Prece por colega

Profissionais de saúde do Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, fizeram uma homenagem ontem, na porta da unidad, ao técnico em enfermagem Jorge Logello, que morreu anteontem vítima da Covid-19. Apesar de diabético e hipertenso, o que o colocava em grupo de risco, ele não parou de trabalhar. Jorge Logello tinha 49 anos, era casado e deixa enteado e neto.

Muito emocionados, os colegas seguravam balões brancos e rezaram um Pai Nosso. E lembraram do colega como excelente profissional e grande amigo. "Ele era um colega maravilhoso, calmo, sempre com um sorriso no rosto, muito profissional. Foi uma perda que abalou todos os funcionários da unidade. Vai deixar saudade", conta um profissional do Miguel Couto, que preferiu não se identificar.

A técnica em enfermagem Nilcemar Melo, 56 anos, 27 deles como companheira de Jorge, diz que ele começou a sentir febre, tomou remédio e piorou no sábado. No domingo sentiu falta de ar, na madrugada de segunda foi levado ao hospital.

Quem trabalha no Miguel Couto relata que faltam equipamentos. "A situação é de medo. Não temos condição nenhuma de trabalho", conta uma profissional de saúde, que pediu anonimato por temer represálias. Ela diz que o clima de tensão e insegurança na unidade se agravou após a morte de Jorge Logello.