Mais Lidas

Pandemia do egoísmo

Compra desenfreada por remédios e alimentos mostra falta de empatia de alguns durante crise

Com o avanço da Covid-19, o esvaziamento das ruas contrasta com farmácias e supermercados lotados, e as compras em massa esgotam estoques. O novo alvo é a hidroxicloroquina, medicamento que, segundo artigo publicado na revista Nature na última quarta-feira, poderia ser eficaz no combate ao novo coronavírus. A publicação revisou estudos de ensaios clínicos publicados na Chinese Clinical Trial Registry para uso do remédio na inibição do contágio pela Covid-19, mas a cura não foi confirmada e ainda é preciso realizar mais ensaios clínicos.

A hidroxicloroquina é recomendada para o tratamento de doenças como artrite, lúpus, doenças fotossensíveis e malária. Até o momento, não há comprovação científica da eficácia do medicamento no tratamento e na prevenção da Covid-19.

Na sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) enfatizou que o medicamento é sujeito à prescrição médica e não recomenda utilização em pacientes infectados, muito menos como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus, e determinou que a venda seja restrita.

Além disso, um estudo do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), avalia como "incerta" a eficácia e a segurança dos medicamentos em pacientes com Covid-19 e não recomenda o uso de rotina até que sejam devidamente avaliados seus efeitos. O uso da hidroxicloriquina no tratamento para o coronavírus também é criticado pela Apsen, fabricante do remédio.

O secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, alerta a população para não fazer automedicação de hidroxicloroquina, visto que ainda não há orientação formal para fazer o uso do medicamento contra o coronavírus.