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Desfile de alfinetadas

Com tom irônico e crítico, São Clemente vai falar sobre a vigarice brasileira na Sapucaí

'Se o Carnaval carioca fosse um jornal, a São Clemente seria a charge na capa'. A frase estampada na sala do carnavalesco Jorge Silveira mostra o tom irônico e crítico que a Preta e Amarela quer levar para a Sapucaí este ano. Focada em alcançar o Desfile das Campeãs, após anos amargurando baixas colocações no Carnaval, a agremiação de Botafogo fará uma passagem pela vigarice brasileira desde o período colonial até os dias atuais. Da venda de terrenos na Lua até a má-fé de religiosos, nada vai escapar das criativas alfinetadas.

No quarto setor, uma alegoria dividida em dois cenários vai lembrar a corrupção na política. Em um palanque, políticos se venderão "como a solução dos problemas", com o intuito de aplicar golpes. Na parte de trás, o presídio de Bangu será retratado com direito a sala VIP. "Dos nossos últimos governadores, quatro tiveram uma passagem por lá. Eles serão lembrados", revela.

O humorista Marcelo Adnet, compositor do samba-enredo da escola, será destaque nesse carro. Nos bastidores, corre a informação de que ele virá fantasiado como o presidente Jair Bolsonaro, mas a São Clemente mantém segredo. "O Adnet me trouxe leituras que eu nem mesmo sabia que poderia ter do tema. A proposta é, desde o ano passado, resgatar a identidade crítica e irreverente da escola. Vamos mergulhar de cabeça nessa perspectiva. Isso é uma forma de se relacionar com a memória afetiva do carioca sobre a São Clemente dos enredos dos anos 80 e 90", explica o carnavalesco.