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Medidas de urgência terminam no fim do ano, afirma Sachsida

O comentário surge em meio a pressões para que programas de transferência de renda sejam prorrogados

Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida
Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida -
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou ontem que "inevitavelmente" acabarão no fim deste ano as medidas tomadas pelo governo para combater os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus porque o País não pode transformar a crise "transitória em permanente".

O comentário surge em meio a pressões para que programas de transferência de renda, principalmente o auxílio emergencial de R$ 600, adotados pelo governo na crise, sejam prorrogados.

Sachsida afirmou ainda que, em 2020, o mecanismo do teto de gastos, que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, será preservado. "Passada a pandemia, vamos retomar a consolidação fiscal", afirmou. "O Brasil tem restrições fiscais claras. Não podemos sair gastando, porque depois a conta vem", afirmou. Sachsida disse que a "responsabilidade fiscal não é antagônica ao crescimento econômico".

Segundo ele, os programas de transferência de renda adotados até o momento também estão "funcionando bem", assim como as medidas voltadas para a manutenção de empregos nas empresas. Até ontem, quase 10 milhões de trabalhadores com carteira assinada já tinham sido cadastrados para receber uma compensação do governo porque tiveram contratos suspensos ou salários reduzidos por causa da pandemia.

Crédito

O secretário reconheceu, porém, que está faltando fazer o crédito chegar às micro e pequenas empresas no Brasil, neste período de crise. "A demanda por crédito aumentou muito, mas ele ainda está aumentando. Houve expansão real e sólida do crédito", defendeu Sachsida.

"Existem outras medidas que certamente vão sair. Vou deixar claro, essa é uma cobrança do ministro Paulo Guedes (da Economia), o crédito tem de chegar nas micro e pequenas empresas (PMEs). Estamos muito atentos a isso. Estamos trabalhando inclusive em um plano B e em um plano C", declarou. Segundo o secretário, com a crise, a qualidade de garantias de pequenas e micro empresas diminuiu, o que prejudica a tomada de crédito. "É natural que bancos tenham restrição em alguns empréstimos", afirmou.

"O desenho para mim é simples: é aparecer uma mensagem na maquininha de qualquer vendedor. Vem uma mensagem: ‘O senhor quer um mês de faturamento da sua empresa de crédito agora?’. Aperte 1 para ‘sim’ e 2 para ‘não’. Apertou 1, pimba, o dinheiro está na conta do cara. É assim, para mim, que se faz o crédito chegar na ponta", afirmou Sachsida.

O secretário ponderou, no entanto, que, na prática, as operações são mais complexas e os resultados, mesmo com três linhas voltadas para o segmento, estão aquém do prometido. "No caso de microempresas eu acho que devia ser 100% do Tesouro. No momento atual, qualquer risco para o banco levará a taxa de juros mais alta", disse.

Demanda

Ao discursar no mesmo evento virtual, o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Ribeiro Damaso, afirmou que a situação de micro, pequenas e médias empresas é "mais dramática" porque, segundo ele, a procura por crédito aumentou entre 200% e 300% nesses segmentos.