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Covid-19 mata também em casa

Cresce o número de mortos sem assistência

Um dado novo surge no panorama do coronavírus no Brasil. Além das mortes nos hospitais, o número de vítimas da Covid-19 é crescente nas residências. Segundo o Portal da Transparência de Registro Civil, a partir das declarações de óbito dos cartórios, entre 1º de março e 7 de maio de 2020, 2.987 pessoas morreram em casa por Covid-19, síndrome respiratória aguda grave ou insuficiência respiratória — média de 44 mortes por dia. No mesmo período do ano passado, foram 2.649 óbitos por síndrome respiratória aguda grave ou insuficiência respiratória. Só no Estado do Rio, foram 299 mortes em domicílio.

Os números na cidade do Rio também assustam: 170 vítimas suspeitas ou confirmadas de coronavírus morreram em casa, sem a chance de assistência médica. Para Alexandre Telles, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, a falta de leitos é um dos fatores do aumento. "A gente tem mais de 300 pessoas esperando leitos em UTIs no município. As pessoas voltam para casa e acabam piorando, porque o coronavírus tem a capacidade de descompensar o doente muito rápido", explica Telles.

A dificuldade de testar pacientes é outro fator que leva ao óbito em casa. "Tem gente que morre por causa de insuficiência respiratória e que a gente não está conseguindo contabilizar, porque os testes estão muito limitados."

A superlotação dos hospitais do Rio fez aumentar em 25% o número de óbitos em casa por causas naturais, sem qualquer relação com problemas respiratórios. De março a maio, 3.235 pessoas morreram sob a classificação "demais óbitos", contra 2.586 no mesmo período de 2019.