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Agora é com o Teich

Bolsonaro usa caneta e novo ministro da Saúde diz que não tomará medidas bruscas

O presidente Bolsonaro apresentou o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, no Palácio do Planalto
O presidente Bolsonaro apresentou o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, no Palácio do Planalto -

'Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar". Foi com essas palavras que Luiz Henrique Mandetta anunciou, pelo Twitter, que estava demitido, ontem à tarde. Em seu lugar, Bolsonaro apresentou o médico oncologista e empresário Nelson Teich, pondo fim a semanas de desentendimentos com o agora ex-ministro, principalmente sobre o isolamento social, mas também sobre o uso da hidroxycloroquina, ainda sem comprovação científica, no tratamento do coronavírus.

Em sua primeira entrevista, Teich disse que não pretende fazer qualquer mudança brusca na política da saúde, mas defendeu o entendimento entre a sua área e a da economia sobre a melhor estratégia de combater a crise do coronavírus no país, afirmando estar em "alinhamento completo" com o presidente Bolsonaro.

"Saúde e economia, as duas coisas não competem entre si. Quando polariza, começa a tratar pessoas versus dinheiro, o bem versus o mal, emprego versus pessoas doentes", disse ainda o novo ministro, que também defendeu um amplo programa de testagem, bem como pesquisas com medicamentos e vacinas. "Tudo será de forma técnica e científica".

Novo '01' é médico e empresário

Nascido no Rio, em 1957, o médico e empresário do setor da saúde Nelson Luiz Sperle Teich é formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), com especialização em oncologia pelo Instituto Nacional do Câner (Inca). Em 2018, ele foi consultor da área da saúde na campanha presidencial de Jair Bolsonaro.

Teich é fundador do grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), que realiza pesquisas sobre o câncer, e é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos. Sua escolha foi considerada, no governo, uma vitória do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajgarten, e do empresário Meyer Nigri.

Panelaços no Rio e lamentações no Congresso

Logo após a demissão de Mandetta, vários bairros do Rio registraram panelaços. Protestos ocorreram em Botafogo, Copacabana, Laranjeiras, Jardim Botânico, Lapa, Grajaú, Tijuca, Cosme Velho, Flamengo, Glória e Santa Teresa. A hashtag #ForaBolsonaro chegou a ocupar o segundo lugar nos tópicos mais compartilhados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou: "A nossa homenagem à sua dedicação, ao seu trabalho, sua competência, sua capacidade. Mandetta deixa um legado". Vários partidos também emitiram notas, lamentando a demissão de Mandetta. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que o ministro foi demitido por fazer um bom trabalho. "Ser exonerado do cargo por Bolsonaro é ser 'absolvido pela história'", afirmou por sua vez o deputado federal Fábio Trad (PSD-MS), primo de Mandetta. "A saída do ministro representa uma enorme perda para o Brasil", disse o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).