O churrasco de domingo da família Mariano, que mora no alto da Rocinha, na Zona Sul do Rio, não será mais o mesmo. Os parentes terão que lidar com a ausência de Antônio Edson Mesquita Mariano, 67 anos, e Alexandre Moreira Mariano, 45 anos, pai e filho, vítimas da Covid-19 que morreram em intervalo de 15 dias. Mulher de Antônio e mãe de Alexandre, Maria Lucia Moreira Mariano também foi infectada, e está internada desde o dia 31 de março no Hospital Federal da Lagoa.
O caso da família Mariano ilustra o drama de moradores das favelas, onde o adensamento populacional, o déficit habitacional e a falta de infraestrutura sanitária impedem que o isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde seja cumprido de forma eficaz pelo moradores.
Segundo Antônio José Moreira Mariano, de 38 anos, filho mais novo de Antônio e Maria Lucia e irmão de Alexandre, a mãe já sabe que o marido não resistiu à doença, mas ainda não foi informada da morte do filho. As cinzas do companheiro de vida, com quem foi casada por 45 anos, estão guardadas em casa. A família espera que ela se recupere para a última despedida.
"Meu irmão foi internado um dia depois que minha mãe ficou no hospital. Ele passou por quinze dias no hospital e não teve melhoras e veio a óbito. Nesse tempo, minha mãe precisou ficar em coma induzido e, por isso, não sabe de muitas coisas que ocorreram aqui do lado de fora. A gente pretende contar tudo, mas é preciso aguardar que ela melhore. Vai ser dolorido, mas será necessário", explica o filho mais novo do casal.