Operação conta com a participação de mais de 100 policiais - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
FUNCIONÁRIOS TRABALHANDO 'DE GRAÇA'
O crime era tão lucrativo que algumas pessoas que trabalhavam para os empresários não tinham salário e vínculo trabalhista formal. Eles tinham sua renda através de parte do combustível furtado, chegando a lucrar R$ 6 mil por semana.
"A organização criminosa atuava sobretudo em razão da falta ou deficiência na fiscalização dos clientes sobre a quantidade e qualidade do combustível comprado, além da omissão de distribuidoras em comunicar a polícia subtrações constatadas junto a seus clientes, acarretando apenas suspensão temporária do motorista vinculado a empresa criminosa em abastecer na distribuidora", destaca o delegado Uriel Alcântara, titular da 60ª (Campos Elíseos), responsável pelas investigações.
Policiais encontraram local onde o combustível era furtado e adulterado - Divulgação / Polícia Civil
DIVISÃO DOS TRABALHOS
As tarefas dentro da organização criminosa eram divididas entre empresários proprietários, que eram os líderes do esquema; entre quem trabalhava dentro das garagens, fazendo o desvio do combustível; e os motoristas que transportavam o material, que avaliavam a quantidade a ser furtada de acordo com a fiscalização dos clientes, como postos, hospitais e empresas.
"A organização criminosa estruturada em Duque de Caxias, mas com atuação por todo estado, utilizava-se empresas de transporte de combustível legalmente constituídas para conferir licitude aos crimes cometidos por seus integrantes que, associados permanentemente e atuando de forma reiterada, praticavam crimes de furto qualificado, receptação e adulteração de combustível, crimes contra ordem econômica, ordem tributária, relações de consumo, crimes contra o meio ambiente e lavagem de dinheiro", Iuri acrescenta.
Presos na operação foram levados para a Cidade da Polícia Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Presos da operação foram levados para a Cidade da Polícia Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Policiais encontraram local onde o combustível era furtado e adulterado Divulgação / Polícia Civil
Operação conta com a participação de mais de 100 policiais Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Policiais encontraram local onde o combustível era furtado e adulterado Divulgação / Polícia Civil
Policiais encontraram local onde o combustível era furtado e adulterado Divulgação / Polícia Civil
Material era levado para garagens das empresas para ser desviado Reprodução / TV Globo