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Bichos sofrem com abandono

Problemas financeiros e isolamento reduzem casos de adoção e de oferta de ração nas ruas

No Campo de Santana, poucos voluntários ainda levam ração
No Campo de Santana, poucos voluntários ainda levam ração -
Entre os muitos problemas que a pandemia do coronavírus traz, está o abandono de animais. Andréa Lambert, que trabalha com resgate de gatos e cachorros em situação de rua no Rio, conta sobre os dramas que ela e colegas têm vivido. De acordo com os relatos, com o início da pandemia, o abandono de animais aumentou por motivos principalmente financeiros.
Andréa conta que a situação é uma "bola de neve". Ao perderem empregos ou terem reduções de salários, muitos não puderam mais doar dinheiro ou ração para a causa animal. Sem as doações, Andréa e os colegas não conseguem fazer os resgates, já que recuperar um animal da rua demanda espaço, vacinação, vermifugação e castração.
Mesmo assim, se um resgate é bem sucedido, a protetora conta que tem sido difícil encontrar famílias dispostas a arcar com uma doação, justamente pelas questões financeiras. Para além do dinheiro, as feiras de adoção nas praças Sáenz Peña e Afonso Pena, na Tijuca, que Andréa participava aos fins de semana, foram suspensas.
"Todos os eventos que fazíamos foram cancelados, eram 15 doações por fim de semana. Aumentou o abandono, porque as pessoas têm menos dinheiro, abaixou doação de ração e de remédio também. Uma coisa leva a outra, é muito mais difícil".
As zonas pouco residenciais da cidade, como o Centro, são mais favoráveis ao abandono. Na Saara, por exemplo, diversos gatos que viviam nas lojas estão pelas ruas, já que o comércio fechou. Em bairros com mais casas, alguns moradores ainda levam comida e água para os animais, mas em ritmo menor, de acordo com Andréa.
Em parceria com a deputada Rosane Felix (PSD), a protetora deu início a uma proposta de Projeto de Lei voltada para o momento específico de pandemia do novo coronavírus.
O projeto propõe um selo de compromisso com os animais para empresas da 'linha pet' que doarem para organizações sem fins lucrativos ligadas ao resgate e cuidados de cães e gatos.
"Tenho visto empresas que fazem doação durante a pandemia, além dos artistas que têm doado também. Senti falta das empresas que lucram com os animais. Eles não estão se sensibilizando com a questão", afirma.
Além disso, Andréa pede que haja maior mobilização do poder público, com equipes nas ruas para alimentação dos animais de rua.

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