O primeiro dia útil já com as mudanças nos horários de partida das barcas foi de reclamação e correria na manhã de ontem, nos portões de saída da Estação Praça XV, na Região Central do Rio. Passageiros que vinham de Niterói e Paquetá diziam que os atrasos nas saídas das embarcações também estavam causando desconforto. No ano passado, o atraso na partida das embarcações foi a queixa mais frequente entre os usuários, segundo dados da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp). Comparando com 2018, o número de reclamações aumentou 192%.
"Hoje foi aquele dia em que tudo deu errado. Além das mudanças, houve atrasos. A decisão deles passou por cima do pedido dos moradores", disse o maqueiro Flaviano Souza de Freitas, de Paquetá.
Além dos novos horários nas embarcações vindas de Paquetá, a mudança ocorreu na travessia entre as estações Arariboia (Niterói) e Praça XV (Rio). Os intervalos entre as viagens, antes de 10 minutos, passaram para 15 minutos.
"Isso (os novos horários e intervalos das barcas) muda muita coisa. É pouco tempo, mas altera um planejamento que cada pessoa precisa fazer. Muitos evitam a Ponte Rio-Niterói por conta do trânsito, mas com essa loucura toda, talvez seja a melhor decisão optar pelo ônibus", afirmou o auxiliar administrativo Alexandre Bezerra, morador de Itaboraí.
Segundo a Agetransp, o número de reclamações contra a CCR em 2019 foi de 260, 171 a mais que no ano anterior. Dessas, 65 eram ligadas diretamente ao atraso das embarcações. As outras são: problema de ar-condicionado das embarcações e má conservação.
Em nota, a Secretaria de Estado de Transportes informou que, no primeiro fim de semana da nova grade de horários na linha de Paquetá, a operação das barcas não apresentou superlotação.
Fim de semana conturbado nas barcas
“A gente nem precisa falar nada. As imagens divulgadas nas redes sociais mostram o que aconteceu. A gente acaba temendo que a ilha perca os turistas”, reclama Washington Luís.
Após conseguir a aposentadoria, a professora Ângela Bispo disse que está vendo seu sonho se tornar em pesadelo.
“Desde criança que tive esse desejo de morar em Paquetá. O problema é que assumimos alguns compromissos aqui no Rio e isso acaba implicando com essas mudanças de horários. Assim como eu, muita gente está pensando em voltar para o Rio. A gente teme que Paquetá se torne uma ilha fantasma”.
O novo modelo de horário da CCR-Barcas retira de circulação no trecho Praça XV-Paquetá-Praça XV sete viagens. Fins de semana e feriados são 11 travessias a menos.
Representantes da associação de moradores de Paquetá dizem que irão continuar com as reinvindicações pedindo a revogação dos novos horários.
Em nota a CCR-Barcas informa que registrou uma taxa de ocupação de 26% dos lugares ofertados pela empresa na linha Paquetá durante o primeiro fim de semana de operação com as medidas autorizadas pela justiça. A CCR diz que a medida é para reverter um prejuízo de R$ 7 milhões no serviço.