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Wilson Witzel exonera secretário da Saúde

Edmar Santos deixou o governo após desgaste provocado por denúncias

Problemas na gestão das unidades de campanha acabaram custando o cargo de Edmar Santos
Problemas na gestão das unidades de campanha acabaram custando o cargo de Edmar Santos -
A crise na gestão da saúde fluminense ganhou protagonismo mesmo com o grave cenáriodapandemia. O governador Wilson Witzeldemitiu ontem Edmar Santos, secretário de Saúde do estado desde janeiro do ano passado. A decisão foi tomada 10 dias após a prisão de integrantes da secretaria, acusados pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) de irregularidades na compra emergencial de respiradores. Quem assume o cargo é o médico Fernando Ferry, diretor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>A demissão foi confirmada no fim da tarde de ontem. O governo, em nota, disse que Santos foi exonerado "por falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha para atender as vítimas da Covid-19". O agora ex-secretário vai dirigir uma comissão de notáveis no combate ao vírus.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>A Saúde do estado está em crise há um mês, período mais crítico até agora no combate à pandemia. No dia 20 de abril, Gustavo Borges substituiu Gabriell Neves na subsecretaria. No dia 7 de maio, os dois foram presos na operação do Ministério Público do Rio (MPRJ), que apontou um esquema de fraude para desviar recursos da compra de respiradores. O fato de ter substituído Neves por Gustavo Borges, outro acusado de irregularidade, aumentou o desgaste de Santos.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>Ontem, em uma espécie de despedida pelas redes sociais, Santos falou sobre os recuperados. "A cada dia cresce o número de recuperados da Covid-19 no RJ. São milhares de histórias que simbolizam esperança. No RJ, já são 17.557 pessoas recuperadas", escreveu.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>Fernando Ferry aceitou assumir o cargo após reunião com Witzel e o núcleo do governo na tarde de ontem, no Palácio Guanabara. Médico e diretor do Hospital Gaffrée e Guinle, da Unirio, Ferry é especialista no tratamento clínico da AIDS e foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em setembro de 2019, Ferry foi personagem na imprensa por dirigir uma ambulância para ajudar no socorro às vítimas do incêndio no Hospital Badim.

Witzel vai ter que se explicar ao STJ

O chefe do executivo fluminense afirmou que vai prestar esclarecimentos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre supostas citações de seu nome na reabilitação de uma empresa suspeita de ligação com irregularidades, incluindo na prestação de serviços no combate à covid-19.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>A investigação levou à prisão de vinte pessoas, acusadas de vantagens em contratos com a saúde fluminense, incluindo o empresário Mário Peixoto, cujas empresas prestam serviço para o governo desde o gestão de Sérgio Cabral.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>Peixoto firmou também contratos com a atual gestão no valor de R$ 130 milhões para fornecer mão de obra de limpeza e motoristas. Ele seria ainda ligado a uma empresa proibida pela justiça de prestar serviços por irregularidades em contratos. As citações ao governador, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ocorreram na reabilitação dessa empresa que tinha sido descredenciada por suspeitas de irregularidades e fraudes.
<pstyle:MATERIA:ct\_TEXTO>Grampos telefônicos autorizados pela justiça, a pedido do MPF, revelaram uma conversa com supostas citações ao chefe do executivo poucos dias antes da reabilitação da empresa. O recredenciamento foi autorizado neste ano. A citação suspeita contra Witzel foi encaminhada ao STJ, responsável por apurações contra gestores com foro privilegiado. Witzel enviou aos seus secretários um comunicado dizendo que serão "dias difíceis pela frente", mas reforçou que não tem qualquer envolvimento com irregularidades ou favorecimento à empresa e que tudo será esclarecido.

Projeto pede transparência

Em abril, a Alerj aprovou projeto de lei que obriga o estado a divulgar no Portal da Transparência detalhes dos contratos emergenciais durante a pandemia. Os dados deverão incluir nomes e CNPJ/CPF das partes. "Insumos comprados com superfaturamento de 200%, atraso na entrega dos hospitais de campanha, temos uma lista de ações e medidas que precisam ser acompanhadas e cobradas, a emergência não pode acobertar irregularidades", disse a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), uma das autoras do PL.

Especialistas avaliam Edmar

Sem emitir juízo de valor sobre as investigações, especialistas consideraram que Edmar Santos teve acertos. Para Chrystina Barros, especialista em gestão, ele articulou bem com as prefeituras e privilegiou a ciência em suas diretrizes. Mas, como gestor, ele responde pelos atos de sua equipe. Daniel Soranz, especialista em Saúde Pública, destacou a adoção do teleatendimento, mas criticou a montagem de hospitais de campanha enquanto há leitos fechados na rede pública.