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Padeiro solidário faz 'bico' para doar pães na Rocinha

Mesmo desempregado, padeiro Isael distribui alimento entre moradores

Morador da Rocinha, Isael Jacinto da Costa, de 52 anos, pensou em algo mais simples para ajudar os vizinhos: doar sacos de pães.
Morador da Rocinha, Isael Jacinto da Costa, de 52 anos, pensou em algo mais simples para ajudar os vizinhos: doar sacos de pães. -

Nem mesmo as dificuldades enfrentadas foram capazes de impedir a solidariedade do padeiro Isael Jacinto da Costa, de 52 anos, também conhecido como Michel. Desempregado e com seu cadastro do auxílio emergencial ainda em análise, Isael aproveita os "bicos" que arruma para fazer pães e doar para os moradores da comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio, onde vive.

O padeiro conta que às vezes falta o pão em casa para ele, seus três filhos e duas netas. Mas é a sua própria dificuldade que o motiva a ajudar o próximo.

"Teve um dia que um cara falou para mim que, antes de eu pensar em ajudar os outros, eu deveria me ajudar primeiro. Mas eu fico pensando que não posso parar de fazer isso, porque sei a felicidade das pessoas quando eu entrego uma simples sacola de pão. Aqui na minha casa, graças a Deus, o arroz e feijão não faltam, mas já aconteceu de me faltar pão. Semana passada mesmo eu fiquei dois dias sem pão. A dificuldade que tem na minha casa, tem às vezes até mais na casa das outras pessoas", diz, emocionado.

Isael conta que coloca seis ou sete pães em cada sacola e entrega uma por família. Até agora, ele já fez três doações nas localidades do Cesário e Macega. Para o próximo domingo, os planos são entregar o alimento até a Roupa Suja.

O maior sonho de Isael é montar um negócio próprio. "O meu sonho é ter uma padaria. E ele se torna ainda maior quando penso que poderia ajudar ainda mais pessoas", completa.

Prazer em ajudar o próximo

O padeiro Isael trabalha quando consegue fazer alguns bicos, que lhe rendem em média R$ 70. Ao começar o serviço, ele logo pede para poder fazer também uma fornada só para doação. Em uma ocasião, ele até já pagou pelo alimento extra, descontando de sua diária um saco de farinha de 25 quilos, que custa cerca de R$ 60.
 
"Já consegui fazer 200 pães. Na segunda vez, fiz 700. Eu faço pelo prazer, sei que as pessoas precisam. Nem todo mundo tem dinheiro para comprar um pão. Às vezes a pessoa até tem a sua carne, mas a criança, quando acorda, quer um pão, e os pais não têm dinheiro para comprar. As crianças ficam muito felizes", conta.