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Diretor com afinidade

Em depoimento, ex-chefe da PF disse que Bolsonaro avisou de exoneração a 'pedido'

Valeixo disse que foi consultado por ex-ministro Moro sobre troca do superintendente do Rio
Valeixo disse que foi consultado por ex-ministro Moro sobre troca do superintendente do Rio -

O delegado Maurício Valeixo, ex-chefe da Polícia Federal, afirmou ontem, em depoimento prestado na sede da corporação em Curitiba, que o presidente Jair Bolsonaro disse a ele que não tinha nada 'contra a sua pessoa', mas queria um diretor-geral com quem tivesse mais 'afinidade'. No depoimento, que durou mais de seis horas, o ex-diretor acrescentou que Bolsonaro telefonou para informar que a exoneração dele do cargo seria publicada no Diário Oficial "a pedido". Informou, no entanto, que não pediu para deixar a chefia da corporação e nunca formalizou a sua saída. Mas admitiu que estava cansado e se achava desgastado no cargo.

Valeixo também comentou a troca no comando da PF do Rio. Segundo ele, em agosto de 2019, o diretor Ricardo Saadi deixou o cargo. Ele era criticado publicamente por Bolsonaro.

Segundo Valeixo, em junho de 2019, ele foi consultado pelo então ministro da Justiça Sergio Moro sobre a possibilidade de troca do superintendente do Rio. O ex-diretor-geral disse que Bolsonaro nunca tratou diretamente com ele "sobre troca de superintendentes nem nunca pediu relatórios de inteligência". Valeixo negou que Bolsonaro tivesse solicitado informações sigilosas sobre inquéritos em andamento, mas citou pedidos de investigação sobre a facada contra o presidente e no inquérito do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ).

Ontem, também depuseram o delegado Ricardo Saadi e o diretor da Abin, Alexandre Ramagem. Hoje, haverá audiências no Palácio do Planalto de três ministros: Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).