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Sem cultos presenciais

Justiça derruba decreto que permitia atividades religiosas no Rio em meio à pandemia

Na Ilha do Governador, religiosos oram do lado de fora de uma igreja para evitar aglomeração
Na Ilha do Governador, religiosos oram do lado de fora de uma igreja para evitar aglomeração -

Acionado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, o Tribunal de Justiça do estado suspendeu o decreto da Prefeitura do Rio que autorizava a realização de cultos religiosos com a presença de fiéis no município, em meio à pandemia da Covid-19. O juiz Bruno Bodart aceitou, ontem à noite, o argumento do MP de que o decreto do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) extrapola a "competência municipal e, ilegalmente, flexibiliza uma atividade que está vedada em âmbito estadual, como estratégia de combate à disseminação do novo coronavírus".

A Justiça deu também prazo de 10 dias para que a Prefeitura do Rio apresente uma "análise de impacto regulatório" sobre as medidas adotadas no Rio para o enfrentamento da pandemia. A decisão também determina que o município fiscalize o cumprimento da decisão de Bodart e se abstenha de adotar medidas que vão contra o estabelecido no âmbito estadual e federal no que que se refere ao enfrentamento do novo coronavírus.

Em sua argumentação, o MPRJ afirmou que o direito ao culto "em nenhum momento foi suprimido", já que seguidores das diferentes religiões vêm participando via internet.

Procurada, a Prefeitura do Rio informou que "igrejas e templos religiosos nunca estiveram fechados. O decreto veio apenas formalizar isso, visto que gerava dúvidas", e a Procuradoria Geral do Município está recorrendo da decisão.

 

Rio já ultrapassou a China

Após registrar casos do novo coronavírus em todos os municípios do estado, o Rio atingiu ontem a marca de 5.079 mortes pela Covid-19 e ultrapassou o número de óbitos em toda a China. O município de Trajano de Moraes, que tem menos de 11 mil habitantes, na Região Serrana, e até então era o único sem casos registrados, registrou o primeiro teste positivo da doença. Agora, o estado acumula 47.953 casos confirmados, sendo 3.067 desses registrados nas últimas 24 horas, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde.

Pesquisador defende 'quarentena inteligente'

A Fiocruz enviou, ontem, um ofício ao Ministério Público alertando sobre os perigos da flexibilização do isolamento social no estado, que poderia causar aumento de casos e mortes. Para o pesquisador da Fiocruz Daniel Soranz, três fatores precisam ser observados para uma possível retomada. Entre eles, o mapeamento de circulação do vírus, as condições da rede de saúde e a intensificação das medidas de higiene. Segundo ele, "a cidade do Rio apresenta um dos piores desempenhos contra o coronavírus, e não tem condições de relaxar neste momento".

Países como Argentina e Chile precisaram voltar atrás no afrouxamento, enquanto Paraguai e Uruguai demonstraram ótimo desempenho com a "quarentena inteligente". Para Soranz, o sucesso da retomada nos países vizinhos "se dá por uma boa consciência e liderança política".