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'É um estado de humilhação, pesado e de tristeza', diz padre em Acari

Igreja em comunidade devastada pelo temporal distribui doações para cerca de 200 pessoas nesta terça-feira

Fila de moradores de comunidade em Acari se formou em frente à igreja católica nesta terça-feira
Fila de moradores de comunidade em Acari se formou em frente à igreja católica nesta terça-feira -
Uma enorme fila se formou em frente à Igreja Nossa Senhora de Nazaré, em Acari, na Zona Norte do Rio, desde as 9h da manhã desta terça-feira. Pelo menos 200 famílias afetadas pela chuva que abateu a Região Metropolitana nos últimos dias foram ao local buscar ajuda. Uma esperança em meio a perdas que se repetem na região.
"A paróquia se tornou um polo de assistência para vítimas da chuva. Nós tivemos duas grandes situações de enchentes em Acari. Há duas semanas, já tínhamos assistido 200 famílias com cesta básica e roupas, e agora aconteceu de novo uma enchente que arrasou a comunidade do Acari. Ontem (segunda-feira), ao longo do dia, muitas pessoas vieram aqui na igreja perguntar se não iríamos ajudar de novo", diz o padre Sergio Luiz Julio dos Santos, que organiza a ação.
De acordo com o pároco, o clima entre os moradores da comunidade é de muita tristeza. "É um estado de humilhação. O ambiente está muito pesado, de tristeza, porque as pessoas relatam que todo ano passam pela enchente e não têm como sair para outro lugar", conta o religioso. Segundo o padre, quase todos os moradores tiveram suas casas tomadas por água em mais de um metro de altura e perderam os poucos móveis e eletrodomésticos que tinham, além de mantimentos. "O povo está desesperado. E lá dentro da comunidade, na Praça Roberto Carlos, onde faleceu um rapaz afogado, há relatos de que os moradores estão cabisbaixos, um clima de tristeza, desolação", afirma.
Cerca de 200 pessoas foram buscar ajuda em igreja em Acari nesta terça-feira - Divulgação
A onda de solidariedade é formada até mesmo por pessoas que também tiveram prejuízos com a enxurrada. Segundo o padre, moradores de Realengo, bairro da Zona Oeste bastante castigado pelas chuvas, e da Baixada Fluminense, também arrasada pelos alagamentos, participam da ação para ajudar quem mais precisa. Para o religioso, o sentimento de fraternidade que surge em ocasiões de grandes tragédias na cidade inspira aqueles que buscam um sentido para a vida.
"Muitas pessoas buscam um sentido para a vida, pessoas que reclamam até de um certo vazio existencial. Nessas horas que a gente descobre o sentido da nossa vida, que é viver para o outro, para ajudar aquele que precisa. Nessas horas de calamidade vemos as pessoas servindo as outras com alegria. Estou aqui com paroquianos que tiveram suas casas alagadas, pessoas que vieram de Nilópolis, Realengo, e passaram por situação difícil, mas que vieram para ajudar os que precisam", comenta o padre.
Segundo ele, as doações continuarão ocorrendo até quando houver estoque e demanda. As principais necessidades são água mineral, roupa de cama, comida e produtos de higiene e limpeza. O ponto de entrega para doações é a Paróquia Nossa Senhora da Apresentação, em Irajá, ao lado do cemitério do bairro. Doações em dinheiro também podem ser feitas por meio da conta bancária da Cáritas Arquidiocesana (Bradesco / Agência 814-1 / conta-corrente 48500-4 / CNPJ 34.267.971/0001-14). A Igreja Nossa Senhora de Nazaré, onde as doações são distribuídas aos moradores, fica na Rua Guaiúba, 130, próximo ao metrô de Acari. Segundo o padre, a ação se estenderá nos próximos dias se houver demanda.
 
Fila de moradores de comunidade em Acari se formou em frente à igreja católica nesta terça-feira Divulgação
Cerca de 200 pessoas foram buscar ajuda em igreja em Acari nesta terça-feira Divulgação