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Lockdown: isolamento total divide especialistas e autoridades

Medida recomendada pela OMS ainda não é considerada por Crivella e Witzel

Hospital São José, em Caxias, foi reformado em 42 dias e começou ontem a atender casos de covid-19
Hospital São José, em Caxias, foi reformado em 42 dias e começou ontem a atender casos de covid-19 -

Uma das 'medidas não farmacológicas' recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate ao avanço do novo coronavírus, o chamado "lockdown" (isolamento total) divide opiniões entre autoridades e especialistas. Se, por um lado, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o governador Wilson Witzel descartam a medida, que aumenta as restrições de circulação, o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, define a estratégia como a única maneira de evitar "uma tragédia ainda maior". Opinião que é compartilhada por especialistas ouvidos pelo MEIA HORA.

"Frente aos números crescentes de internações, casos graves e mortes, esse tipo de conduta deve, sim, ser avaliado com bastante critério dentro de um olhar técnico. Isso vai amenizar a possibilidade de um caos maior", projeta o professor de infectologia da UFRJ Edmilson Migowski.

A opinião é compartilhada pelo médico emergencista e cirurgião Pedro Archer. Segundo o profissional, a medida drástica pode reduzir o drama dos profissionais de saúde na linha de frente do combate ao vírus: "Já é enorme a quantidade de profissionais da Saúde afastados pela covid-19. Se essa curva crescer, vai ser muito difícil termos os hospitais de campanha, e até mesmo os hospitais ordinários, em pleno funcionamento".

Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Alexandre Telles, embora a medida seja a mais indicada no momento, deve vir associada a medidas sociais e econômicas que beneficiem a população das favelas. "O Lockdown é uma alternativa importante. Entretanto, uma restrição que reprima mais a população vulnerável, nós não podemos aceitar. Essa estratégia tem que vir associada a medidas sociais e econômicas que resguardem essa população, para que de fato ela fique em casa", diz o especialista.


Falta de leitos

A falta de leitos para covid-19 já é uma realidade no Rio. Na rede estadual, somente os hospitais Zilda Arns, em Volta Redonda, no Sul Fluminense; e o de Campanha Lagoa-Barra, na Zona Sul, ainda têm leitos disponíveis. Na unidade do Sul do estado, as taxas de ocupação da UTI e enfermaria são de 86% e 85%, respectivamente. No hospital da capital, onde foram abertos 65 leitos, estão internados 60 pacientes.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, em toda a rede pública, há 363 suspeitos ou confirmados para a doença aguardando transferência para UTIs. O hospital do Maracanã, próximo a inaugurar, terá 400 vagas.

Pela rede municipal do Rio, já foram abertos 611 leitos, e a previsão é que de mais 400 no Hospital de Campanha do Riocentro, nos próximos dez dias, com a chegada de equipamentos vindos da China.

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